A Lua está enferrujando e é culpa da Terra e da nossa Estrela. Esta é a hipótese surpreendente de um novo estudo liderado pela UH Mānoa School of Ocean and Earth Science and Technology do Havaí e publicada na Science Advances. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão ao identificar – pela primeira vez – vestígios de hematita na Lua. A hematita é um mineral composto por ferro e oxigênio e possui uma cor avermelhada. Para poder se formar, o ferro precisa de oxigênio. No nosso planeta a formação de hematita é bastante comum, mas na Lua os cientistas não esperavam nada parecido. Embora traços de oxigênio tenham sido encontrados em nosso satélite presente no regolito lunar, ou seja, na poeira que cobre as rochas da superfície do satélite, nunca se viu a presença de ferro oxidado, nem mesmo nos mais de 200 quilos de amostras trazidas à Terra pelas missões Apollo.

A reportagem é de Luigi Bignami, publicada por Business Insider, 09-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Mas o trabalho dos pesquisadores afirma que ferro oxidado, ou se quisermos uma camada de ferrugem, certamente existe, sem dúvida. Isso teria sido demonstrado pelos dados coletados pelo Moon Mineralogy Mapper (M3), um instrumento do Jet Propulsion Laboratory da NASA colocado a bordo da missão indiana Chandrayaan-1. Shuai Li, chefe de pesquisa, explica: “Quando examinamos os dados do M3 nas regiões polares, descobrimos algumas características espectrais (ou seja, emissões de luz) que eram diferentes daquelas que vemos em latitudes baixas ou nas amostras da Apollo. Após meses de pesquisa, percebemos que estávamos olhando para a assinatura da hematita”. Apenas dois anos atrás, Shuai Li encontrou a confirmação da presença de água congelada nos polos da Lua. A nova descoberta torna os polos lunares áreas de grande interesse científico.

A pergunta que Li e seus colegas se fizeram é como foi possível que a Lua tenha enferrujado. Bem, de acordo com eles, a Terra teria "enferrujado" os polos lunares. “Segundo nossos dados – explica Li – a hematita lunar foi formada a partir da oxidação do ferro presente na superfície da Lua pelo oxigênio presente na alta atmosfera da Terra. De fato, nos últimos bilhões de anos, o oxigênio foi levado pelo vento solar para a superfície lunar, quando a Lua estava na cauda magnética da Terra”.

Uma hipótese que no momento não encontrou nenhum ponto fraco, mas para ter certeza será necessário ter amostras lunares retiradas justamente dos polos. É por isso que se olha com grande interesse para as próximas missões lunares que trarão amostras desses lugares: primeiro, a missão chinesa Chang'è 5 que parte no final deste ano e depois todo o Programa Artemis da NASA que planeja pousar mulheres e homens exatamente na proximidade do Polo Sul.

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