08 Setembro 2016
O tradicional "Grito dos Excluídos", manifestação de movimentos sociais que acontece sempre no dia 7 de setembro desde 1995, teve nessa quarta-feira como principal foco a crítica ao governo Michel Temer e a reivindicação de eleições diretas já.
Em Belo Horizonte, manifestantes foram da Praça Raul Soares até a Praça da Estação. Foto: Léo Rodrigues/Agência Brasil
A reportagem é publicada por portal Uol, 07-09-2016.
O "Grito" se opõe a medidas econômicas consideradas neoliberais pelos movimentos. Fortes durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) (1995-2002), as manifestações perderam densidade durante as gestões de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (2003-2010) e Dilma Rousseff (PT) (2001-2016).
Agora, uma semana após a aprovação do impeachment no Senado, o "Grito" voltou a ganhar corpo, e o "Fora Temer" se sobrepôs ao "Vida em primeiro lugar", lema oficial da edição deste ano.
Houve manifestações em várias cidades do país, entre elas São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Aracaju, Fortaleza, Recife, Natal, Curitiba, Manaus e Macapá. Em algumas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, houve protesto de manhã e à tarde. No Rio, a primeira manifestação pela manhã aconteceu na Boulevard Olímpico, no centro. A partir das 18h, outro protesto foi programado para a frente da sede da rede Globo, no Jardim Botânico.
Em São Paulo, o primeiro aconteceu na avenida Paulista e seguiu até o parque do Ibirapuera. O segundo, que começou por volta das 16h, começou na praça da Sé, no centro, e seguiu em caminhada até a região da Paulista. Assim, como no último domingo (4), as manifestações foram acompanhadas por policiais militares.Além dos manifestantes que sempre participam dos Gritos. Vários outros aproveitaram para criticar a situação política atual. É o caso da cozinheira Roberta Firmo Vieira, de São Paulo, que aproveitou para protestar contra a violência policial, lembrando o caso da fotógrafa Deborah Fabri, que perdeu a visão de um olho durante manifestação da semana passada.
Até as 18h30, poucos incidentes haviam ocorrido nas várias cidades onde houve manifestações. Em Brasília, dois integrantes da equipe de reportagem do UOL foram agredidos por manifestantes anti-Temer. O repórter Leandro Prazeres e o cinegrafista Kleyton Amorim entrevistavam uma mulher de um grupo que se manifestava em favor de intervenção militar no Brasil quando foram abordados.
Um manifestante empurrou o jornalista e tentou impedir a entrevista. Foram arremessadas garrafas de água mineral contra Prazeres, sendo que uma delas atingiu seu rosto. O cinegrafista Kleyton Amorim foi agredido com chutes por um rapaz menor de idade, que tentou arrancar a câmera de Amorim. No Rio de Janeiro, um manifestante fantasiado de Homem Aranha foi detido pela Polícia Militar durante protesto contra o governo Temer no centro do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, o manifestante quis brincar com os policiais que não receberam bem a brincadeira.
Alguns petistas famosos marcaram presença. Pela manhã, na passeata de São Paulo participaram o prefeito Fernando Haddad e o candidato a vereador Eduardo Suplicy. Em Brasília, o ex-ministro da Secretaria-Geral Gilberto Carvalho esteve na passeata que contou com cerca de 2,7 mil, segundo a Polícia Militar.
Em resolução divulgada na última sexta-feira (2), o PT, cujos governos foram alvos das manifestações nos anos interiores, incentivou seus militantes a engrossarem o "Grito dos Excluídos".
"Nos últimos anos, a gente também fez críticas severas ao modelo da Era Lula e Dilma. O "Grito" tem feito críticas às soluções que eles trazem e que não resolvem os problemas estruturais do povo brasileiro, soluções como os megaeventos – as Olimpíadas e a Copa do Mundo - e a lei antiterrorismo. O "Grito" tem se mantido isento dos desejos e paixões partidárias", afirmou Rosilene Wansetto, integrante da coordenação nacional do movimento. Ela disse, no entanto, que o "Grito" é aberto e não pode excluir a presença de petistas.
O presidente Michel Temer participou do desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Parte do público presente ao desfile entoou gritos de "fora, Temer" na chegada do presidente à tribuna de honra de onde ele irá assistir ao evento. Outra parte do público na arquibancada aplaudiu o momento da chegada do presidente.
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'Grito dos Excluídos' é marcado por protestos contra o governo Michel Temer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU