29 Outubro 2016
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 19, 1-10, que corresponde ao 31° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Lucas narra o episódio de Zaqueu para que os seus leitores descubram melhor o que podem esperar de Jesus: o Senhor que invocam e seguem nas comunidades cristãs «veio procurar e salvar o que estava perdido». Não devem esquecer.
Ao mesmo tempo, o seu relato da atuação de Zaqueu ajuda a responder à pergunta que não poucos levam no seu interior: Ainda posso mudar? Não é já demasiado tarde para refazer uma vida que, em boa parte, deixei perder? Que passos posso dar?
Zaqueu é descrito com dois traços que definem com precisão a sua vida. É «chefe de publicanos» e é «rico». Em Jericó todos sabem que é um pecador. Um homem que não serve a Deus, mas sim ao dinheiro. A sua vida, como tantas outras, é pouco humana.
No entanto, Zaqueu «procura ver Jesus». Não é mera curiosidade. Deseja saber quem é ele, que se encerra neste Profeta que tanto atrai as pessoas. Não é tarefa fácil para um homem acomodado no seu mundo. Mas este desejo de Jesus vai mudar a sua vida.
O homem terá que superar diferentes obstáculos. É «de baixa estatura», sobretudo porque a sua vida não está motivada por ideais muito nobres. As pessoas são outro impedimento: terá que superar preconceitos sociais que lhe tornam difícil o encontro pessoal e responsável com Jesus.
Mas Zaqueu prossegue a sua procura com simplicidade e sinceridade. Corre para se adiantar à multidão, e sobe em uma árvore como uma criança. Não pensa na sua dignidade de homem importante. Só quer encontrar o momento e o lugar adequados para entrar em contato com Jesus. Deseja vê-Lo.
É então quando descobre que também Jesus lhe busca, pois chega até aquele lugar, procura-o com o olhar e diz: «O encontro será hoje mesmo na tua casa de pecador». Zaqueu desce e recebe-o em sua casa, cheio de alegria. Há momentos decisivos em que Jesus passa pela nossa vida porque quer salvar o que nós estamos estragando. Não os deixemos fugir.
Lucas não descreve o encontro. Só fala da transformação de Zaqueu. Muda a forma de ver a vida: já não pensa só no seu dinheiro, mas no sofrimento dos outros. Muda o seu estilo de vida: fará justiça aos que explorou e partilhará os seus bens com os pobres.
Mais tarde ou mais cedo, todos corremos o risco de nos «estabelecermos» na vida renunciando a qualquer aspiração de viver com mais qualidade humana. Os crentes têm de saber que um encontro mais autêntico com Jesus pode fazer a nossa vida mais humana e, sobretudo, mais solidária.
Zaqueu, conquistado por um amor exagerado
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