28 Agosto 2019
Este ano, na África Central e Ocidental, quase dois milhões de crianças não poderão voltar à escola, juntando-se a um total regional de mais de 40 milhões de crianças privadas de direitos à educação. O alarme foi lançado na sexta-feira com a publicação do novo relatório da UNICEF, "Education Under Threat in West and Central Africa" ("Educação Ameaçada na África Ocidental e Central"), que denunciou o aumento de ataques violentos dirigidos às escolas.
A informação foi publicada por L'Osservatore Romano, 27/28-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Segundo a agência das Nações Unidas, este ano fecharam mais de nove mil escolas, um número três vezes maior em relação aos números de 2017. No Mali, Burkina Faso e Níger, onde os ataques às escolas dobraram, o aumento registrado nos últimos dois anos é superior de seis vezes. Além disso, o relatório aponta que um quarto dos 742 ataques a escolas em 2019 ocorreu em cinco países da região.
Os dados da UNICEF são inequívocos: os ataques, diretamente responsáveis por mais da metade dos fechamentos dos institutos, "não são aleatórios", mas são realizados por "facções armadas" em oposição a uma educação muitas vezes percebida com hostilidade por ser de tipo "ocidental".
Muzoon Almellehan, a jovem refugiada embaixadora da UNICEF, lembrou que tais ameaças à educação podem levar à perda de referências fortes, que as crianças podem opor à sua exploração, como os "casamentos forçados ou recrutamento por parte de extremistas". Almellehan voltou recentemente de uma visita ao Mali com a vice-diretora do UNICEF, onde verificou essas experiências.
A agência da ONU, no entanto, conseguiu implementar, em cooperação com as autoridades locais, modelos educacionais alternativos, orientados para a inclusão e acessibilidade da educação, particularmente durante períodos de conflito. Em várias escolas corânicas na Nigéria, por exemplo, aos programas religiosos foram incorporados cursos de alfabetização e cálculo; enquanto em diferentes áreas de conflito da região, os cursos básicos são transmitidos às crianças por rádio. Além disso, muitas crianças recebem assistência psicossocial, comunicações de atendimento salva-vidas por telefone e cursos de treinamento para a prevenção da violências e discriminações sexuais.
Mas esses esforços exigem mais fundos. Os inovadores programas de emergência exigem um total de 221 milhões de dólares, em comparação com o 30% investidos. O déficit, segundo o relatório, está entre os mais altos do mundo para a educação e "bloqueia um caminho de eficácia comprovada para o fim da pobreza e para a construção da paz". O UNICEF pediu aos governos internacionais e às forças armadas que tomem nota dessa calamidade e ponham fim aos ataques e ameaças dirigidos às escolas, seus alunos e funcionários na África Ocidental e Central.
Para os vários governos, a agência lançou um convite, "agora, mais do que nunca, deve-se reafirmar o compromisso com a educação e proteger os fundos para a educação e para os cidadãos mais jovens".
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Dramático relatório do Unicef. Quase dois milhões de crianças na África não poderão voltar à escola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU