16 Junho 2017
Konrad Krajewski, esmoleiro apostólico de Sua Santidade, ofereceu seu apartamento em Borgo Pio para uma família síria. "Não tem nada de excepcional", diz ele, "A caridade e o compartilhamento estão no DNA da Igreja".
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 13-06-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Depois ter decidido deixar seu apartamento na Via Borgo Pio a uma família de refugiados, está dormindo no escritório. O arcebispo polonês Konrad Krajewski, esmoleiro de Sua Santidade, tem levado a sério a tarefa que lhe foi confiada por Francisco em 2013. "A escrivaninha não faz nada sozinha, você pode vendê-la; não espere que as pessoas batam à sua porta, você tem que procurar os pobres", declarou em seu discurso por ocasião da nomeação. Mas ele fez muito mais. Ao saber da chegada, através dos corredores humanitários promovidos pela comunidade Santo Egidio, de um casal sírio (há alguns dias tiveram uma menina) ofereceu o apartamento que o Vaticano tinha lhe destinado como funcionário. E mudou-se para o escritório, no último andar de um pequeno edifício, onde fica a sede da esmolaria dentro dos muros vaticanos. Por algumas semanas, ocupou um quarto no piso térreo, onde são guardados os pergaminhos que a esmolaria compila com a bênção apostólica para quem os solicita. Depois, mudou-se para um andar superior, onde garantiu pelo menos um pouco de privacidade.
"Isso é algo normal, nada de excepcional", conta Krajewski ao jornal Repubblica. Ainda assim, não é algo que todos fariam, inclusive fora do Vaticano. Ao contrário, ele insiste, "há muitos sacerdotes no mundo que, não é de hoje, comportam-se assim. A caridade e o compartilhamento estão no DNA da Igreja. A cada um é pedido algo de acordo com sua missão. Não tenho família, sou um simples sacerdote; oferecer meu apartamento não me custou nada".
Uma estátua de Jesus em tamanho natural, representado como um sem-teto deitado em um banco, é exposta no saguão de entrada da esmolaria. No banco, aos pés do corpo do Nazareno, há espaço para quem quiser se sentar. Há várias pessoas pobres que tomam assento ali, à espera de sua vez de serem atendidas em busca de uma ajuda, de algum apoio. Qualquer um pode bater à nossa porta, ninguém é barrado. Muitos, enquanto esperam, passam a mão sobre os pés de Jesus, como se lhe pedissem proteção.
“Durante todo o verão - explica Krajewski - os nossos serviços estão abertos: a barbearia, os chuveiros perto da colunata de São Pedro, o centro médico, os banheiros públicos. As pessoas precisam todos os dias do ano, a qualquer hora do dia. E nós, nunca fechamos. Já começamos um programa que, aos domingos, leva pessoas com deficiências e pobres ao complexo balneário perto de Polidoro. À noite, a atividade encerra-se sempre com uma pizza para todos, juntos. Algo simples, mas concreto".
Justamente hoje, por ocasião do anúncio do primeiro Dia Mundial dos pobres a ser realizado em 19 de novembro, Francisco pediu para "estender a mão aos pobres, seguindo o exemplo de São Francisco". Na Igreja muitos já fazem isso. Isso também em função do verão, quando todos saem de férias e os pobres, ao contrário, ficam onde estão. E talvez seja por essa razão que o Papa pediu, como faz todos os anos, que os cardeais informassem, por escrito, onde e por quanto tempo estarão longe de Roma durante o verão. Provavelmente também para sensibilizá-los a escolher lugares e modalidade de férias em consonância com o hábito que vestem.
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O Arcebispo dorme no escritório para abrigar em sua casa refugiados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU