30 Setembro 2019
"Nossa casa está pegando fogo", é o grito profético que Greta Thunberg nos repete constantemente e atinge diretamente nosso coração, sem esquecer o forte apelo à ciência. Não é uma metáfora, mas um alarme inquietante que nos faz sentir em perigo, justamente porque ameaça a nossa casa, o lugar onde nos sentimos protegidos e seguros. É por isso que o seu grito de alarme provoca tanto consenso entre os jovens que ainda não construíram sua própria casa, enquanto nos adultos provoca ironias e repulsas porque toca na sensação de segurança pessoal. Como pode uma garota ter a pretensão de acusar o mundo dos adultos de serem surdos e cegos às mudanças climáticas que estão alterando profundamente o habitat terrestre.
O comentário é de Massimo Ammaniti, professor de Developmental Psychopathology, no Departamento de Psicologia e Dinâmica Clínica da Universidade La Sapienza, Roma, publicado por Corriere della Sera, 27-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas de quem vem esse grito profético? Ela é uma jovem sueca com um rosto difícil de decifrar, pouco desenvolvida fisicamente e que não exibe os comportamentos convencionais dos adolescentes, camisetas, tênis de marca, tatuagens. Bastava vê-la enquanto falava sobre as mudanças climáticas nas Nações Unidas, uma longa trança no ombro esquerdo, um estilo antiquado que nenhuma garota de sua idade sonharia exibir e uma camisa vermelha com preguinhas, também um tanto fora de moda. Mas seu discurso era quase magnético, dois olhos severos, um tom de voz decidido e acusatório que de vez em quando se quebrava, dando lugar às emoções e ao choro reprimido, incomum nos que sofrem da síndrome de Asperger. Greta é uma figura arquetípica antiga fora do tempo que nos leva de volta aos grandes dramas humanos das tragédias gregas, uma Antígona que luta contra o cinismo e as leis dos adultos, emblematicamente representados pela figura de Trump, pomposo em sua aparência corpulenta e seus cabelos oxigenados.
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Greta, uma Antígona que luta contra as leis dos adultos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU