04 Novembro 2016
Conferência de imprensa após Oração Comum e evento Together in Hope. Rev. Dr Martin Junge e Kurt Cardinal Koch sentados à direita do painel. Foto: LWF/Albin Hillert
A primeira Comemoração mundial Católico-Luterana da Reforma representa um marco nas relações ecumênicas, de acordo com o secretário geral da Federação Mundial Luterana (FML), Rev. Dr Martin Junge.
"Este foi um marco, não apenas nas nossas relações bilaterais, mas também um marco ecumênico", disse Junge no encerramento da comemoração conjunta, realizada em 31 de outubro nas cidades de Lund e Malmö, no sul da Suécia.
A informação é publicada por Lutheran World Federation – LWI, 03-11-2016. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
A comemoração, que foi dividida em duas partes, começou com uma Oração Comum na Catedral de Lund, em que os líderes das duas tradições, incluindo o Papa Francisco como representante da Igreja Católica, deram graças ao testemunho do Evangelho, demonstraram arrependimento por divisões do passado e comprometeram-se ao testemunho e ao serviço comum para com o mundo.
Kurt Cardeal Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (PCPCU), salientou que esta havia sido a primeira comemoração comum da Reforma em 500 anos. "É um novo começo," disse ele.
Um dos "pilares" da comemoração da Reforma foi a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação (DCDJ), assinada pela Igreja Católica e pela FLM em 1999, disse Junge. O acordo afirma que a justificação é baseada apenas na fé, anulando, assim, condenações recíprocas realizadas por católicos e protestantes na época da Reforma.
"Porque fomos capazes de nos reunirmos na doutrina que já nos dividiu, pudemos conceber esta comemoração como um marco no nosso caminho, que partiu do conflito até a comunhão", disse o secretário geral da FLM.
Ele recebeu bem a possibilidade de a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas (WCRC) tornar-se signatária da Declaração em 2017, dizendo que isso criaria um potencial totalmente novo e dinâmico para o trabalho em conjunto.
Koch salientou a necessidade de continuar as discussões entre luteranos e católicos sobre a Igreja, a Eucaristia e o Ministério — "as três questões que estão em aberto no nosso diálogo".
O secretário-geral da FLM e o presidente do PCPCU reconheceram que luteranos e católicos ainda não chegaram a um acordo sobre a questão central da partilha da Eucaristia, ou Santa Comunhão, e da dor causada a famílias de ambas tradições cristãs.
Embora um acordo sobre a total comunhão eucarística exija um estudo teológico mais aprofundado, Junge e Koch falaram sobre a necessidade de encontrar soluções pastorais para casais em que um é luterano e o outro é católico.
"É no altar que a comunidade mais vivencia a fragmentação da Igreja, o que demanda uma resposta," disse Junge.
Koch advertiu que mesmo que tenha sido possível lidar com muitas questões da fé e da doutrina no diálogo ecumênico, questões éticas — especialmente sobre o início e o fim da vida e sobre família, casamento e gênero - tornam-se agora questões que dividem opiniões dentro e entre as Igrejas.
Discussões mais profundas sobre essas questões são necessárias para o bem do "futuro do diálogo", disse ele.
Junge disse que a FLM enfrenta desafios nessa jornada conjunta, por tratar-se de uma comunhão de Igrejas trabalhando em diferentes contextos e expostas a diferentes perguntas teológicas e pastorais.
"É muito importante que as comunhões aprendam a identificar as suas divergências e se envolvam rumo à unidade apesar de suas diferenças", disse Junge. "Acho que o que fizemos hoje não somente é um forte incentivo para o fortalecimento das relações entre comunhões, mas é também um incentivo muito forte para as relações dentro das comunhões."
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Comemoração conjunta da reforma: um 'marco', segundo líder luterano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU