02 Fevereiro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,29-39 que corresponde ao Quinto Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Na sinagoga de Cafarnaum, Jesus libertou pela manhã um homem possuído por um espírito maligno. Agora se diz que sai da «sinagoga» e parte para a «casa» de Simão e André. A indicação é importante, pois no evangelho de Marcos o que sucede nessa casa encerra sempre algum ensinamento para as comunidades cristãs.
Jesus passa da sinagoga, lugar oficial da religião judia, à casa, lugar onde se vive a vida quotidiana junto aos seres mais queridos. Nessa casa vai-se formando a nova família de Jesus. Nas comunidades cristãs temos de saber que não é um lugar religioso onde se vive da Lei, mas um lar onde se aprende a viver de forma nova em torno a
Jesus.
Ao entrar na casa, os discípulos falam-lhe da sogra de Simão. Não pode sair a acolhê-los, pois está prostrada na cama, com febre. Jesus não necessita de mais. De novo vai quebrar o sábado pela segunda vez no mesmo dia. Para Ele, o importante é a vida sã das pessoas, não as observâncias religiosas. O relato descreve com todo o detalhe os gestos de Jesus com a mulher doente.
«Aproximou-se». É o que faz sempre primeiro: aproximar-se dos que sofrem, olhar de perto o seu rosto e partilhar o seu sofrimento. Logo «a segura pela mão»: toca a doente, não teme as regras de pureza que o proíbem; quer que a mulher sinta a Sua força de curar. Por fim «levantou-a», coloco-a de pé, devolveu-lhe a dignidade.
Assim está sempre Jesus no meio dos seus: como uma mão estendida que nos levanta, como um amigo próximo que nos infunde vida. Jesus só sabe servir, não ser servido. Por isso a mulher curada por Ele se põe a «servir» todos. Aprende-o com Jesus. Os seus seguidores, temos de viver acolhendo-nos e cuidando-nos uns aos outros.
Mas seria um erro pensar que a comunidade cristã é uma família que pensa só nos seus próprios membros e vive de costas para o sofrimento dos outros. O relato diz que esse mesmo dia, «ao pôr-se o sol», quando havia terminado o sábado, levam a Jesus todo tipo de doentes e possuídos por algum mal.
Os seguidores de Jesus, temos de gravar bem esta cena. Ao chegar a obscuridade da noite, toda a população, com os seus doentes, «acotovela-se à porta». Os olhos e as esperanças dos que sofrem procuram a porta dessa casa onde está Jesus. A Igreja só atrai de verdade quando as pessoas que sofrem podem descobrir dentro delas Jesus curando a vida e aliviando o sofrimento. À porta das nossas comunidades, há muita gente que sofre. Não o esqueçamos.
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