06 Junho 2016
"Se todos, juntamente com o Papa - escolhido entre os bispos do mundo inteiro não para impor alguma coisa, mas para propor e maturar juntos - o fizéssemos nosso próprio projeto, estaríamos, de fato, no início do dia cristão. Tantum aurora est", escreve Marcello Matté, jornalista, ao recordar o depoimento de D. Loris Capovilla, recentemente falecido, em artigo publicado por Settimana News, 28-05-2016. A tradução é Ramiro Mincato.
"Estamos apenas no início": pode-se traduzir assim o sentido do encontro com D. Loris Capovilla, secretário pessoal de João XXIII, por ocasião do quinquagésimo aniversário do Concílio (agosto de 2013).
Eis o depoimento de D. Loris Capovilla.
A Igreja está começando a respirar com o Papa Francisco e desperta alguns dos sonhos alimentados pelo "Papa bom".
Lembro-me muito bem, apesar dos meus 98 anos, exatamente 50 anos atrás, quando padre Giovanni Rossi me convidou para a Pro Civitate Christiana, para a primeira comemoração do Papa João, depois de sua morte. Fui com o coração ferido. Um mês antes, no trigésimo da morte do Papa João, houve uma celebração no Vaticano, e naquele tempo, um eminente teólogo - mais tarde, cardeal – me disse: "Capovilla, não se engane, no fim de dois meses, do Papa João não se falará mais". Eu respondi: "Não importa, monsenhor. Ele nem sequer se importaria com isso, porque ele disse a coisa linda, nunca dita antes por um papa: "Minha pessoa não conta nada, o que deve permanecer é Jesus Cristo". Todos me advertiam: "não fale sobre certas coisas ... olha que agora temos um novo papa ....".
O papa João morreu no dia 3 de junho de 1963. 12 dias mais tarde, em Paris, um eurodeputado italiano falou na Antenne 2 (a mais importante emissora francesa de então), na iminência do conclave, para dizer: "É um momento de grande expectativa na Igreja com relação ao novo papa. No Sagrado Colégio, na Prelatura Romana, nos círculos políticos etc. há uma esperança: de que o novo papa demula o que o pontífice falecido construiu, com toda a boa fé que se pode reconhecer ao “papa bom”. Espera-se, principalmente, que interrompa imediatamente o diálogo com a Europa Oriental".
O diálogo com a Europa Oriental
Naqueles anos, a diplomacia do Vaticano era considerada a primeira do mundo, não sem críticas. O card. Domenico Tardini, então Secretário de Estado, homem de boa índole, comentava com inteligência: "Posso imaginar o que seria da segunda..." Aos núncios dizia: "Os senhores devem falar, ouvir, informar, mas lembrem-se: com os embaixadores da Europa Oriental, nenhuma relação". Pergunto-me, para que serve a diplomacia! Cada diplomata é enviado para ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, e falar com a boca; o representante do papa deve também amar com o coração!
Aquele deputado italiano, de que fala François Mauriac, em seu bloco de notas de 1963, não compreendeu nada; não compreendeu o que significa apagar tanto ódio e renovar tantas relações.
Este, então, era o clima e o contexto de meu discurso, de 50 anos atrás, no Pro Civitate. Terminada minha apresentação, um jornalista - hoje, bem conhecida figura da política italiana - me perguntou: "D. Capovilla, diga-nos algo sobre o encontro com Ajubei (07 de março de 1963, ndr)".
Alexis Ajubei, genro de Khrushchev, diretor do Izvestia (jornal oficial do governo, ndr). Rada, sua esposa, professora, tinha excursionado pela Europa. Eu estava em contato com a RAI, que tinha acabado de abrir seu primeiro escritório em Moscou. Chegou até nós, pelas mãos do presidente da Rai, Bernabei, o pedido de Ajubei: "Este papa é bem conhecido em nosso país; há grande simpatia por ele. Eu gostaria de vê-lo em pessoa, porque como jornalista estou interessado em saber como ele se move, como fala, como sorri, como aperta a mão".
Não estava pedindo uma audiência pessoal; bastava-lhe participar de uma audiência geral. Quando o Papa recebeu o pedido, comentou: "Se ele me quer ver, não precisa ser escondido; venha e lhe darei a mão; estou feliz de receber uma pessoa do leste". Foi um salto de mentalidade, por mais que ainda haja estrada pela frente. Mas o jornalista, não entendeu.
Ensinaram-me, desde menino, que se o pastor tem 100 ovelhas, e mesmo uma só se tenha perdido, não fica tranquilo; ele deixa as 99 e vai. Naquele caso, nem foi o Papa João a bater na porta de Ajubei. Foi ele que veio bater. Se a pergunta, hoje, fosse: "Como foi aquela vez que o papa se recusou a receber um jornalista russo?", eu ficaria embaraçado. Que razão haveria para afastá-lo? Ele só queria ver como você é feito, conhecê-lo ... Acreditávamos que a encarnação quisesse dizer encontro, diálogo; acreditávamos - mas não o explicamos ao povo - que Jesus Cristo se encarnou pro vita mundi; pro, não contra alguém.
O encontro foi prazeroso, feito de coisas simples e genuínas. Rada disse ao Papa: "O senhor tem mãos grandes, como meu pai, santidade". E o papa: "Senhora, sei muitas coisas de você, porque a Secretaria de Estado sempre me passa um informe. Sei também o nome de seus filhos, mas gostaria de ouvir de seus lábios, porque nos lábios de uma mãe, nomes das crianças assumem uma doçura muito especial. "Ela, comovida: "O primeiro, Nikita, o segundo, Alexis, o terceiro, Ivan." O papa disse: "Nikita: o avô; Alexis: venerávamos as relíquias em Veneza, deste grande santo. O terceiro é Ivan: serei eu! Eu quis chamar-me de João. Quando voltar para casa, um carinho especial para Ivan, os outros não tem que se magoar".
Tínhamos acabado de libertar o arcebispo (Josyp) Slipyj. Tínhamos este presente de Natal para o Papa, e não quereis nem mesmo dizer obrigado? O papa João ficou satisfeito, por este gesto de amor. Alexis, inspirado pela história de Slipyj, disse ao Papa: "Meu sogro pediu para tratar diretamente, como se faz com consulados, sem passar através da América". O papa entendeu a pergunta e respondeu com cautela: "Olha, Sr. Ajubei, o papa não é um ditador, precisa ouvir seus colaboradores sobre o que fazer". Eles apertaram-se as mãos. "Se Deus quiser, faremos também outros passos". Parece-me uma resposta não só cristã, humana, razoável, mas também diplomaticamente adequada. Apesar disso, alguns não entenderam. Era mais do que a política de pequenos passos.
Nunca deveria ter dito que com Ajubei houve um encontro de caridade pastoral! No dia seguinte, no jornal Il Tempo, apareceu um artigo assinado pelo jovem jornalista, e em seguida, uma adenda assinada por (Renato) Angiolillo, diretor do jornal: "Capovilla, depois de ter enganado seu superior em vida, agora o escarnece para o mundo todo. Mas sabe Capovilla ou não, que aquela audiência deu um milhão de votos para os comunistas nas eleições?" Tudo terminou naquela chave de leitura.
Afinidades com o Papa Francisco
Madeleine Delbrêl é a mulher que melhor definiu o papa João. Passei seu texto para um amigo que frequenta Papa Francisco, e que muitas vezes passa coisas para ele ler. Numa nota ele dizia: "Santo Padre, Madeleine Delbrêl falou do senhor sem conhece-lo, porque o que ela escreveu sobre o Papa João é o que o senhor está fazendo agora". Madeleine dizia:
"Estamos na era dos voos espaciais, das distâncias encurtadas, da globalidade. Estávamos à espera de um papa imponente, conhecido; queríamos saber quantos idiomas fala, quantas graduações tem, o que fez; esperávamos uma pessoa jovem ... em resposta Deus nos deu um velho; que, no entanto, não veio para falar, mas pôr em prática as palavras com as quais Jesus é apresentado nos Atos: “coepit facere ... et docere": primeiro fazer, depois ensinar. Não sei se alguém pedira, em oração, por um padre, um homem de misericórdia, irmão de todos - padres, bispos, homens comuns ... - não um comandante. Provavelmente, ninguém rezou desta maneira. Mas Deus nos enviou este. Sim, Deus, em certo sentido, nos decepcionou. Mas então algo inesperado aconteceu ... eis le maître qu’on n'attendait pas, um mestre inesperado... Nem sabíamos mais onde andavam as obras de misericórdia. E ele nos falou como tratar as crianças, com a simplicidade e exemplo".
O diálogo ecumênico
O papa João dizia: "Para ser cristão é preciso pensar grande, olhar para longe e para cima"; será que fomos ensinados a pensar grande? a olhar para cima e para longe? Chegamos a inventar a Padania, que nos torna ainda menores. Em 1960, Thomas Merton, escreveu: "Santidade, com a permissão dos superiores, no parlatório do mosteiro, posso receber, alguma vezes, grupos de monges budistas, ou sufis, e, claro, ortodoxos, luteranos, anglicanos ... É muito bom; falamos da vida, de oração, de nossa disciplina monástica. Santo padre, que tristeza quando me encontro com irmãos cristãos - até mesmo com sacerdotes, mas ortodoxos, anglicanos ... -. Não podemos terminar a reunião rezando juntos o "Pai Nosso ...". Estava proibido. Acredito ter cometido uma das primeiras desobediências da minha vida, na pequena capela do Vaticano, quando recebi um grande sacerdote romeno, o Arquimandrita (Andrea) Schrima, homem extraordinário, um verdadeiro santo. Um dia eu disse: "Irmão, vamos orar juntos, podemos orar juntos". Recentemente vimos um Papa, Francisco, voltando-se para Bartolomeu dizendo: "Querido irmão Demétrio ....".
Pequenas grandes coisas. Damos alguns passos para frente, mas tantum aurora est!
Quando Bruno Forte, meu amigo, professor jovem ainda, não bispo, foi dar algumas palestras na Universidade de Pequim, de volta para casa, fez um relatório publicado no Avvenire. Num determinado ponto, dizia: "Encontrei portas abertas e muita cortesia em todos os lugares... Moços e moças ansiosos em conhecer ... Alguém me perguntou ingenuamente: "Mas o senhor que é professor, realmente acredita em Deus?". Mas isto não escreveram, porque do "inimigo" precisava só falar mal, nunca falar bem. Ontem veio uma boa jornalista do Avvenire. De volta à redação, enviou-me um e-mail agradecendo a acolhida, nome por nome, da parte de toda a equipe editorial. Nunca tinha visto uma coisa destas... Fizemos grandes progressos. E estamos apenas na aurora!
Misericórdia, a lei suprema
Alguns meses atrás, do El Ciervo - uma bela revista de Barcelona, de inspiração cristã, mas laica - me perguntaram: "Não lhe parece que o Papa Bento XVI é um pouco fraco, querendo agradar os lefevrianos?" Simplesmente respondi: "O papa deve fazer como Jesus Cristo, ir procurar a ovelha. Mesmo que ela não venha, foi convidada para conversar. Devo dizer-lhe claramente "isto sim e isto não; se aceitar, estaremos em comunhão, se não aceitar, não estaremos; mas a porta estará sempre aberta para recebê-la".
Papa João, no leito de morte, me disse: "Loris, dizem-me que fiz muitas mudanças; mas eu não mudei nada. Tu sabes que faço minhas oraçõezinhas de manhã, e não somente aquelas de sacerdote ou bispo, mas também aquelas que minha mãe me ensinou. A fé que confessei, na minha aldeia, é para toda a vida. Salvos os princípios fundamentais da moral e da doutrina revelada, por todo o resto, eu espero pacientemente. Sabes o que aconteceu em vez disso? Percebemos que começamos, estamos apenas começando a compreender um pouco melhor o evangelho".
O bom e santo Giuseppe Dossetti - voltará a brilhar! - estava na Terra Santa, quando Martini saiu de Roma para ir para Milão, e fez uma parada em Bolonha. Mas Dossetti deixara uma mensagem para ele: "Entra em Milão a pé. Na esquerda segura um pequeno evangelho barato (quatro lire), e com a outra mão abençoa e saúda". E assim fez Martini. E assim - eu acredito – começamos a fazer em vários níveis da Igreja. Papa João nos dizia: "Não é o evangelho que muda; somos nós que começamos a compreendê-lo melhor".
Diálogo e de escuta
Meus queridos irmãos, tenho profunda gratidão a vocês, aos xaverianos, aos jesuítas, às outras famílias religiosas que, com o serviço da imprensa, conseguiram, de alguma forma, deter uma trágica situação na Itália. Famiglia Cristiana arriscou seus interesses, falando a verdade, e conhecemos os eventos que laceraram a Società San Paolo. A um bispo que disse publicamente: "Eu proibirei aos párocos de venderem Famiglia Cristiana na igreja", depois que muitos tinham intervindo contra esta família religiosa, eu disse: "Monsenhor, mas no lugar da Famiglia Cristiana, o que colocaremos, Sorrisi e Canzoni? Eu, quando tive algo para dizer, eu disse, e sempre fui ouvido". Naturalmente, temos de falar não só sem arrogância ou desejo de condenar, mas com amor fraternal.
Ouvir é a primeira tarefa de um papa. Quando o Papa João convocou o Concílio, antes de tudo, queria ouvir, até mesmo os irmãos separados, e encontrou no Direito Canônico a oportunidade de fazê-lo. Ele nunca sonhou em fazer alguma coisa por conta própria. Inseriu-se no sulco da Igreja.
Um vez o papa pediu-me um parecer. É bom que se saiba que não era tão flexível, como parece. No primeiro encontro comigo, como secretário, me disse: "Duas coisas você precisa saber. A primeira é que falarei sempre de improviso com você, mas não você comigo. E quando fizer alguma confidência, você não comentará nada com ninguém, sou eu quem vai interrogá-lo. Você não deve interromper-me, você será interrogado. Segunda coisa: quando chegar a hora, terá que me dizer, como eu disse ao meu bispo. O senhor está perto da morte. Eu não quero morrer, sem saber nem mesmo que me administram os santos sacramentos, como acontece, infelizmente, com tantos eclesiásticos".
Uma vez ele perguntou-me o que achava de uma decisão que estava amadurecendo. E eu: "Seu confessor também pensa assim". "Eu não o considero, porque vocês são amigos, e isto só conta um voto”. Vocês devem saber que, mesmo em Roma, as pessoas se põem de acordo em alguma coisa: vem para audiência um cardeal e diz uma coisa, em seguida vem outro e diz, com outras palavras, a mesma coisa, e o papa fica convencido de que todo mundo pensa da mesma maneira. "Eu não quero o parecer de uma só pessoa, tenho que ouvir também o que as outras pessoas pensam".
Depois de dois anos de exame da posição do Papa João, em vista do processo de beatificação, morre (Eugène) Tisserant, de quem se dizia não ter grande simpatia por Roncalli, e que devia ser interrogado. O postulador dirige-se então a Siri. Siri, inteligente como era, lhe diz: "Como é que o senhor recorre a mim, dois anos depois da morte do Papa João?". O postulador: "Porque é um debate, e queremos também ouvir vozes discordantes, e Tisserant acaba de morrer". "Está bem, padre” - responde Siri – “quando for a Roma nos encontramos. Lembre-se, porém, que deporei a favor. Sou um racionalista, e preciso da perspectiva do tempo e a diversidade de opiniões. Eu andei pelas regiões mais pobres da minha Genova, e vi que onde desapareceram as imagens da Virgem Maria ou dos santos, encontrei a imagem do Papa João. Isso para mim foi uma grande lição".
