15 Outubro 2019
Ao comemorar seu quinquagésimo aniversário, o hegemônico prêmio do Banco da Suécia está sob intensa crítica, e as alternativas estão se multiplicando.
A reportagem é de Christian Chavagneux, publicada por Alternatives Économiques, 14-10-2019. A tradução é de André Langer.
Neste dia 14 de outubro de 2019, o Banco da Suécia apresentou pela quinquagésima vez seu prêmio para celebrar o trabalho dos economistas. Na verdade, é um banco central que concede esse prêmio, e não o Comitê Nobel: o industrial nunca deixou um centavo para celebrar essa ciência social. É hora de retornar às origens dessa recompensa, realizada por economistas liberais, comprada pelo Banco da Suécia e destinada a conferir um status de cientificidade aos economistas.
O especialista em história das ideias econômicas Gilles Dostaler detalhou o ato de violência intelectual que representou a criação do prêmio destinado a marcar o tricentenário da criação do Banco da Suécia.
Um livro notável, The Nobel Factor, de Avner Offer e Gabriel Söderberg, publicado em 2016, detalhou a estratégia contundente e a pressão política exercida pelo banco central para poder conceder seu prêmio simultaneamente aos Prêmios Nobel.
A recompensa é objeto de críticas recorrentes. Em 2004, o principal jornal sueco alegou que o prêmio em economia diminui o valor dos Prêmios Nobel. Em 2007, o economista Nassim Nicholas Taleb denuncia vigorosamente um prêmio que, pelo menos no campo das finanças de que ele é um especialista, permite aos economistas serem levados a sério pelas pessoas, enquanto seus trabalhos são “pseudociência”. Em outubro de 2015, um membro da Academia Real de Ciências da Suécia pediu a supressão do prêmio. Peter Nobel, o descendente da família, rejeitou publicamente o fato de associar o nome de seu ancestral a uma recompensa para economistas.
Faz quase vinte anos que a Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, concede um prêmio alternativo, o Prêmio Leontief, que goza de boa reputação entre os economistas heterodoxos. Em 2019, um novo prêmio é criado na Europa, intitulado Not the Nobel Prize, destinado, ao contrário do prêmio oficial, a apoiar o pluralismo na economia. Foi entregue em 3 de outubro a Mariana Mazzucato por seu trabalho sobre o papel do Estado na economia.
Por que essas propostas alternativas? Porque as estatísticas falam por si. Você sabe quantas vezes as palavras “desigualdade” e “crise” foram usadas para justificar a entrega do Prêmio do Banco da Suécia em cinquenta anos? Nenhuma! “Pobreza” e “clima”? Uma única vez e mais uma vez em 2019 com os novos laureados, incluindo a francesa Esther Duflo. O número de mulheres que foram recompensadas? Duas. A idade média dos laureados? 69 anos.
Portanto, se você acha que um bom trabalho em economia, útil para a sociedade, não vem necessariamente de um homem branco velho oriundo do mainstream, é hora de procurar outro lugar que não seja o prêmio do Banco da Suécia!
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Um prêmio “Nobel” de economia cada vez mais contestado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU