Líderes religiosos compartilham suas reflexões espirituais sobre a pandemia

Antje Jackelén recebendo o papa Francisco em Lund, Suécia, no Dia da Reforma Protestante, 2016. Foto: Mikael Ringlander | Universität Greifswald

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10 Julho 2020

O Papa Francisco e a arcebispa sueca Antje Jackelén fazem parte do projeto inter-religioso “Coronaspection”.

A reportagem é da Federação Luterana Mundial, 07-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A arcebispa Antje Jackelén, da Igreja da Suécia, é uma das várias dezenas de lideranças de diversas tradições religiosas que ofereceram suas reflexões pessoais sobre a pandemia do coronavírus como parte de um projeto online pioneiro organizado pelo Elijah Interfaith Institute.

Fundado no fim dos anos 1990, o instituto reúne líderes judeus, cristãos, muçulmanos, budistas, hindus, sikh e bahai para construir amizades e compartilhar os ricos recursos espirituais das suas várias tradições religiosas.

Como parte da missão do instituto de se engajar com questões contemporâneas prementes, o projeto “Coronaspection” se propõe a explorar muitas das questões inquietantes trazidas fortemente à tona pela pandemia mortal e pelo consequente confinamento da vida “normal” nos países do mundo inteiro.

Teólogos, professores, pregadores e líderes falam abertamente sobre os seus sentimentos de medo, frustração, dor e sofrimento, assim como sobre as formas que eles aprenderam para lidar com as súbitas e dramáticas mudanças na vida pessoal e comunitária.

O diretor e fundador do instituto, rabino Alon Goshen-Gottstein, é amigo de longa data de muitas das pessoas presentes no projeto e realiza a maioria das entrevistas online. Outros, como o Papa Francisco ou o Patriarca Ortodoxo Daniel, da Romênia, compartilham esperanças e pensamentos sobre a crise através de sermões ou reflexões gravadas.

Junto com as entrevistas completas no YouTube, o site também oferece pequenas “joias de sabedoria” de cada orador e uma lista de textos e biografias.

Superar a ansiedade e o medo

Em sua conversa com o rabino Alon, a arcebispa Jackelén, que atua como vice-presidente da Federação Luterana Mundial para a região nórdica, reflete sobre como a pandemia provocou profunda ansiedade e incerteza na sociedade sueca. Embora superficialmente se trate de um país muito secularizado, ela diz que, “se você arranhar um pouco a superfície, encontrará fome e sede” de reflexões espirituais que possam ajudar as pessoas a lidar com seus medos em relação ao futuro neste momento.

“As respostas que podemos oferecer [...] estão fundamentadas na nossa tradição de fé”, continua ela, mas não devem necessariamente ser formuladas em “uma linguagem teologicamente exclusiva”. Comparando o medo dos discípulos, isolados e sozinhos no sábado de Páscoa, com as ansiedades das pessoas em quarentena pelo coronavírus, ela diz que o principal desafio para a Igreja é ajudar as pessoas a se adaptarem e encontrarem coragem para responder à crise de formas positivas e criativas.

A líder luterana fala do “poder transformador da oração” e da necessidade de “cultivar a resiliência espiritual”, em vez de projetar ansiedades e temores sobre os outros. A prática da oração, diz ela, é uma maneira poderosa para “ampliar os nossos horizontes”, “encontrar uma nova coragem” e “chegar a uma mudança de perspectiva sobre as questões”.

A sabedoria espiritual, insiste ela, sempre nos encorajará a “cuidar dos mais vulneráveis a e reconhecer que a crise que experimentamos é diferente daquela em países onde você não tem sequer sabonete ou álcool em gel”.

Observando que a pandemia suscitou reflexões teológicas importantes e novas sobre a natureza do mal, o pecado pessoal e estrutural, e os limites do livre arbítrio, a arcebispa Jackelén expressa esperança de que as pessoas saiam da crise com novas e poderosas intuições e “um novo senso de proporção”, particularmente em relação à crise climática.

“A Igreja deve ser uma voz de esperança e de oração”, conclui ela, “um lugar para acolher a ansiedade e a aflição” e “uma fonte de inspiração para uma boa ação moral”, ajudando a transformar a ansiedade em amor ao próximo e cuidado da criação.

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