26 Abril 2016
Sem Terra de todo o país estão em marcha para recolocar a reforma agrária na agenda política e para defender a democracia, ameaçada pelo processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), que é analisado no Senado. Em pelo menos três regiões (Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste), os trabalhadores organizam suas fileiras para marchar até as capitais, passando em vários cantos do país, num amplo processo de diálogo na base da sociedade por um projeto popular.
A informação foi publicada por MST, 25-04-2016.
Em Minas Gerais, marcha reúne 3 mil manifestantes e deverá percorrer 400 quilômetros até Belo Horizonte|Foto:MST.
As marchas fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e em Defesa da Democracia e, na maior parte dos Estados, são realizadas em parceria com a Frente Brasil Popular. Já são mais de 6 mil pessoas em marcha, segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nos estados da Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Norte. Também acontecem mobilizações num acampamento organizado em Salvador, na Bahia.
Desde o início do mês de abril, diversas atividades têm sido realizadas para relembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996 na Curva do S, PA-150. Após 20 anos do assassinato brutal de 21 sem terra pela Polícia Militar, a paralisia da reforma agrária continua sendo o grande gerador de conflitos no campo brasileiro, segundo analisa o MST.
Em Minas, início das atividades teve Pepe Mujica
Em Minas Gerais, Mais de 3 mil trabalhadores de diversos movimentos populares realizam a Marcha pela Democracia, que se iniciou num ato no dia 21 de abril, com a presença do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, ocasião em que recebeu a Medalha Tiradentes. Com cerca de 200 quilômetros de marcha, os manifestantes devem chegar nesta terça (26) à capital Belo Horizonte, com programações culturais e ato político.
“A marcha é pedagógica para os trabalhadores e trabalhadoras que participam dela e também para os que assistem a passagem. Ao mesmo tempo que demonstramos força e resistência no processo de 6 dias de luta, vamos deixando o recado para os brasileiros de que este atentado à democracia não passará tão facilmente”, explicou Beatriz Cerqueira, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), em referência ao processo de impeachment.
Apoio das universidades na Paraíba
Já na Paraíba, cerca de 400 sem terra partiram da segunda maior cidade do Estado, Campina Grande, em direção à capital João Pessoa, na V Marcha Estadual do MST. Com chegada na Capital prevista para esta terça-feira (26), após 135 quilômetros de caminhada, a marcha tem recebido apoio em todos os municípios por onde passou: integrantes dos Sindicatos do Polo da Borborema, da ASP-TA, da Frente Brasil Popular e das instituições de ensino superior, como Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que têm preparado recepções para os manifestantes.
Em Mato Grosso, marcha relembra massacre em Eldorado
Em Mato Grosso, a Marcha por Reforma Agrária, Democracia e contra a Impunidade reúne cerca de 600 manifestantes, que caminham desde a zona rural de Cuiabá, na BR-364, cobrando a retomada da reforma agrária e a punição dos envolvidos no massacre de Eldorado dos Carajás. Na opinião dos manifestantes, casos como o do massacre de Eldorado se repetem (como o ocorrido há poucos dias no Paraná), justamente, pela morosidade do Estado em realizar a política agrária. Recentemente, dois sem terra foram mortos no acampamento Dom Tomás Balduíno, na região de Quedas do Iguaçu, no centro do estado do Paraná, por policiais militares, funcionários da Araupel e seguranças privados. Na chegada à Cuiabá nesta terça (26), após 40 quilômetros de marcha, estão previstos atos na universidade e no centro da cidade.
Em Alagoas, a caminhada partiu da cidade de União dos Palmares em direção à capital Maceió|Foto:MST.
Em Alagoas, marcha partiu do berço da resistência
Mais de 1,5 mil sem terra partiram na manhã desta segunda-feira (25) da cidade de União dos Palmares, berço da resistência negra do Quilombo dos Palmares, Alagoas, onde realizaram o ato político de abertura da Marcha Estadual em defesa da Reforma Agrária, da Democracia e contra o Golpe. São previstos 80 quilômetros de caminhada até a capital Maceió, quando devem chegar na próxima quinta-feira (28), realizando uma série de atividades culturais pelo caminho e na chegada à Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com destaque para sessões do Cinema na Terra, todas as noites em cada cidade percorrida.
Na passagem pelo Centro de Ciências Agrárias da UFAL, no município de Rio Largo, será lançado o Comitê Estadual da Campanha Permanente Contra o Uso dos Agrotóxicos e pela Vida. Integram a marcha oito movimentos de luta pelo acesso à terra em Alagoas: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Via do Trabalho (MVT), Movimento Unidos pela Terra (MUPT) e Terra Livre.
No Rio Grande do Norte, marcha tem por objetivo chegar à Capital Naal, onde será montado um acampamento: Foto: MST.
Em Rio Grande do Norte, mais de 500 se reúnem na Marcha Potiguar pela Reforma Agrária e em Defesa da Democracia que partiu nesta segunda-feira (25) da cidade de Ceará-Mirim em direção a Natal. Depois de cerca de 42 quilômetros de caminhada, a previsão é erguer um acampamento na Capital, concentrando atividades da Frente Brasil Popular, sem data prevista para se encerrar. Na chegada a Natal, os manifestantes participam de programações culturais no ato conhecido como “Zona Norte contra o Golpe”, que reunirá movimentos populares em uma das zonas da periferia da Capital.
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Sem terra fazem marcha pelo país em defesa da democracia e pela reforma agrária - Instituto Humanitas Unisinos - IHU