30 Outubro 2020
Católicos tem alertado ao Comitê Britânico sobre a Mudança Climática para que o aquecimento global seja levado mais a sério e que se invista mais eticamente.
A reportagem é de Ellen Teague, publicada por The Tablet, 29-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
John Selwyn Gummer disse que sente que a Igreja Católica na Inglaterra e País de Gales deveriam “cuidar da criação” mais seriamente, especialmente na próxima COP, que ocorrerá no ano que vem em Glasgow, Escócia.
Católico, também conhecido como Lord Deben, foi um importante parlamentar do Partido Conservador e também secretário do meio ambiente, disse que era “extremamente importante para a comunidade católico ser mais visibilizada e determinada sobre a urgência” da mudança climática.
Falando em um webinar sobre o impacto desses investimentos, com a participação de 240 pessoas, ele sente que algumas dioceses “não estão cumprindo com o que deveriam”.
Ainda, ele disse “que muitos bispos, eu acho, ainda não leram a Laudato Si’ e certamente não fazem o que eles deveriam fazer”. Ele aponta que apesar da “grande liderança” do papa Francisco, “alguns de nossos bispos não entenderam que a ameaça mais séria ao nosso mundo é uma questão moral”.
Sobre defesa da criação desde uma perspectiva de fé, ele espera que até a conferência COP26 de Glasgow, marcada para novembro de 2021, “nenhuma organização ou porta-voz da Igreja Católica não deixe de apresentar um posicionamento claro”.
Ele pediu para a Igreja dar “menos ênfase aos corpos e mais ao dinheiro” e a “olhar para os efeitos dos investimentos e tomar decisões com base nesses efeitos”.
A Dra. Gemma Simmonds, c.j., diretora do Instituto de Vida Religiosa da Universidade de Cambridge, deu uma perspectiva teológica sobre o investimento de impacto. Ela disse: “Precisamos pensar em nós mesmos como uma única família vivendo em uma casa comum”. Ela descreveu o investimento ético como “um imperativo global e uma resposta à nossa vocação batismal”. Ela destacou que o investimento ético está nos carismas de muitas ordens religiosas e o potencial de investimento deve ser usado para o bem.
O webinar, a segunda parte da série sobre o investimento católico para uma ecologia integral intitulada “Innovation in impact investing” (“Inovação em investimento de impacto”, em tradução livre) focou em como as organizações católicas podem fazer investimentos com impactos ambientais e sociais positivos. Os participantes incluíram provinciais, tesoureiros e outros membros de ordens religiosas católicas, curadores financeiros diocesanos e leigos. A Diocese de Arundel e Brighton estava representada, que está se desfazendo de combustíveis fósseis após cinco anos de campanha de ativistas pela justiça e pela paz. O primeiro webinar em setembro teve como foco o desinvestimento de combustíveis fósseis.
A série de webinars foi patrocinada pela Operação Noé, Cafod, Movimento Católico Global pelo Clima, a Catholic Impact Investing Collaborative, a Conferência dos Religiosos do Reino Unido, a Associação de Tesoureiros Provinciais, Trocaire, Rede Nacional de Justiça e Paz da Inglaterra e a Rede Nacional de Justiça e Paz da Escócia.
Neil Thorns, diretor de advocacy e comunicação da Cafod, falou sobre como o investimento de impacto tem permitido resultados de desenvolvimento no Sul global. Ele disse que “modela um futuro econômico diferente”. Ele destacou que a emergência climática atinge os mais pobres com mais força, e que “a recuperação verde e como o financiamento é usado terá o maior impacto sobre se permaneceremos em um mundo 1,5 °C mais quente”. Ele também pediu que a comunidade católica desempenhe um papel importante de defesa da crise climática junto a parlamentares individuais e ao governo do Reino Unido ao longo do ano.
A irmã Pat Daly, o.p., ex-diretora executiva da Tri-State Coalition for Responsible Investment, apresentou um estudo de caso de como 16 congregações religiosas dominicanas dos EUA colaboraram para lançar o Fundo de Soluções Climáticas. Ela disse: “Queríamos iniciar a jornada de investimento de impacto para que nossa organização servisse de modelo para os outros e ter certeza de que nossos esforços iriam mover o setor financeiro para um investimento sustentável”.
Shaun Cooper, chefe de finanças dos Missionários Franciscanos da Maternidade Divina e com sede em Guildford, compartilhou como a congregação assinou o Compromisso de Investimento de Impacto Católico em novembro de 2019, e que este foi o “primeiro passo positivo em nossa jornada de investimento de impacto”. As irmãs queriam que seu carisma se refletisse em tudo o que faziam, incluindo seus investimentos, e a Laudato Si’ as estimulou.
Victoria Carrion, diretora de membros e parcerias da Catholic Impact Investing Collaborative (CIIC), convidou dioceses católicas, ordens religiosas e outras organizações a considerarem a assinatura do Compromisso Católico de Investimento de Impacto. O CIIC foi lançado em outubro de 2019, com o objetivo de desenvolver uma comunidade de investidores que busca investimentos de impacto para servir ao bem comum. O dinheiro arrecadado apoia projetos florestais, energias renováveis, habitação social e empregos.
James Buchanan, gerente de campanha da Bright Now na Operação Noé, disse: “Ficamos muito satisfeitos em ver o interesse e o envolvimento no investimento de impacto entre as organizações católicas”. Ele acrescentou: “A mensagem clara do webinar foi que as instituições católicas e outras instituições religiosas têm um papel fundamental a desempenhar no investimento em soluções para a crise climática”.
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Católicos urgem para que a mudança climática seja levada mais a sério - Instituto Humanitas Unisinos - IHU