28 Agosto 2017
Dados foram colhidos desde 1971 e mostraram um perda de mais de um metro. Recuperação da mata ciliar pode ser uma das medidas para amenizar impacto.
A reportagem é publicada por Jornal do Acre e reproduzida por G1, 24-08-2017.
Um estudo feito pela Universidade Federal do Acre (Ufac) mostra o avanço do desmatamento ao longo da bacia do Rio Acre. A região do Vale do Rio Acre concentra 64% do desmatamento de todo o estado.
De uma forma geral, o desmatamento nesta região já atingiu 37% e o limite legal é 20%. Os dados preveem ainda uma situação ainda mais preocupante, que é a possibilidade do rio secar nos próximos 13 anos.
“O estudo que foi feito com base nos dados colhidos todos os dias desde 1971. Pegamos os valores das cotas mínimas e fizemos uma média por década e, a partir daí, a gente observou que da década de 70 até a década de 2000 o rio perdeu mais de um metro do nível médio de água”, explica o professor e doutor da Ufac, Evandro Ferreira.
Ele diz ainda que se o ritmo de desmatamento e destruição não tiver sido contido, o problema vai ficar ainda pior.
“Se a gente mantiver esse ritmo, a partir de 2030, provavelmente nos meses de julho, agosto e setembro, em algum dia desses meses, você pode ter uma situação que a água do rio na régua não vai ter mais”, alerta.
O Rio Acre drena cerca de 90% da região leste do estado e é a principal fonte de água potável para a maioria dos municípios da região, que abriga cerca de 450 mil habitantes, 60% da população. Uma crise hídrica pode trazer graves consequências sociais e econômicas para a região. E o problema não é descartado pelo professor.
“No Acre, mais de um terço da mata ciliar já foi destruída. Por exemplo, onde o Rio Acre passa na Bolívia e Peru já tem menos de 15% de destruição. Você olha nos sites de satélites, vê o lado boliviano muito preservado e o brasileiro detonado”, explica.
A recuperação da mata ciliar seria uma das medidas que poderiam ser tomadas para tentar amenizar os impactos desse desastre natural, segundo o doutor.
“O aquecimento global, que é uma coisa comprovada, pode fazer mudar o nosso clima e a nossa estiagem que é de abril a setembro pode se estender um pouco. Quando isso acontecer, a nossa floresta vai começar a mudar. Pode ser que até 2050, por exemplo, no Acre na região Leste a floresta seja substituída aos poucos por uma espécie de savana”, acredita.
A situação pode ser remediada, mas para isso, todos devem colaborar preservando as fontes de água e floresta entorno dos mananciais.
"Independente do que está acontecendo fora do Acre, acho que ninguém pode negligenciar. A gente faz algumas pesquisar para saber como podemos ajudar, mas é ação de cada um e não é ação só no rio Acre. Cada um tem que ter sua consciência”, finaliza.
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Estudo da Ufac aponta que nos próximos 13 anos o Rio Acre pode secar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU