07 Abril 2020
A futura padroeira da Europa, Edith Stein, em abril de 1915, é uma jovem enfermeira voluntária que ajuda os infectados no hospital de Mährisch-Weisskirchen, na Morávia. São soldados doentes de tifo e cólera. Todos os povos estão representados - ela escreveu para sua mãe -: alemães, tchecos, eslovacos, húngaros, eslovenos, romenos, poloneses, italianos, rutenos; também há alguns ciganos e de vez em quando chega um russo ou um turco”. Ela os lava, cuida, escuta. Ela se identifica na dor do outro, seja quem for.
A reportagem é de Vincenzo Passerini, publicado por Trentino, 06-04-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nascida em 12 de outubro de 1891 em Breslavia, então Alemanha, hoje Polônia, em uma família judia observante, Edith Stein, muito inteligente e rebelde, largou o ginásio, a família e a fé judaica. Ela se tornou ateia. Cursou várias disciplinas universitárias. Foi a Göttingen para estudar filosofia, a única mulher, com o grande Edmund Husserl, com quem fez uma tese sobre a empatia e ele a escolheu como assistente.
Pelo fato de ser mulher foi impedida de seguir carreira acadêmica, e foi embora. Ensinou em um instituto de magistério. O valor de suas publicações filosóficas e seu engajamento em promover o papel igualitário para as mulheres na sociedade a elevaram à atenção da Europa.
Foi convidada em muitas capitais. Sempre em busca da verdade, a encontrou no catolicismo e se manteve ali, sem deixar o judaísmo. Em 1933, ela se tornou uma carmelita descalça no mosteiro de Colônia. No mesmo ano, após a ascensão de Hitler ao poder, ela escreveu uma carta dramática ao papa Pio XI e pediu que ele levantasse a voz contra o nazismo:
"Há semanas, somos espectadores na Alemanha de eventos que envolvem um total desprezo pela justiça e pela humanidade, para não mencionar o amor ao próximo .... Tudo o que aconteceu e o que acontece diariamente vem de um governo que se define "cristão" ... Essa guerra de extermínio contra o sangue judeu não é um ultraje à santíssima humanidade do nosso Salvador? Não apenas os judeus, mas também milhares de fiéis católicos da Alemanha e, creio, de todo o mundo há semanas esperam e aguardam que a Igreja de Cristo faça sua voz ser ouvida contra tal abuso do nome de Cristo".
Nenhum resultado. Refugiando-se com sua irmã Rosa, também carmelita, no convento de Echt, na Holanda, ela não escapou da deportação. Morreu em uma câmara de gás em Auschwitz em 9 de agosto de 1942.
João Paulo II em 1998 a proclamou santa e padroeira da Europa, junto com Santa Caterina da Siena e Santa Brígida. A católica que permaneceu judia havia dito à irmã na época da deportação: "Venha Rosa, vamos morrer pelo nosso povo".
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Edith Stein, o sacrifício pelo povo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU