Cavaleiros de Colombo de Washington criticam visita de Trump a santuário nacional

Foto: Robert F. Farmer/Creative Commons

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06 Junho 2020

Um capítulo local dos Cavaleiros de Colombo, em Washington, composto por católicos negros, denunciou a recente visita do presidente Donald Trump ao Santuário Nacional São João Paulo II. A visita de Trump ocorreu no contexto dos protestos do movimento Black Lives Matter em todo o país.

A reportagem é de Sarah Salvadore, publicada em National Catholic Reporter, 05-06-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O grão-cavaleiro dos Cavaleiros de Colombo da Igreja Católica de Santo Agostinho disse que o capítulo “apoia totalmente o arcebispo Gregory” e sua declaração à mídia.

O arcebispo Wilton Gregory foi nomeado em 2019, depois de servir como arcebispo de Atlanta desde 2005.

“Não fomos notificados de que o presidente passaria pelo Santuário João Paulo II. A única vez que soube disso foi quando vi a declaração do arcebispo Gregory. Dou total apoio ao arcebispo Gregory e ao nosso pároco, padre Pat”, disse Anthony H. Bigesby, grão-cavaleiro do Conselho Santo Agostinho.

O Santuário João Paulo II pertence e é administrado pelos Cavaleiros de Colombo, que mais tarde divulgaram um comunicado dizendo que a viagem havia sido planejada meses atrás, e que Trump estava originalmente programado a “assinar uma ordem executiva sobre a liberdade religiosa internacional”.

O Pe. Pat Smith, pároco da Santo Agostinho, disse que, embora os Cavaleiros de Colombo sejam uma organização fraterna independente, eles “fazem parte do ensino e da teologia” da Igreja Católica.

“A definição tradicional de sacramento é de um sinal exterior instituído por Cristo para conceder a graça. As instituições e grupos católicos são uma realidade visível desse sinal. Se o seu objetivo é se ver como um sinal instituído por Cristo, então é desconcertante ver o presidente dos Estados Unidos usar a sua instituição como um pano de fundo político. É repreensível e simplesmente indesculpável”, disse Smith ao NCR.

Trump e a primeira-dama, Melania Trump, visitaram o Santuário Nacional São João Paulo II no dia 2 de junho, um dia depois da sua polêmica aparição na Igreja Episcopal de São João, em frente à Casa Branca.

A polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes do Lafayette Park no dia 1º de junho, antes de Trump, acompanhado pelos seus assessores, caminhar até a Igreja de São João e posar para fotos, segurando uma Bíblia. A polícia também removeu à força o Rev. Gini Gerbasi do terreno da igreja antes da visita de Trump.

A comunidade da Igreja Católica de Santo Agostinho é composta predominantemente por afro-americanos. Ela foi fundada em 1858. Seu conselho dos Cavaleiros de Colombo foi fundado em 2014.

A liderança do santuário disse que a visita de Trump “foi apropriada, pois São João Paulo II foi um incansável defensor da liberdade religiosa em todo o seu pontificado”. Eles disseram que o santuário acolhe “todas as pessoas que vêm para rezar e aprender sobre o legado de São João Paulo II”.

“Como padre católico negro há quase 30 anos, não há forma melhor de me dizer que eu não importo e que os telefonemas e o consentimento das pessoas, à luz do que está acontecendo, não importam”, disse. Smith.

Manifestações eclodiram em todo o país depois que George Floyd, um homem negro de 46 anos, morreu sob custódia da polícia de Minneapolis no dia 25 de maio, enquanto o ex-oficial Derek Chauvin se ajoelhou em cima do seu pescoço, e um transeunte gravou o incidente em vídeo.

No dia 3 de junho, Chauvin foi acusado de assassinato em segundo grau, e três outros ex-policiais no local foram acusados de ajudar e favorecer o assassinato em segundo grau e de ajudar e favorecer o homicídio culposo em segundo grau.

O Dr. Edward Anthony Rankin, paroquiano da Santo Agostinho e membro dos Cavaleiros de Colombo, disse estar decepcionado com a organização.

Recordando o histórico de racismo de Trump, ele disse: “Alguns anos atrás, o presidente Trump se referiu a Colin Kaepernick com um termo depreciativo por protestar pacificamente. Eu não posso falar sobre o direito que ele tinha de ir lá, mas usar o santuário como pano de fundo não é algo que eu possa desculpar”.

Agradecendo ao arcebispo de Washington pela sua declaração, Rankin disse que, sem ele, a comunidade negra católica “não teria voz”.

“Graças a Deus pelo arcebispo Gregory, que acaba sendo uma minoria e o primeiro arcebispo afro-americano na região de Washington. Eu suspeito que, se ele não estivesse aqui, talvez não teríamos essa voz”, disse Rankin.

“Eu rezo para que o protesto nunca acabe enquanto não aprendermos com ele. Só temos paz quando fazemos justiça”, disse Smith.

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