07 Junho 2018
Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) abandonaram três meses de estudos sobre as propriedades anestésicas do jambu porque uma patente registrada nos Estados Unidos os impedia de lançar no mercado uma pomada bucal de uso odontológico. As pesquisas realizadas eram com a substância spilantol, presente no jambu, vegetal usado na culinária amazônica como ingrediente do tacacá e pato no tucupi, por exemplo.
A reportagem foi publicada por Portal do Holanda, 06-062018.
Segundo informações obtidas no departamento de Fisiologia Humana da Ufam, o jambu – planta típica de regiões de trópico úmido – não existe nos Estados Unidos (EUA). Mesmo assim, nos sites de patentes encontraram 15 delas registradas nos Estados Unidos e 34 na Europa.
A substância spilantol é descrita nessas patentes como apropriadas para uso anestésico, antisséptico e ginecológico e vendida no mercado até mesmo como cosméticos. Ou seja, os estudos que descreviam a tecnologia e destinação dos pesquisadores da Ufam já estavam descritos pelos americanos desde setembro de 2007
Com a perda da patente do jambu, o departamento de fisiologia admite que novas pesquisas agora são realizadas com pelo menos três outras plantas apresentam, também, alcalóides com propriedades semelhantes ao spilantol. O objetivo é lançar no mercado um anestésico local, de uso tópico, que elimine a necessidade da seringa no consultório odontológico. O nome das plantas são mantidas em segredo para garantir o sigilo do conhecimento até que tenha sido devidamente patenteada.
O episódio com o jambu, segundo o departamento, demonstra que o conhecimento ancestral dos povos da Amazônia precisa ser melhor para que não cai nas mãos de pesquisadores estrangeiros.
As propriedades anestésicas do jambu são conhecidas da população local. Suas folhas e flores são usadas sobre o dente comprometido para aliviar a dor. Esses conhecimentos estão na internet e deixaram de ser tradicional para ser universal antes mesmo dos pesquisadores brasileiros estudarem suas propriedades e patenteá-las.
O alcalóide spilantol presente no jambu recebeu várias patentes nos Estados Unidos e Europa para usos diversos, como remédios e cosméticos. Entre os estudos realizados no exterior com a substância está o que pretende criar um botox menos tóxico que o produzido pela bactéria botulínica, e causa risco de morte para as pessoas.
O spilantol é descrito como um cosmético antirrugas por inibir as contrações dos músculos subcutâneos, em especial os do rosto, assim como o botox usado no tratamento de rejuvenescimento.
Outras patentes registaram o spilantol como substância eficaz no tratamento da queda de cabelo e no amaciamento da pele, além de possuir propriedades desodorantes. Uma patente descreve um produto destinado ao banho, que deve ser feito com bolhas para tratamento de pele e inibindo o surgimento de sardas e manchas.
Outra propriedade do alcalóide não passou despercebidas pelos pesquisadores estrangeiros, tanto que uma patente registra que o spilantol produziu o fim de arritmia quando injetado no coração de um coelho.
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EUA registram propriedade medicinal do jambu e impedem pesquisa da Universidade Federal do Amazonas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU