07 Setembro 2017
«Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Caso ele não dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos.
Eu lhes garanto: tudo o que vocês ligarem na terra, será ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra, será desligado no céu. E lhes digo ainda mais: se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles».
Leitura do Evangelho segundo Mateus 18,15-20 (Correspondente ao 23° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Ressoam em nosso interior as últimas palavras de Jesus: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles”. A narrativa começa com o compromisso. Se for o caso de corrigir o próximo, é preciso fazê-lo em segredo.
Não é necessário dialogar com todas as pessoas para ter certeza daquilo que pensamos e, geralmente, para difundir o erro da pessoa. Jesus não promove a fofoca. Pelo contrário! Nas suas palavras aprecia-se um amor muito grande por cada um e cada uma.
O ditado popular promove o contrário: “cada um por si, Deus por todos”, ou seja, não devo preocupar-me com o que acontece a meu irmão/ã, ele/ela que se “vire”!
Apresenta-nos um caminho de amor como o seu, que não se preocupa com as opiniões dos que se alimentam dos erros dos outros. Suas dicas e orientações são para amar como ele, ou seja, viver amando até o extremo e construir assim relações fraternas e uma sociedade justa.
Além de nos mostrar o caminho para construir um mundo diferente, Jesus nos assegura Sua presença, as últimas palavras do evangelho de hoje o mostram claramente:
O tema deste evangelho é a responsabilidade uns pelos outros/as, por isso é necessária a correção fraterna: “Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois”.
Quantas coisas vemos diariamente ao nosso redor, na nossa família, lugar de trabalho, estudo, em meu grupo de amigos/as, que está errado! Quantas vezes somos testemunhas de atitudes ou posicionamentos equivocados de pessoas próximas! E o que fazemos?
O mais rápido e fácil seria emitir juízos condenatórios sobre essa pessoa e ficar calado/a diante da situação. Ou, para piorar, além da condenação inicia-se uma corrente de “fofoca”: “viu o que essa pessoa fez..., “que horror, e não é a primeira vez...” e assim vai.
A proposta de Jesus é totalmente contrária. Ser responsável por meu irmão/ã me compromete a ajudá-lo/a no momento em que ele/a fraqueja, erra. Não para condená-lo/a e menos ainda para falar sobre seus erros a outras pessoas.
Convida-nos a ter uma atitude ativa e ir a sua busca para lhe mostrar amigavelmente onde errou e ajudá-lo/a a mudar.
Pode ser que nosso/a amigo/a não queira reconhecer seu erro ou mudar de conduta, então a reação natural que pode surgir é abandoná-lo/a a seu destino, pois não quis nos escutar, já nada podemos fazer.
Mas Jesus ensina a paciência e caridade com as pessoas. Sua misericórdia é infinita e somos chamados a viver com um coração semelhante ao seu: misericordioso, paciente, cheio de compaixão.
Toda pessoa merece outra oportunidade. Ele quer que nosso amor seja paciente, por isso que tenha a capacidade criativa de buscar outros caminhos para a salvação de nosso irmão/ã.
Como disse Walter Kasper: “A palavra misericórdia significa ter um coração pelos miseráveis, estar atento aos outros, ao próximo. Ver onde eles sofrem, onde estão as suas feridas, as suas necessidades. Ter olhos abertos, não ficar indiferente e não fazer parte desta globalização da indiferença da qual o papa falou em Lampedusa e em várias outras ocasiões. Em segundo lugar, é preciso lembrar que a misericórdia não é apenas uma compaixão, mas também é uma atitude, uma virtude ativa. Quer combater a miséria, quer ir ao encontro. Não move só o coração, mas também as mãos e os pés. Faz-nos caminhar, ir ao encontro dos outros. (Texto completo: Misericórdia, virtude exigente. Entrevista com Walter Kasper)
Este ministério de salvação, de reconciliação Jesus o confere à comunidade eclesial, toda ela é responsável por fazer o que for preciso para encaminhar as pessoas no caminho certo. Sempre vivendo e exercendo o mandamento do amor.
Só sendo servidora como seu Mestre e Esposo a Igreja será instrumento de reconciliação e comunhão. Jesus é o Caminho, o nosso caminho a seguir, e ser assim seus discípulos.
“O que move a vida de Jesus é a compaixão e a compaixão é expansiva, tem impacto profundo naqueles(as) que estão ao seu redor. Compaixão desperta compaixão pois ela é mobilizadora dos sentimentos mais nobres presentes no interior de cada um. (Disponível: A compaixão como fonte do chamado)
Por isso causa tanta dor quando vemos que, como comunidade eclesial, não vivemos nossa vocação de serviço, pelo qual em lugar de amar, condenamos, excluímos, dividimos, e colocamos mais fardos no povo de Deus.
Daí a necessidade que temos de nos ajudar para viver com maior coerência nossa vocação eclesial de serviço, e assim nossa comunhão fará presente Jesus entre nós.
Acima de tudo
Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos,
se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia,
o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência;
ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas,
se não tivesse o amor, eu não seria nada.
Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos,
ainda que entregasse o meu corpo às chamas,
se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria.
O amor é paciente, o amor é prestativo;
não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho.
Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse,
não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá.
Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia.
(1° Carta de Paulo aos Coríntios capítulo 13, 1-10)
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A fé e o amor caminham juntos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU