A lição da economista do Papa entre desenvolvimento, responsabilidade e ecologia

Alessandra Smerilli | Foto: Vatican Media

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23 Mai 2019

Desmantela os princípios nos quais se baseiam os atuais modelos econômicos, declina aquela “ecologia integral para um novo desenvolvimento” profetizada pelo Papa Francisco no encíclica Laudato Si’ e promove uma atenção renovada para o crescimento sustentável e o bem-estar das pessoas. Chamando todos a fazer sua parte. Sorridente, às vezes emocionada, a economista do Papa encanta a plateia da Spisa, a escola de especialização em administração pública da Universidade. Irmã Alessandra Smerilli, religiosa das Filhas de Maria Auxiliadora, salesiana de Dom Bosco, professora de Economia Política na Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium de Roma, recentemente nomeada por Bergoglio Conselheira de Estado, foi convidada para a cerimônia de encerramento do Mestrado em Juristas, consultores e profissionais de empresa dirigido por Carlo Bottari.

A reportagem é publicada por Corriere dela Sera, 21-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Uma plateia de exceção para ouvi-la

Para ouvi-la na última terça-feira estava presenta uma plateia de peso, muitos professores e alunos, mas também nomes famosos das finanças e da política. Desde Romano Prodi, com sua esposa Flavia, ao banqueiro Gianguidio Sacchi Morsiani, dos ex-ministros Piero Gnudi e Gian Luca Galletti a Pier Ferdinando Casini, a ex-vice-prefeita Silvia Giannini, o assessor da prefeitura Davide Conte, os juristas Marco Cammelli e Stefano Canestrari, o presidente dos advogados Giovanni Berti Arnoaldi Veli e várias outras personalidades.

A carreira de "economista"

Economista por acaso ("Eu nunca quis estudar economia - confessa – quem me pediu isso foi minha superiora, muito esclarecida, dizendo-me, e era 1997, que um dia ela precisaria de pessoas preparadas nesta matéria"), a irmã Alessandra conta que escolheu um ensaio de Romano Prodi para ler para se tranquilizar enquanto aguardava um exame. Então ela se apaixonou e continuou a aprofundar a matéria com doutorados no exterior, onde agora atua como professora visitante em algumas universidades.

"Para nós, economistas, é um momento complicado - ela explica - tanto porque muito do que se pensava não funciona e no horizonte ainda não há nada a propor. Precisamos nos deixar provocar pelos jovens, eles demonstraram ter ideias claras”. E lembra o encontro que o Papa está programando para março de 2020, em Assis, com jovens empresários e estudantes de economia, justamente para refletir sobre novos modelos de desenvolvimento econômico. Ela cita estatísticas e apresenta gráficos para mostrar os efeitos nefastos dos modelos atuais e bate no "princípio da não-saciedade, aquele pelo qual ter dois pares de sapatos é melhor do que ter um, usado como postulado".

Indicadores econômicos e textos sagrados

Ela retoma as indicações contidas na Laudato Si’ e os 17 indicadores para o desenvolvimento sustentável, insistindo na necessidade de que cada um faça a sua parte. "Cada um de nós pode fazer muito - explica - se direcionarmos nossos consumos em determinadas direções gerando uma massa crítica, as empresas serão forçadas a levar isso em conta e mudar. E também podemos decidir o que nossas economias devem financiar. Assim promovemos um desenvolvimento diferente". Conclui citando o abade Antonio Genovesi, o primeiro catedrático de economia, "toda política, toda economia que não for baseada na justiça, nas virtudes e na honra destrói a si mesma". Aplausos.

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