Em 27 de setembro, um mês antes de ser eleito Papa, em Castelfranco Vêneto, comemorava-se o centenário da ordenação sacerdotal de Pio X. Estavam convidados todos os bispos e párocos do Vêneto, e todos os bispos nativos do Vêneto. Um destes nativos escreveu renunciando ao convite porque não concordava com a linha pastoral do Cardeal Patriarca de Veneza. Roncalli não se ofendeu. Quando um mês depois foi eleito papa, este bispo escreveu para mim dizendo: "Sei da grosseria que fiz com o patriarca de Veneza. Escrevi de impulso que eu não partilhava sua linha (vivia numa região chamada vermelha). Diga ao Santo Padre que coloco a diocese nas suas mãos". Eu peguei a carta e a coloquei sobre a mesa do papa, que, não irritado, me perguntou: "Por que ele escreveu para você? Contata o Dell'Acqua, faz chamar o bispo ao telefone para dizer-lhe que, se ainda não enviou a carta de demissão, que a retire, porque o papa não a aceita. Ele agiu em sua consciência e sua liberdade como bispo e como pessoa". Em seguida, ele o quis receber e tratou-o com carinho: "Algumas vezes dizem do senhor "excesso de zelo"... Mas eu não me permito dizer nada, porque o senhor sofreu na carne o que eu não sofri".
Recebe um bispo alemão, amigo próximo de Pio XII, que lhe diz: "Santidade, o Papa Pio XII concedeu-me a permissão de, na missa, ler, na diocese, a epístola e o evangelho em alemão". Ele disse: "Se o meu predecessor concedeu, de quem tenho tanta estima e veneração, continue". O Santo Ofício prontamente adverte: "Nós tínhamos revogado essa permissão". Ele poderia ter argumentado: A permissão foi dada por alguém que foi papa durante 19 anos, e que vocês exaltaram ... Agora eu devo desautorizar-me a mim mesmo. Mas no fim, ele concluiu: "Se o Santo Ofício tomou esta decisão, o papa se uniforma".
Uma vez me acusaram de entreter relações quase diárias com Giorgio La Pira – o que não era verdade, mas era necessário reiterar que o secretário do Papa não podia falar com aquele homem (com ele, Balducci, Aldo Moro e tantos outros, que não podiam ser vistos em Roma). O papa, no entanto, me disse: "Você tem que se encontrar com eles, são irmãos; se dizem algo de errado, nós o faremos presente; mas se é só porque estão um passo à nossa frente, este é o sentido do evangelho; não podemos impedir a um irmão de caminhar".
Uma Igreja pobre e casta
Em certa ocasião, recebe o card. Alberto di Jorio, da Governadoria, que presta contas ao papa pela administração da Santa Sé. O papa ouve e, em seguida, escreve: "A situação econômica é boa, temos tantos funcionários, e está assegurado também o pão para eles. Mas eu me pergunto: em tal abundância, não seria bom lembrar-se também de "quod superest date pauperibus?" É a pergunta do papa atual. Naquele tempo, a Santa Sé dava bastante para Itália. Mantinha todos os professores dos seminários regionais, mantinha L’Avvenire d”Italia, todos os assistentes da Ação Católica e da ACLI, as paróquias de Roma ... Um pároco romano, de manhã cedo, me telefona: O temporal desta noite derrubou todos os vitrais, manda o mais rapidamente possível a Floreria (escritório que naquele tempo fornecia a manutenção dos edifícios da Santa Sé) ... Abusos. Ele se perguntava sobre isto continuamente.
Hoje há mais regras. Chegou a "providência" dos 8 × 1000, mas ainda há quem abuse. Um pão para cada dia, roupas e um pouco de férias são garantidos para todos os sacerdotes. Não sei se é o ideal. Não creio também que mendigar seja o ideal. Em 1085, Papa Gregório VII morreu em Salerno: "Morro no exílio porque amei a justiça e sonhei levar a Igreja, esposa de Deus, às suas origens; sonho com uma Igreja livre, casta, católica". Casta, na minha opinião, significa também humilde, misericordiosa, bondosa, familiar, cordial. Poderia ser este o projeto para a Igreja de hoje. Se todos, juntamente com o Papa - escolhido entre os bispos do mundo inteiro não para impor alguma coisa, mas para propor e maturar juntos - o fizéssemos nosso próprio projeto, estaríamos, de fato, no início do dia cristão. Tantum aurora est. ... Neste ponto, vocês deveriam responder: "Amém"!
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“Tantum aurora est”. "Estamos apenas começando a compreender um pouco melhor o evangelho" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU