28 Mai 2020
Recomendação para que despedida fosse feita perto dos entes queridos partiu do Ministério Público Federal (MPF). Liderança indígena Gumercindo Karitiana tinha 66 anos.
A reportagem é publicada por G1 e reproduzida por Amazônia.org, 27-05-2020.
O corpo do líder indígena Gumercindo da Silva Karitiana, que morreu com o novo coronavírus, foi enterrado na aldeia onde vivia. A informação foi confirmada na noite desta terça-feira (26) por Elivar Karitiana, sobrinho de Gumercindo e vice-presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi).
A recomendação para que a despedida fosse feita perto dos entes queridos partiu do Ministério Público Federal (MPF), destinada ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Porto Velho, além da prefeitura da capital.
Gumercindo da Silva Karitiana é o primeiro
indígena a morrer com Covid-19 em
Rondônia. (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Gumercindo foi diagnosticado com o vírus Sars-Cov-2 e morreu na noite da última segunda-feira (25), sendo o primeiro indígena a morrer com a doença no estado. O corpo foi levado na tarde desta terça-feira (26) à aldeia Karitiana Central, do povo Karitiana. O motivo da recomendação é em respeito aos costumes e às tradições dos povos indígenas.
“O Ministério Público entende que a nossa constituição estabeleceu valores e direitos às comunidades indígenas, principalmente a respeito das suas tradições, que tem que ser respeitadas. Então toda a forma de compatibilizar a vida, a segurança e a integridade das pessoas com esses costumes e tradições, a constituição federal permite que seja feita essa ponderação, essa conciliação harmônica de interesses”, disse Gisele Bleggi, procuradora da República.
Apesar da recomendação, o MPF solicitou que sejam seguidas as regras de segurança contra a proliferação da Covid-19 das autoridades de saúde, como por exemplo, sem velório e que a urna permaneça fechada, além de não ter a participação de pessoas consideradas do grupo de risco e sob o uso de máscara e álcool em gel.
Segundo o DSEI, há outros sete indígenas também do povo Karitiana com Covid-19. Dois seguem internados nos leitos clínicos do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) e se recuperam bem da doença. Os outros cinco têm sintomas mais leves estão isolados na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) em Porto Velho. Há também cinco indígenas com suspeita em Ji-Paraná.
O DSEI informou que há 13 mil indígena sob seus cuidados e de cinco municípios: Porto Velho, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Jaru e Alta Floresta.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) respondeu, em nota, que em nenhum momento a instituição se eximiu de qualquer obrigação legal de proteção dos direitos dos povos indígenas. A Funai atua em Rondônia por meio das coordenadorias regionais de Ji-Paraná, Guajará-Mirim e Cacoal.
A fundação disse também que faz barreiras sanitárias nos acessos às terras indígenas e que a entrada nos povos estão suspensas por tempo indeterminado.
Rondônia registrou nesta terça-feira (26) mais 12 mortes devido ao novo coronavírus. O total de casos confirmados chegou a 3.493, sendo 226 a mais que o balanço da última segunda-feira (25). Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e o Ministério da Saúde.
Os 226 novos casos de Covid-19 em Rondônia foram confirmados em: 149 em Porto Velho, 21 em São Miguel do Guaporé, 15 em Ariquemes, 6 em Buritis, 6 em Candeias do Jamari, 6 em Jaru, 5 em Guajará-Mirim, 3 em Cacoal, 3 em Nova Mamoré, 3 em Rolim de Moura, 3 em Vilhena, 1 em Alto Paraíso, 1 em Cacaulândia, 1 em Espigão do Oeste, 1 em Ji-Paraná, 1 em Presidente Médici e 1 em Theobroma.
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Corpo do 1º indígena que morreu com novo coronavírus em RO é enterrado na aldeia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU