26 Janeiro 2017
"Com a poluição do ar pelos gases liberados pelo fracking, as pessoas que vivem no entorno dos poços estão expostas a doenças como os mais variados tipos de câncer, infertilidade, abortamentos, doenças respiratórias crônicas, entre outras graves enfermidades. Os animais também são impactados", escreve Juliano Bueno de Aruajo, coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e coordenador nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, em artigo publicado por Gazeta do Povo, 25-01-20170.
Eis o artigo.
Não se enganem. Milhões de paranaenses ainda estão sob a ameaça dos riscos e perigos do fraturamento hidráulico, tecnologia altamente poluente para extração do gás de xisto do subsolo também chamada de fracking.
A sanção pelo governador Beto Richa da Lei 18.947/2016 que suspende por 10 anos o licenciamento não nos protege definitivamente da contaminação. Mesmo atendendo a um pedido das entidades que integram a COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – para vetar o artigo 3º da lei que permitia os testes de aquisição sísmica e pesquisas geológicas, a moratória representa apenas um adiamento do fracking.
Para quem ainda não tem conhecimento, fraturamento hidráulico ou fracking consiste na perfuração do solo para injetar em cada poço de 17 a 35 milhões de litros de água em altíssima pressão, misturados à areia e um coquetel de 700 substâncias químicas, muitas cancerígenas e até radioativas, para ‘fraturar’ a rocha de xisto e liberar o gás metano. Acontece que nesse processo, parte desse fluído tóxico chega aos aquíferos junto com o metano pelas fissuras causadas pelas intensas explosões na rocha. Parte retorna à superfície e é depositado em ‘piscinas’ a céu aberto, que evapora provocando chuva ácida e contaminando o solo, tornando-o infértil para a pecuária e agricultura.
Com a poluição do ar pelos gases liberados pelo fracking, as pessoas que vivem no entorno dos poços estão expostas a doenças como os mais variados tipos de câncer, infertilidade, abortamentos, doenças respiratórias crônicas, entre outras graves enfermidades. Os animais também são impactados.
Além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, o fracking também provoca terremotos, uma vez que o subsolo é ‘bombardeado’ sistematicamente, e intensifica as mudanças climáticas uma vez que o metano liberado é um gás de efeito estufa 86 vezes mais potente que o dióxido de carbono, resultado da queima do carvão e petróleo.
Com a aprovação da moratória de 10 anos para operações de fracking no Paraná, é como se alguém perguntasse a você: ‘Prefere ter câncer daqui a dez anos ou nunca?’; ‘quer ver a nossa agricultura e economia devastadas pela contaminação química do solo para sempre?’; ‘prefere ter gás não convencional à água e ar puros?’; ou ‘quer viver sob intensos e catastróficos terremotos provocados pelo fracking?’
Por isso é muito importante que as cidades que estão na rota do fracking aprovem projeto de Lei que proíba definitivamente a extração do gás de xisto. Mais de 200 já estão protegidas, pois legislam pelo solo, pela saúde das pessoas, protegem as reservas de água e garante um ambiente saudável e próspero. Desta forma, vamos impedir que a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) pare de colocar em risco a vida de milhões de brasileiros.
A COESUS irá intensificar a campanha Não Fracking Brasil para impedir que o fracking aconteça, assim como as pesquisas sísmicas, tão danosas quando a própria tecnologia em si. Vamos continuar a informar e mobilizar a população, gestores públicos e movimentos sociais, ambientais e climáticas, lideranças religiosas, do setor produtivo, do Ministério Público Federal e da academia científica.
Nosso movimento defende a Vida da devastação da indústria do fracking e dos combustíveis fósseis, exigindo dos governantes a transição sem atalhos para as energias renováveis, 100% limpas, seguras e justas. Para saber como participar, clique aqui.
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Fracking bate à porta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU