18 Fevereiro 2015
“A bênção do Santo Padre significa muitíssimo para nós e lhe agradecemos pela atenção que quis dirigir-nos e pelo interesse que demonstra pelo nosso trabalho e pelo de todos aqueles que se empenham na luta contra o abuso sexual de menores”. Assim, Hans Zollner SJ, diretor da faculdade de psicologia da Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG), comenta a mensagem de encorajamento que, enquanto presidente da estrutura, recebeu do Papa por ocasião da apresentação da nova fisionomia do ‘Centro de proteção dos menores’ (Center for child protection – CEP). Após uma fase piloto de três anos iniciada em Munique, o Centro se transferiu realmente a Roma, junto à sede da PUG, para continuar sua atividade de prevenção, formação e pesquisa no setor de oposição aos abusos sexuais sobre menores e pessoas vulneráveis.
A reportagem é de Fabio Colagrande, publicada por Rádio Vaticana, 17-02-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Um empenho de longo prazo
“Para a Igreja universal a ação de prevenir eficazmente os abusos sexuais sobre menores é um grande objetivo que não pode ser atingido rapidamente, mas é uma tarefa na qual devemos estar empenhados a longo termo”, explica P. Zollner. “Penso que com o nosso programa de formação podemos fornecer uma ajuda àqueles países onde há pouca ou nenhuma atenção a este terrificante tema dos abusos, da negligência emotiva e do abandono. Todas as ações que vêem como vítimas menores ou adultos vulneráveis”.
A colaboração com a Comissão para a proteção dos menores
Padre Zollner é membro da Comissão pontifícia para a proteção dos menores instituída pelo Papa Francisco em março de 2014.
Pode existir uma colaboração entre esta e o Centro para a proteção dos menores?
As possibilidades são tantas”, explica. “De fato a Comissão pontifícia indicará algumas tarefas a organizações e instituições que trabalham também no campo psiquiátrico. Por exemplo, para ajudar os psiquiatras a redigir avaliações que possam ser compreendidas pelos advogados e pelos juízes dos tribunais eclesiásticos. Outro setor no qual o Centro poderia colaborar com a Comissão é aquele dos estudos específicos sobre o tema da formação dos formadores ao sacerdócio e à vida consagrada. Em particular as pesquisas que dizem respeito à parte emotiva psico-afetiva e psico-sexual, na formação humana de todos os seminaristas e todos os religiosos do sexo masculino e feminino. É um campo muito vasto porque não basta elaborar linhas gerais, mas estas são implementadas pelas igrejas locais e adaptadas às culturas regionais”.
Uma nova geração de pastores
Um tema emerso na primeira plenária da Comissão pontifícia para a proteção dos menores é aquele da ‘accountability’, isto da prestação de contas, da responsabilidade dos bispos. Alguns deles foram de fato acusados no passado de haver coberto ou abafado casos de abusos cometidos por clérigos. Também neste setor – explica o p Zollner – o CCP poderá dar uma contribuição.
“Certamente nós devemos formar uma nova geração de pastores que não se opõem às leis civis, como tem sucedido no passado, embora tenha sido em poucos casos”. “Pastores que não somente sigam as normas do Direito canônico com respeito a estes casos de abusos, mas que sejam também proativos em tomar medidas de proteção dos menores e em criar espaços seguros dentro das paróquias, nas escolas católicas, nos asilos e nos orfanatos”.
“Repito – conclui o presidente do Centro para a proteção dos menores – é um trabalho de longo prazo. Mas, por sorte há tantas pessoas que querem colaborar com este objetivo e penso que devemos tirar proveito deste momento histórico, com o apoio do Papa, para atingir pessoas que até agora eram um pouco titubeantes”.
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Abusos sexuais. Em alguns países pouca atenção, constata Hans Zollner - Instituto Humanitas Unisinos - IHU