24 Junho 2017
"Os seminaristas hoje representam uma herança mista de São João Paulo II, Papa Bento XVI e Papa Francisco. Eles admiram o que chamam de espiritualidade crua de Francisco, sua simplicidade e sua abordagem prática e orgânica. Parece que o efeito Francisco pode estar funcionando em um grupo importante para o futuro da Igreja", escreve Pat Perriello, professor aposentado da rede pública de ensino de Baltimore, trabalhou como coordenador dos Serviços de Orientação e Aconselhamento e professor associado na Universidade Johns Hopkins, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 21-06-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Minha preocupação quanto ao futuro do sacerdócio nos Estados Unidos concentra-se em tudo o que ouvi e experimentei acerca dos sacerdotes ordenados nas últimas décadas. Agora a revista Time apresentou um artigo inteligente sobre as últimas atitudes dos seminaristas atuais, e é encorajador.
Devo dizer que se eu estivesse escrevendo minha opinião sobre o futuro do sacerdócio católico, certamente sacerdotes poderiam casar se quisessem e o sacerdócio incluiria mulheres de maneira substancial. O clero seria menos dirigido pela doutrina do que os jovens seminaristas parecem ser. No entanto, o artigo aponta que a última safra de seminaristas está indo por um caminho positivo.
Ele descreve o clero pós Vaticano II como "homens reservados, distantes e dogmáticos, que ficam no atril orientando as congregações". Eu acrescentaria que sinto que esta geração de sacerdotes enxerga a si próprios e sua função como algo sagrado e cúltico. Isso os distanciou das pessoas. Claro, nem todos os sacerdotes se encaixam neste estereótipo, mas parecem ter algo em comum.
A ação de Francisco parece estar mudando isso. Ninguém diria que a nova safra de seminaristas e recém-ordenados é totalmente liberal, mas a mudança é evidente, principalmente na área da justiça social.
Considerando que a geração anterior de sacerdotes demonstrava pouco interesse na justiça social, isso não acontece na nova geração. Eles se preocupam com questões como o cuidado aos pobres. Eles consideram seu ministério como algo para todos da comunidade - não apenas aos católicos. Um exemplo é que atingem a comunidade muçulmana ao seu redor. Dom Timothy Senior, líder do Seminário de Carlos Borromeo, nas proximidades da Filadélfia, diz que o estilo de liderança na Igreja precisa mudar rumo a uma "liderança dos servos". Isso representa um movimento considerável e positivo considerando o que vimos nas últimas décadas.
Este novo grupo de sacerdotes em formação não é monolítico. Eles representam uma variedade de pontos de vista, como a defesa da legalização da maconha e um provável posicionamento de não pregar contra o aborto. Eles sentem-se confortáveis com o uso das tecnologias, como seria de se esperar. Também é importante observar que eles estão crescendo - de 1.300 seminaristas em 2005 para 1.900 em 2016.
Do outro lado do espectro, muitos ainda têm uma paixão pela missa solene tradicional com incenso. Eles frequentemente usam o colarinho romano na comunidade. A respeito de questões mais importantes, eles são conservadores quanto ao sexo fora do casamento e permanecem tradicionais em questões de doutrina, como a realidade da ressurreição corporal de Jesus.
Veja o que disse um jovem sacerdote. Como padre, ele quer "a capacidade de ser criativo, imaginativo e não ficar preso no que tem que ser". Uau! Não sei o quão longe teríamos que ir na história da Igreja para encontrar momentos em que essas qualidades foram encorajadas.
Os seminaristas hoje representam uma herança mista de São João Paulo II, Papa Bento XVI e Papa Francisco. Eles admiram o que chamam de espiritualidade crua de Francisco, sua simplicidade e sua abordagem prática e orgânica. Parece que o efeito Francisco pode estar funcionando em um grupo importante para o futuro da Igreja.
Francisco diz aos líderes da Igreja para priorizarem suas comunidades, evitarem burocracia religiosa e evangelizarem de maneira gentil. Os alunos do sacerdócio de hoje tendem a concordar com Francisco em questões de justiça social, como a imigração, a preferência pelos pobres e a importância do meio ambiente. Francisco tem incentivado os seminaristas a serem menos rígidos, menos focados em si mesmos e discernir os "tons de cinza".
Então, equilibrando, parece que há muito a ser incentivado enquanto a nova direção do sacerdócio se forma. Eu ainda gostaria de ver uma maior abertura em várias questões, como as mulheres no ministério, mas o retorno aos ensinamentos sociais católicos já é motivo para entusiasmo, já que parecia estar ausente em muitos casos, nas últimas décadas. Um novo senso de idealismo e entusiasmo parece estar surgindo para os jovens que entram no sacerdócio. Não pode ser de todo mal quando um seminarista diz: "Como podemos fazer com que as pessoas se apaixonem por Cristo?".
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O futuro do sacerdócio parece mais esperançoso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU