20 Mai 2015
Desde as 5 h da manhã desta segunda, 18, cerca de 150 pescadores e ribeirinhos cercaram a sede do Consórcio Norte Energia, responsável pela construção da usina de Belo Monte, com mais de 700 metros de redes, impedindo a entrada de funcionários e da diretoria. Os manifestantes exigem a continuidade das negociações sobre indenizações para o setor da pesca, uma vez que centenas de famílias perderam a sua principal atividade econômica com a construção da hidrelétrica. A Norte Energia tem se negado a reconhecer os impactos e negociar as indenizações.
A reportagem foi publicada pelo sítio Movimento Xingu Vivo Sempre, 18-05-2015.
No início da manhã, o gerente jurídico da Norte Energia, Arlindo Gomes Miranda, chegou a tentar a entrada no escritório, mas, impedido pelos pescadores, deixou o carro no local e se retirou com xingamentos, afirma a pescadora Maria das Graças. “Ele ficou irritado e começou a bater boca com as mulheres, chamou a gente de otárias e foi muito agressivo, mandou uma moça se f…, imagine isso”.
Maria das Graças foi desalojada de sua terra e recebeu uma pequena compensação, que possibilitou a compra de uma casinha na periferia de Altamira. “Minha outra casa era linda, tinha dezenas de árvores de fruta, hoje não tenho mais nada. Eu tinha meu comércio de peixe, que meu marido é pescador.
Hoje em Altamira a gente não tem do que viver. Continuo vendendo um pouco de peixe, mas é pescado que vem do Maranhão, de Macapá, tenho todas as notas”. De acordo com a pescadora, a Norte Energia também exige que os pescadores retirem suas canoas do rio em um prazo de 20 dias, uma vez que quer construir um cais no local. “Vamos fazer o que com os nossos barcos? Botar dentro de casa? Vamos permanecer aqui até que nossas reivindicações sejam tendidas, e se vierem com esse papel (interdito proibitório) que diz que a gente tem que pagar 2 mil reais por dia, a gente não sai. Faz vaquinha pra levantar o dinheiro, mas não sai!”, diz Maria das Graças.
Agricultores trancam Transamazônica
De acordo com informações do jornalista Felype Adms, de Altamira, também desde as 5h desta manhã cerco de 650 agricultores ligados a Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) na região bloquearam desde a Transamazônica. Segundo post no facebook de Adms, as entradas de todos os canteiros de obras de Belo Monte amanheceram fechadas. “Quem trafega pela rodovia vai encontrar bloqueio na entrada do Sítio Pimental, no km 27 entre Altamira e Belo Monte, e no km 55, onde está o principal sítio da Obra.
Ainda segundo o facebook do jornalista, os agricultores montaram tendas na rodovia. O Movimento Pela Garantia dos Direitos das Populações da Transamazonica e Xingu apresenta uma pauta bastante extensa de reivindicações. Os protestos começaram ainda no domingo na entrada do km 27 e nesta segunda às manifestações tomaram proporções ainda maiores. Autoridades governamentais e representantes da empresa Norte Energia e Consórcio Construtor Belo Monte devem realizar reunião emergência ainda hoje.
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Belo Monte paralisada: Pescadores cercam sede da Norte Energia e agricultores fecham Transamazônica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU