Por: Jonas | 07 Março 2016
Já são mais de 11.000 migrantes que se amontoam na pequena cidade grega de Idomeni à espera que a Macedônia, que na quarta-feira só permitiu a entrada de 510 pessoas, suspenda sua política de bloqueio fronteiriço, informaram ontem os meios de comunicação gregos. Estas pessoas estão bloqueadas como consequência de novas restrições impostas por vários países dos Balcãs, o que pode degenerar em uma crise humanitária de forma iminente, segundo a ONU.
A reportagem é publicada por Página/12, 04-03-2016. A tradução é do Cepat.
Na quarta-feira, as autoridades começaram a construir outro acampamento provisório de refugiados, em Idomeni, e o governo criará um comitê de crise permanente frente ao agravamento da situação em seu território, onde permanecem parados milhares de refugiados, diante das restrições de países vizinhos. O novo comitê se chamará Centro de Coordenação para a Gestão da Crise de Refugiados e sua função será coordenar a repartição da ajuda humanitária, a construção e administração de acampamentos e o fornecimento de alimentos.
Da Grécia, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, solicitou aos “migrantes econômicos” a não viajar para Europa. “Apelo para todos os potenciais imigrantes ilegais econômicos, sejam de onde for, a não vir a Europa. Não acreditem nos traficantes. Não arrisquem suas vidas e seu dinheiro”, apelou Tusk após se reunir com o primeiro-ministro Alexis Tsipras. Tusk estava em Atenas como parte de uma turnê motivada pela crise nos países afetados pela chegada massiva de migrantes, antes de uma reunião entre a União Europeia e a Turquia sobre a crise migratória, no dia 7 de março. Depois, o presidente do Conselho Europeu se dirigirá a Ancara, onde conversará com o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu. Este chamado acontece após a União Europeia propor, na quarta-feira, um pacote de ajuda humanitária de 700 milhões de euros para os países mais atingidos por esta crise, entre eles a Grécia.
Tusk afirmou que a permissividade na entrada do fluxo de refugiados irá terminar e Tsipras criticou a negativa de alguns países da União Europeia que rejeitam fazer parte ativa na distribuição igualitária de refugiados. Também condenou o fechamento arbitrário das fronteiras dentro do bloco. “A Grécia não irá se tornar, de modo algum, um campo de almas perdidas”, afirmou o primeiro-ministro.
Dentro da União Europeia, tanto Dinamarca como Suécia anunciaram, ontem, que controlarão suas fronteiras até inícios de abril. A Suécia já controla sistematicamente todas as pessoas procedentes da Dinamarca em trens, ônibus e embarcações, enquanto as autoridades dinamarquesas efetuam controles aleatórios em sua fronteira com a Alemanha. Essas regras, segundo se anunciou ontem, continuarão vigentes até o dia 3 de abril na Dinamarca e ao menos até o dia 8 de abril na Suécia.
“A Europa fracassou em sua missão de proteger suas fronteiras exteriores”, afirmou o ministro do Interior sueco, Anders Ygeman, ao término de uma reunião de gabinete. “Até que não vejamos uma solução europeia conjunta, a Suécia é obrigada a tomar medidas nacionais, a curto prazo”, afirmou.
Além dos controles nas fronteiras, esse país anunciou que planeja endurecer as normas para dar asilo, como, por exemplo, não oferecer residência permanente a todas as pessoas que recebem permissão. A Suécia, que tem uma população de quase dez milhões de pessoas, é, junto com Alemanha e Áustria, um dos principais destinos procurados por pessoas que solicitam asilo, provenientes do Iraque e da Síria.
Diante de tudo isto, Bruxelas divulgou um projeto da Comissão Europeia que propõe traçar um plano para que se suspendam os novos controles adotados dentro da área Schengen. No documento, a Comissão adverte sobre o custo econômico que teria a reincorporação de controles fronteiriços e afirma que a medida afetaria em particular o transporte de mercadorias e o trânsito de muitos empregados que viajam todos os dias de um país para outro do bloco.
Outro foco da crise transcende o espaço Schengen: no norte da França, leva-se adiante o desmantelamento de parte do acampamento de refugiados de Calais, onde se amontoam migrantes que querem continuar a viajem para o Reino Unido, que não pertence ao espaço de livre circulação.
Ontem, o presidente francês François Hollande conversou sobre a situação com o primeiro-ministro britânico, David Cameron. Ambos acordaram que os refugiados menores, não acompanhados, poderão viajar ao Reino Unido, caso tenham familiares ali. Os casos serão avaliados pelos ministérios dessas áreas, foi anunciado ontem. Além disso, os mandatários destacaram a importância de conseguir uma postura realista, efetiva e comum na reunião que acontecerá entre a União Europeia e a Turquia, na próxima segunda-feira.
Mais de 130.000 migrantes chegaram a Europa desde janeiro, segundo números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). A maioria destes migrantes passou pela Grécia após cruzar o Mediterrâneo a partir da Turquia.
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Uma bomba na fronteira grega - Instituto Humanitas Unisinos - IHU