30 Agosto 2017
No Maranhão, presidente temporário da Câmara é conhecido como Fufuquinha; fazenda do pai reúne políticos da região e teve 12 trabalhadores libertados em 2006.
Fufuca à direita de Eduardo Cunha. Foto: Reprodução. Fonte: De Olho nos Ruralistas.
A reportagem é de Alceu Luís Castilho e publicada por De Olho nos Ruralistas, 29-08-2017.
O nome do deputado André Fufuca (PP-MA) torna-se conhecido nacionalmente por causa da viagem de Michel Temer e de outro sucessor imediato do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Por alguns dias, a partir desta terça-feira, será ele o presidente da Casa – e, portanto, o primeiro sucessor para a Presidência. No Maranhão, ele é conhecido como Fufuquinha. Lá o Fufuca é o seu pai, o prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Francisco Dantas Ribeiro Filho (PMDB). Fufuca também foi deputado estadual. Fufuca e Fufuquinha são donos de fazendas.
Em 2006, Fufuca – o pai – entrou na Lista Suja do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Motivo: 12 trabalhadores tinham sido libertados da Fazenda Piçarreira, em condições análogas ao trabalho escravo. Ele era, pela primeira vez, o prefeito do município, no noroeste do estado, região da Amazônia Legal. No mesmo ano, candidato eleito à Assembleia Legislativa, investiu R$ 79,8 mil na própria campanha.
Fufuca declarou 1.500 hectares na eleição do ano passado. Uma fazenda de 300 hectares (também declarada em 2008), outra de 200 hectares. Valor de cada uma? R$ 25 mil. Outra mais extensa, de 1.000 hectares, no povoado Sapucaia, por R$ 35 mil. A soma das três propriedades – R$ 85 mil – é pouco maior que o investimento próprio na campanha dele de 2006, há dez anos. Quase a metade de seu patrimônio, R$ 200 mil de R$ 535 mil, está guardada em espécie.
O deputado André Luis Carvalho Ribeiro, o Fufuquinha, foi indicado aos 21 anos pelo pai para se candidatar a uma vaga na Assembleia, em 2010. Motivo: o pai (que foi secretário de Minas e Energia no governo de Roseana Sarney) estava inelegível. Deu certo. Fufuquinha foi eleito. Naquela época, estudante, não tinha nenhum bem. Seu principal capital era ser mais um aliado do ex-presidente José Sarney.
Em 2014 Fufuquinha alçou voo mais alto: elegeu-se deputado federal, pelo PEN. Um pouco mais próspero, com um patrimônio de R$ 160 mil. Uma fatia – R$ 42 mil – ele guarda em espécie. Outros R$ 40 mil referem-se a uma propriedade de 400 hectares em Alto Alegre do Pindaré. Valor da propriedade? R$ 40 mil. (O restante dos bens compõe-se de uma Hilux.)
O nome Fufuquinha é um diminutivo do diminutivo, já que Fufuca vem – carinhosamente – do nome do pai, Francisco.
Aos 28 anos, Fufuquinha chega à Presidência da Câmara – ainda que somente por alguns dias – com a credencial de ser amigo do ex-deputado Eduardo Cunha, que presidiu a casa, pelo PMDB, foi cassado e está preso. “Minha relação com ele era de amizade”, disse ele ao G1. “Política era praticamente zero”. Em 2017, ele se tornou vice-presidente da Câmara.
A fazenda do pai em Alto Alegre do Pindaré é conhecida por ser sede de reuniões políticas. Nem sempre pacíficas. Mais de um blogueiro maranhense contou que, no ano passado, uma dessas reuniões acabou em tiroteio. (Fufuca não estava envolvido. A briga teria ocorrido entre aliados do PP, o partido de Fufuquinha.)
O vice-prefeito do município, Genival do PT, também tem uma propriedade no povoado Sapucaia. São 100 hectares. Nos rincões do Maranhão, o PT do vice, o PMDB do prefeito e o PP do deputado ainda são aliados.
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Pai do deputado Fufuca já esteve na Lista Suja do Trabalho Escravo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU