14 Dezembro 2018
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
Pálido ponto azul
Terra, minha querida,
Grande Mãe e Casa Comum.
Vieste nascendo lentamente,
Há milhões e milhões de anos,
Grávida de energias criadoras.
Teu corpo, feito de pó cósmico,
Era uma semente no ventre
Das grandes estrelas vermelhas,
Que depois explodiram,
Lançando-te pelo espaço ilimitado.
Vieste aninhar-te, como embrião,
No seio de uma estrela ancestral,
No interior da via láctea,
Transformada depois em Super Nova.
Ela também sucumbiu
De tanto esplendor.
E vieste então parar
No seio acolhedor de uma Nebulosa,
Onde já, menina crescida,
Perambulava em busca de um lar.
E a nebulosa se adensou,
Virando um Sol esplêndido
De luz e calor.
Ele se enamorou de ti, te atraiu
E te quis em sua órbita,
Junto com Marte, Mercúrio, Vênus
E outros planetas.
E celebrou o esponsal contigo.
De teu matrimônio com o Sol
Nasceram filhos e filhas,
Frutos de tua ilimitada fecundidade,
Desde os mais pequenininhos,
Bactérias, vírus e fungos
Até os maiores e mais complexos seres vivos,
Como os dinossauros.
E como expressão nobre da história da vida,
Nos geraste, homens e mulheres.
Através de nós, tu, Terra querida,
Sentes, pensas, amas, falas e veneras.
E continuas crescendo, embora adulta
Para dentro do universo
Rumo ao Seio do Deus-Pai-e-Mãe
De infinita ternura.
Dele viemos e para ele retornamos
Com uma implenitude
Que só Ele pode preencher.
Queremos, ó Deus Pai e Mãe de bondade,
Mergulhar em ti
E ser um contigo para sempre
Junto com a Mãe Terra (...)”.
Fonte: Leonardo Boff. Reflexões de um velho teólogo e pensador. Petrópolis: Vozes, 2018, p. 193-194.
Leonardo Boff (Foto: Mídia Ninja)
Leonardo Boff é doutor em teologia pela Universidade de Munique, na Alemanha. Foi professor de teologia sistemática e ecumênica com os Franciscanos em Petrópolis e depois professor de ética, filosofia da religião e de ecologia filosófica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Referência no campo da Teologia, é um dos fundadores da Teologia da Libertação. Em 1985, foi condenado a um ano de silêncio obsequioso pelo ex-Santo Ofício, por suas teses no livro Igreja: carisma e poder (Record). A partir da década de 1980, dedicou-se à questão ecológica como prolongamento da Teologia da Libertação. Foi membro da Ordem dos Frades Menores (franciscanos) até 1992, quando pediu seu desligamento da congregação e do sacerdócio, dedicando-se exclusivamente aos estudos teológicos. Agora em 2018, quando celebra seus 80 anos de vida, está lançando Reflexões de um velho teólogo e pensador (Petrópolis: Vozes, 2018).
Entre os inúmeros livros publicados, destacamos: Reflexões de um velho teólogo e pensador (Petrópolis: Vozes, 2018), Ecologia, Mundialização, Espiritualidade (Rio de Janeiro: Record, 1993), Civilização planetária (Rio de Janeiro: Sextante, 1994), A voz do arco-íris (Rio de Janeiro: Sextante, 2000), Saber cuidar (Ed. 20. Petrópolis: Vozes, 2014), Ética e ecoespiritualidade (Petrópolis: Vozes, 2011), Homem: satã ou anjo bom (Rio de Janeiro: Record, 2008), Evangelho do Cristo cósmico (Rio de Janeiro: Record, 2008), Do iceberg à Arca de Noé (Rio de Janeiro: Sextante, 2002), Opção Terra. A solução da Terra não cai do céu (Rio de Janeiro: Sextante, 2009), Proteger a Terra-cuidar a vida. Como evitar o fim do mundo (Rio de Janeiro: Record, 2010), Ecologia: grito da Terra, grito do pobre (Petrópolis: Vozes, 1995).
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Leonardo Boff na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU