Por: Jonas | 15 Abril 2016
A Igreja Católica do Uruguai pediu “perdão” e ofereceu “compromisso” aos menores que foram vítimas de abusos sexuais por parte de “sacerdotes e consagrados” dessa confissão religiosa, após receber duas denúncias de casos na Arquidiocese de Montevidéu, informaram, hoje, fontes eclesiásticas.
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 14-04-2016. A tradução é do Cepat.
“Queremos fazer um comunicado pedindo perdão às vítimas e manifestando nosso desejo de poder colaborar, acompanhar e receber todas as denúncias que se queiram fazer para poder sanar isto”, disse o bispo Milton Tróccoli, porta-voz da Conferência Episcopal do Uruguai (CEU).
“Realmente é uma dor muito grande para a Igreja e uma vergonha que nos dá que isto tenha ocorrido”, afirmou na continuidade.
Assim, no comunicado ao qual o prelado fez referência, a Conferência Episcopal pede “perdão” às pessoas que sofreram abusos por parte de alguns clérigos e religiosos” do país.
“Sentimos dor e vergonha, já que são atos de pessoas que prometeram servir a Deus e ao próximo e, ao contrário, cometeram atos aberrantes”, disse o escrito.
Até o momento, das duas denúncias recebidas, uma já se encontra processada, ao passo que a segunda está sendo investigada, ao mesmo tempo em que foi habilitado um telefone para que as vítimas de abusos sexuais, por parte de religiosos, possam receber apoio da Igreja.
Fonte: http://goo.gl/NwQgwW |
“Haverá especialistas que receberão esses telefonemas e que combinarão um encontro pessoal com as vítimas ou lhes indicarão uma referência para poder dialogar e canalizar suas denúncias”, disse Tróccoli.
Além disso, a Igreja continuará aplicando o protocolo de ação frente a denúncias de abuso sexual, que foi realizado “com a ajuda de profissionais especialistas”, há quatro anos.
Após o estabelecimento do protocolo, uma equipe da Igreja Católica chilena integrada por “sacerdotes, psicólogos e advogados” assessorou as autoridades eclesiásticas a respeito do tema e o centro de prevenção de abusos sexuais em Roma oferece alguns cursos on-line.
Deste modo, a Igreja pretende trabalhar na prevenção “com educadores de colégios e catequistas” para criar “ambientes seguros, onde os pequenos possam estar bem, tranquilos e tendo respeitada a sua dignidade”, disse Tróccoli.
O porta-voz da CEU expressou que a postura da Igreja uruguaia será a mesma do Papa Francisco de “tolerância zero e de processar com o maior rigor todas as denúncias”.
O comunicado também “reafirma o valor da consagração a Deus mediante o celibato, que a Igreja mantém como uma forma especial de seguimento dos discípulos de Jesus” e apela para “a ajuda de Deus e o apoio dos irmãos” para superar o “desgaste e as fragilidades” destas condutas humanas.
Comunicado dos bispos uruguaios
Há quatro anos, nós, bispos, estamos oferecendo especial atenção a este tema. Primeiramente, com a ajuda de profissionais especialistas, elaboramos o Protocolo de ação frente a denúncias de abuso sexual a menores, por parte de clérigos. No ano passado, recebemos os membros da equipe de prevenção de abusos da Igreja do Chile, que é integrada por sacerdotes, psicólogos e advogados, e estamos empenhados na criação de uma comissão para a prevenção de abusos em nossa Igreja.
Ao mesmo tempo, cada congregação religiosa e instituto de vida consagrada elaborou seu próprio protocolo para atender denúncias contra seus membros.
Pedimos perdão às pessoas que sofreram abusos por parte de alguns clérigos e religiosos, em nosso país. Sentimos dor e vergonha já que são pessoas que tendo prometido servir a Deus e ao próximo, cometeram atos aberrantes.
Todos sabem que, infelizmente, fatos como estes são denunciados há alguns anos em diversos países, e sobre todos os estratos da sociedade. No entanto, de modo algum se pode justificar que ocorram na Igreja. Fazemos nossas as palavras que Bento XVI dirigiu aos autores de fatos semelhantes: “traíram a confiança depositada em vocês por pais que lhes confiaram seus filhos. Devem responder por isso diante do Deus todo-poderoso e diante dos tribunais devidamente constituídos”.
Frente às denúncias de casos de pessoas prejudicadas, reiteramos nossa firme disposição em recebê-las, escutá-las e acompanhá-las, investigando e procedendo com rigor de acordo com o Protocolo antes mencionado. Também manifestamos nossa total disponibilidade para colaborar com a justiça.
Ao mesmo tempo, reconhecemos a generosidade da grande maioria de sacerdotes e consagrados que, diariamente, entregam sua vida a serviço do próximo. Reafirmamos o valor da consagração a Deus mediante o celibato, que a Igreja mantém como uma forma especial de seguimento dos discípulos de Jesus.
Nossa tarefa diária nos coloca em contato com a fragilidade humana. Somos conscientes das misérias próprias e alheias, e da necessidade da ajuda de Deus e o apoio dos irmãos que nos sustentam. Assim, poderemos superar desgastes e fragilidades. A fidelidade do cristão, em qualquer opção de vida, é um dom e também uma responsabilidade.
Comprometemo-nos a continuar examinando com cuidado as motivações e atitudes dos futuros sacerdotes, e também na adequada formação para a prevenção daqueles que colaboraram nas comunidades, instituições ou obras sociais eclesiais.
Bispos da Conferência Episcopal do Uruguai
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A Igreja uruguaia pede perdão e oferece “compromisso” às vítimas de abusos sexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU