24 Fevereiro 2018
"Desde o início, dois fantasmas rondam a campanha eleitoral: de um lado, o risco de uma virada à direita, como vimos recentemente em vários países europeus; de outro lado, o retorno a um populismo que hoje vem sendo praticado em distintas partes do mundo", escreve padre Alfredo Gonçalves, cs, assessor das pastorais sociais.
No próximo dia 4 de março os italianos vão às urnas. Entre escolhas de importância local, provincial ou regional, está em jogo a formação do novo parlamento (Câmara e Senado), seguida da indicação do primeiro ministro. Três coalizões principais disputam as cadeiras do pleito: centro-direita, movimento cinco estrelas e centro-esquerda, esta última liderada pelo Partido Democrático (PD), hoje no governo.
Entre aspas, prevê-se uma disputa mais ou menos equilibrada, vizinha ao empate técnico, resultado que ou levaria o povo de volta às urnas (sustentam alguns), ou tornaria muito difícil o processo de formação do novo governo parlamentarista (sustentam outros).
Desde o início, dois fantasmas rondam a campanha eleitoral: de um lado, o risco de uma virada à direita, como vimos recentemente em vários países europeus; de outro lado, o retorno a um populismo que hoje vem sendo praticado em distintas partes do mundo.
Em ambos os casos, a imigração aparece no cenário como uma espécie de fiel da balança, ou bola de ping-pong. Joga-se, alternadamente, seja com “a ameaça ou o problema da crise migratória”, seja com a necessidade de proporcionar uma acolhida digna e decente aos que batem às portas.
Por parte da Lega (antiga Liga Norte), com Matteo Salvini, e da Forza Itália, com Silvio Berlusconi, que lideram a coalizão de centro-direita, o discurso centra-se sobre a urgência de limitar o acesso indiscriminado dos estrangeiros e, ao mesmo tempo, expatriar os chamados “imigrantes irregulares”. Quanto ao discurso populista, como de costume, limita-se a um punhado de promessas tanto vagas quanto inviáveis.
Não é ocioso lembrar que, em meio às turbulências e farpas da disputa, o Papa Francisco continua insistindo na necessidade de passar de uma “cultura da indiferença” a uma “cultura da solidariedade”. Ou ainda, da necessidade de “construir pontes em lugar de muros”. Insiste igualmente na defesa da dignidade humana e dos direitos básicos a ela correlatos.
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