Pai-Nosso: uma simples tradução?

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08 Junho 2017

Seguindo o exemplo das irmãs francesa e belga, a Igreja Católica da Suíça de língua francesa, em breve, também vai adotar a nova tradução do Pai-Nosso. A decisão foi tomada durante a assembleia ordinária da Conferência Episcopal Suíça (CES), realizada de 29 a 31 de maio, em Einsiedeln.

A reportagem é de Sara Tourn, publicada no sítio Riforma, 06-06-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Oficialmente, a nova versão, mais próxima do texto original, entrará em uso a partir do próximo dia 3 de dezembro, primeiro domingo do Advento, na Suíça assim como na França, mas a notícia imediatamente abriu o debate.

A nova versão vai substituir a que está em uso há meio século, fruto da onda ecumênica que se seguiu ao Concílio Vaticano II, entrando em conformidade com a nova tradução francesa da Bíblia de 2013. Um passo atrás ou um passo à frente no caminho ecumênico?

Por parte da Federação das Igrejas Protestantes Suíças (Feps), mais do que o conteúdo do texto, lamenta-se a escolha unilateral por parte da Igreja suíça, que tomou a sua decisão colocando a “contraparte” protestante diante do fato já realizado. As Igrejas protestantes dos cantões francófonos gostariam de ter sido envolvidas na reflexão, mas, ao mesmo tempo, querem manter uma abordagem ecumênica construtiva, para evitar que existam dois Pai-Nossos, um católico e um protestante. A questão, portanto, mantém-se em aberto.

Do lado católico, a CES reconhece que, com o novo texto, levanta-se uma questão ecumênica: não é estranho que os católicos suíços tenham querido se uniformizar com os irmãos franceses e belgas, mas, ao mesmo tempo, reivindicam o caminho ecumênico feito até agora junto com a Feps e a esperança de poderem chegar a um acordo que permita rezar juntos, com as mesmas palavras.

O cerne da questão, que, junto com as consequências de nível ecumênico, envolve profundas implicações teológicas, diz respeito à tradução diferente do verbo eisfero, que, de “ne nous soumets pas à la tentation” deverá se tornar “ne nous laisse pas entrer en tentation” [a tradução em português diz: “Não nos deixeis cair em tentação”].

Uma profunda diferença, análoga à que se encontra no italiano entre “non indurci in” [não nos induzais a] e “non esporci alla tentazione” [não nos exponhais à tentação], em que, no primeiro caso, parece ser Deus que induz o ser humano ao pecado, enquanto, no segundo, faz-se referência ao ato de proteção de Deus ao impedir que o ser humano caia no pecado.

O pastor Eric Noffke, professor de Novo Testamento na Faculdade Valdense de Teologia em Roma, descrevendo a situação italiana às vésperas da publicação da “Bíblia da Reforma” por ocasião do aniversário do nascimento da Reforma Protestante, escrevia há um mês, a esse respeito, no sítio Riforma: “O grupo de trabalho sobre essa nova tradução bíblica também se defrontou com a espinhosa questão, e as propostas foram diversas (...) demonstrando que uma resposta definitiva, provavelmente, nunca existirá”.

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