17 Novembro 2017
Não é um espetáculo. Não é “um carnaval”. Nem sequer gosta da “publicidade”. O Reino do Senhor cresce com o Espírito Santo, não com “os planos pastorais”. Foi o que o Papa Francisco reafirmou na missa da manhã dessa quinta-feira, 16 de novembro de 2017, na Casa Santa Marta.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada no sítio Vatican Insider, 16-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A homilia do pontífice se desenvolveu – relata a Rádio Vaticano – a partir da pergunta que os fariseus dirigem a Cristo: “Quando virá o reino de Deus?”.
Para o Papa Bergoglio, essa é uma interrogação simples, que surge de um coração bom. E aparece muitas vezes no Evangelho: por exemplo, São João Batista, quando está na prisão, envia os seus discípulos a perguntarem a Jesus se ele é aquele que deve chegar ou se é preciso esperar outro; ou, em outro trecho, ela é feita em uma modalidade mais “descarada”: se “és tu, desce da cruz. Sempre a dúvida”, a “curiosidade” sobre quando o reino de Deus virá, observa o bispo de Roma.
Eis a resposta do Filho do Senhor: “O reino de Deus está entre vocês”. O “feliz anúncio” na sinagoga de Nazaré, quando Jesus, depois de ler uma passagem de Isaías, afirma que aquela Escritura se cumpre “hoje” entre eles.
Aqui é que, como a semente que, semeada, cresce a partir de dentro, assim também que o Reino de Deus seguem em frente “às escondidas”, no “meio de m[os”. ou está escondido como “a gema ou o tesouro”, mas “sempre na humildade”.
O papa se pergunta: “Mas quem dá crescimento a essa semente, quem a faz brotar? Deus, o Espírito Santo que está em nós. E o Espírito Santo é espírito de mansidão, espírito de humildade, é espírito de obediência, espírito de simplicidade. É ele que faz o reino de Deus crescer dentro, não são os planos pastorais, as grandes coisas... Não, é o Espírito, às escondidas. Faz crescer, chega o momento, e aparece o fruto”.
No caso do bom ladrão, Francisco levanta a dúvida sobre quem pode ter semeado a semente do Reino de Deus no seu coração: talvez a mãe ou talvez um rabino; depois, provavelmente, pode ter acontecido que o bom ladrão se esqueceu, mas, em certo ponto, ‘às escondidas’, o Espírito Santo o faz emergir. O reino de Deus é sempre “uma surpresa” porque é “um dom dado pelo Senhor”.
Jesus também ressalta que “o reino de Deus não vem de modo a chamar a atenção, e ninguém dirá: ‘Ele está aqui ou ele está lá’. Não é um espetáculo ou, mais feio ainda” – embora muitas vezes se pense nisto, observa o papa com amargura – “um carnaval”, ressaltou.
Não se mostra “com a soberba, com o orgulho, não gosta da publicidade: é humilde, escondido, e assim cresce”. Francisco pensa que, “quando as pessoas olhavam para a Nossa Senhora, lá, que seguia Jesus: ‘Esta é a mãe, hein...’, a mulher mais santa, mas às escondidas, ninguém sabia do mistério do reino de Deus, da santidade do reino de Deus. E, quando estava perto da cruz do filho, as pessoas diziam: ‘Mas que pobre mulher, com esse criminoso como filho, que pobre mulher...’. Nada, ninguém sabia.”
O Reino do Senhor, portanto, se torna cada vez maior sempre às escondidas, porque “existe o Espírito Santo dentro de nós” que “o faz brotar até dar fruto”.
E “todos somos chamados a fazer esse caminho do reino de Deus: é uma vocação, é uma graça, é um dom, é gratuito, não se compra, é uma graça que Deus nos dá. E nós todos, batizados, temos o Espírito Santo dentro de nós”.
O papa aconselha um exame de consciência: “Como é a minha relação com o Espírito Santo, aquele que faz crescer em mim o reino de Deus? Uma boa pergunta para que todos nós hoje nos façamos: eu acredito nisso, acredito realmente que o reino de Deus está no meio de nós, está escondido, ou eu gosto mais do espetáculo?”.
O pontífice termina convidando a pedir ao Espírito Santo a graça de fazer germinar “em nós e na Igreja, com força, a semente do reino de Deus, para que se torne grande, dê refúgio a tais pessoas e dê frutos de santidade”.
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''O Reino de Deus não é carnaval, nem cresce com planos pastorais'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU