08 Junho 2017
A energia solar de geração fotovoltaica é a menos consumida entre as formas renováveis que compõem a matriz elétrica do Brasil. Apenas 0,01% do que foi gerado no país em 2015 resultou dessa tecnologia, que usa painéis de silício para coletar raios de luz solar. Essa modalidade é, no entanto, a fonte preferida de quem escolhe gerar eletricidade para consumo próprio.
A reportagem é de Fabíola Sinimbu, publicada pela Agência Brasil, 06-06-2017.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), das mais de 10 mil unidades de geração distribuída – modalidade na qual o próprio consumidor gera e injeta eletricidade na rede da cidade – 9,9 mil são usinas fotovoltaicas.
A energia solar é gerada pela luz do sol, que incide diretamente ou por meio de reflexo em painéis de materiais semicondutores (silício). Esses últimos contêm células menores, que ficam dispostas em duas camadas, uma positiva e outra negativa. Quando a energia do sol chega, o material semicondutor faz com que os elétrons se movimentem entre as duas camadas e gerem uma corrente elétrica contínua.
Como as pessoas consomem eletricidade por meio de uma corrente alternada, é necessário o uso de um inversor para transformar a corrente contínua.
(Ilustração: Agência Brasil)
O diretor da Aneel, André Pepitone, afirma que a Agência atua em duas vertentes para difundir a energia solar no Brasil. Uma é a geração distribuída, que vem crescendo conforme diminui o prazo para recuperar o investimento. Outra são os leilões para comprar energia solar de forma centralizada.
Pepitone explica que o Brasil tem um grande potencial para a geração de energia solar, superior até ao de outros países onde esse tipo de fonte é bastante usado para gerar energia elétrica. Segundo ele, a Alemanha, por exemplo, tem índice de irradiação que resulta em 900 e 1.250 quilowatts-hora (kWh) por metro quadrado (m2) por ano divididos em seu território e, na Espanha, o número varia de 1.200 a 1.850 KWh m2/ano. Enquanto isso, o Brasil produz entre 1.500 e 2.400 KWh m2/ano. “Observe que o pior sol do Brasil, que está lá no Paraná e tem uma irradiação de 1500KWh m2/ano, é superior ao melhor sol da Alemanha”, compara.
Com o cenário promissor no mercado, em 2009, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Taguatinga, cidade do Distrito Federal, passou a pensar na formação profissional de mão de obra para atender à demanda e construiu um Centro de Demonstração de Energias Renováveis, a Casa Solar. A diretora do Senai Taguatinga, Janaína Braga D’Almeida, conta que inicialmente o local funcionava apenas como um centro de demonstração, uma espécie de vitrine das novas tecnologias. Em 2016, um projeto de cooperação técnica com a Agência Alemã de Cooperação Internacional GIZ o transformou um centro de treinamento de energias renováveis.
Com 4,5 KW de potência instalada, a casa é estruturada de forma que possibilite condições reais para todo o processo de montagem, instalação e manutenção do sistema. São três telhados de materiais diferentes – metal, cimento e cerâmica –, montados ao lado da casa com seis placas cada um. Justas elas geram ao mês 250 Kwh, que estão ligados à rede de distribuição da cidade e quando não consumidos pelo próprio Senai voltam em forma de crédito para consumo futuro.
Além dos telhados, os aprendizes têm acesso ao sistema de inversores que transformam a corrente contínua em alternada e aprendem a fazer a instalação para funcionamento em baterias ou ligado ao sistema de distribuição da cidade. Segundo Janaína, entre julho de 2016 a abril de 2017, 400 alunos participaram de três cursos voltados à energia fotovoltaica e de outros dois cursos de energia solar térmica.
No campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a geração de energia fotovoltaica também é uma realidade. No estacionamento anexo ao Centro de Tecnologia, foi criada uma cobertura para 51 carros que funciona como miniusina. Com 414 painéis de energia solar, a estrutura tem capacidade instalada de 99 quilowatts-pico (Kwp) e chega a gerar 140 mil Kwh por ano – eletricidade suficiente para abastecer até 70 casas.
O estacionamento solar é um dos projetos desenvolvidos pelo Fundo Verde de Desenvolvimento e Energia para a Cidade Universitária da UFRJ – que é financiado com recursos da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na conta da própria instituição – e foi criado com o objetivo de aumentar a eficiência energética, melhorar a mobilidade e promover o uso consciente dos recursos hídricos no campus. “Pensamos no benefício de gerar uma energia renovável, alimentar a rede de energia e também promover a sombra para os carros”, explica a gerente do escritório de projetos do Fundo Verde, Andrea Santos.
Além do estacionamento solar, o Fundo Verde pretende implantar mais dois projetos de geração de energia fotovoltaica na Ilha do Fundão: um prédio com placas solares fotovoltaicas e uma usina solar.
* A repórter viajou a convite da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ)
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Potencial da energia solar de geração fotovoltaica ainda é pouco explorado no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU