A reforma da cúria delineará o papel da Secretaria de Estado

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16 Dezembro 2016

A constituição apostólica que substituirá a Pastor Bonus, ainda em vigor, estabelecerá por escrito o papel de “coordenação” da Secretaria de Estado. É o que apareceu na 17ª reunião do Papa com os nove cardeais que o ajudam na reforma da cúria romana e no governo da Igreja universal, o chamado C9.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada por Vatican Insider, 14-12-2016. A tradução é de André Langer.

Os cardeais conselheiros entregaram ao Papa suas propostas de reforma das Congregações para a Doutrina da Fé, para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, para as Causas dos Santos e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O Conselho para a Economia aprovou o orçamento para o ano de 2017 e o cardeal George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia, anunciou a publicação dos balanços de 2016.

“Não se falou sobre os quatro cardeais” que enviaram uma carta aberta ao Papa com algumas dúvidas (“dubia” em latim) sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, precisou o porta-voz da Santa Sé, Greg Burke. “Não é seu objetivo e – explicou – para o Papa está bastante claro o que disse o Sínodo, o que falou o Espírito Santo”.

Boa parte das discussões durante a reunião (que começou na manhã da segunda-feira passada e terminou na quarta-feira à tarde) girou principalmente em torno do papel da Secretaria de Estado e da Congregação para a Evangelização dos Povos (Propaganda Fide), disse em uma coletiva de imprensa o diretor da Sala de Imprensa vaticana Burke. Em seguida, abordou-se a natureza de outros dois dicastérios, a Congregação para os Bispos e aquela que é responsável pelas Igrejas Orientais. “A Pastor Bonus – destacou Burke – não diz quase nada sobre a Secretaria de Estado; podemos imaginar que na reforma estará muito mais claro, mais delineado, o seu papel de coordenação”.

Os cardeais do chamado C9 “concluíram o estudo de outros dicastérios e entregaram suas propostas” sobre as Congregações para a Doutrina da Fé, para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, para as Causas dos Santos e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Além disso, prosseguiu na discussão sobre a instrutora que precede a nomeação dos bispos.

Os prefeitos dos dois novos dicastérios que o Papa criou, unindo e fundindo diferentes Pontifícios Conselhos, tomaram a palavra (“durante um tempo consistente”) para falar sobre as perspectivas dos organismos que a eles foram encomendados. O novo cardeal Kevin Farrell falou sobre o dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e, em particular, “a discussão se concentrou muito no papel dos leigos, com o convite para que todos relessem a carta do Papa Francisco ao cardeal Marc Ouellet, presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina”, de 19 de março de 2016.

Nesse momento, precisou Burke, é preciso fazer, sobretudo, “muitas coisas práticas” com o objetivo de que os dicastérios que foram supressos (os Pontifícios Conselhos para os Leigos e a Família, em coordenação com a Pontifícia Academia para a Vida) convirjam no novo dicastério, e para isso é particularmente útil a experiência administrativa do arcebispo estadunidense.

Por sua vez, o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, que trabalha com a colaboração de dom Silvano Tomasi, apresentou o plano de trabalho para o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, que engloba quatro organismos: Justiça e Paz, Cor Unum, Agentes de Saúde e Migrantes e Itinerantes. Tomasi, especificamente, “explicou o novo dicastério como” uma materialização da “constituição conciliar Gaudium et Spes”.

Além disso, justamente na quarta-feira, o Papa, “no seu exercício de coordenação do departamento do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral que se ocupa especificamente dos refugiados e migrantes”, nomeou “os seus colaboradores diretos para tal objetivo”, que começarão a trabalhar em 1º de janeiro de 2017, como “subsecretários deste novo dicastério”: o jesuíta Michael Czerny e o escalabriniano Fabio Baggio.

Na tarde da quarta-feira, dom Dario Edoardo Viganò, prefeito da Secretaria para a Comunicação, “apresentou os passos que foram dados e os próximos para realizar a reforma da comunicação da Santa Sé, com particular atenção à formação pessoal”.

Durante a reunião, intervieram também dois outros membros do C9: o cardeal Sean O’Malley, que expôs as últimas atividades da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, e o cardeal George Pell, que “relatou os últimos desdobramentos relacionados com a Secretaria para a Economia, a ele encomendada”. Burke explicou que o Conselho para a Economia, enquanto isso, aprovou o orçamento para 2017, recordou que Pell anunciou que nos próximos dias será publicado o balanço de 2016.

Durante o encontro entre o Papa e seus nove colaboradores surgiram como “linhas mestras” dois “temas fundamentais”, disse Burke: “o espírito missionário e a sinodalidade”.

A próxima reunião do conselho dos nove cardeais está marcada para os dias 13, 14 e 15 de fevereiro de 2017.

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