07 Junho 2016
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Fonte: http://bit.ly/1teBkak |
Certo fariseu convidou Jesus para uma refeição em casa. Jesus entrou na casa do fariseu, e se pôs à mesa. Apareceu então certa mulher, conhecida na cidade como pecadora. Ela, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume. A mulher se colocou por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés. Em seguida, os enxugava com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com perfume. Vendo isso, o fariseu que havia convidado Jesus ficou pensando: “Se esse homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, porque ela é pecadora.” Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para dizer a você.” Simão respondeu: “Fala, mestre.”
Certo credor tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas moedas de prata, e o outro lhe devia cinqüenta. Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?”. Simão respondeu: “Acho que é aquele a quem ele perdoou mais.”
Jesus lhe disse: “Você julgou certo.” Então Jesus voltou-se para a mulher e disse a Simão: “Está vendo esta mulher? Quando entrei em sua casa, você não me ofereceu água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. Você não me deu o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Você não derramou óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. Por essa razão, eu declaro a você: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Aquele a quem foi perdoado pouco, demonstra pouco amor”.
E Jesus disse à mulher: “Seus pecados estão perdoados”. Então os convidados começaram a pensar: “Quem é esse que até perdoa pecados?” Mas Jesus disse à mulher: “Sua fé salvou você. Vá em paz!”.
Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos maus e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres, que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam.
(Correspondente ao 11º Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico).
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Locutor: Ricardo Machado
No domingo de hoje, o evangelho de Lucas nos oferece um belíssimo quadro que ilustra a misericórdia de Deus manifestada em Jesus.
A pintura tem como pano de fundo uma refeição, na qual novamente a personagem central é Jesus, mas são desenhadas diferentes atitudes para com ele.
Jesus va a casa do fariseu como seu hóspede. Isto nos revela que o Senhor não faz distinção de pessoas, ele oferece sua amizade e sua proposta de vida a todos/as.
No quadro, irrompe a figura de uma mulher, que se, no início é chamada de pecadora, o gesto dela para com Jesus a revela mais como uma mulher apaixonada.
A descrição que Lucas faz da expressão de amor dessa mulher para Jesus nos traz logo à memória a cena de Betânia do evangelho de João, onde Maria antes da Páscoa unge seu amigo com perfume.
Sem dúvida, nas duas comunidades evangélicas tanto a lucana como a joanina conheciam o amor e respeito de Jesus pelas mulheres e a vida nova que nelas desencadeava.
Nesta história, o evangelista Lucas ilumina esta relação de Jesus com a mulher com o dom da misericórdia, uma das cores preferidas de sua narrativa.
Diante do transbordamento de amor dessa mulher a Jesus, a atitude do fariseu fica como reservada e até um pouco fria e distante.
Devemos antepor a misericórdia ao julgamento como disse Jesus ao fariseu e lembra-nos o Papa Francisco na apertura da Porta Santa deste Ano da Misericórdia
Jesus percebe claramente a diferença e com suas palavras desvela qual é a diferença radical entre a mulher e Simão. Não se trata de personalidades diferentes uma mais efusiva e outra mais tímida, ou diferenças de gênero!
Não, a diversas atitudes são expressão de um reconhecimento ou não da pessoa de Jesus como o Messias, o Ungido de Deus.
Para Lucas, Jesus é o pregador da libertação, da graça, da misericórdia. O que Jesus proclamou de si mesmo na sinagoga de Nazaré se reflete em todas as suas palavras e ações. Aceitá-lo ou rejeitá-lo é o desafio que Lucas lança para os ouvintes de todos os tempos.
Se Simão acreditasse que seu convidado é o "consagrado pela unção" (4,18), aquele que é um profeta (4,24) o teria acolhido com mais cordialidade e carinho.
A mulher certamente já experienciou o amor libertador do profeta de Nazaré, por isso agora lhe retribui publicamente seu agradecimento.
Jesus se apresenta novamente hoje como o Ungido de Deus. Qual é nossa atitude, nos parecemos mais com Simão ou com a mulher?
A gratuidade da misericórdia de Deus na vida das pessoas liberta o amor, devolve a dignidade e abre novas perspectivas de futuro. É o que acontece com essa mulher e tantas outras e outros que se converteram assim em amigas e amigos de Jesus.
Na origem do discipulado de Jesus, está a experiência do Amor que desencadeia o seguimento de sua pessoa. É por isso que, na continuação desta perícope, o evangelista nos apresenta Jesus, continuando sua missão acompanhado por mulheres e por homens.
Seguir Jesus é o único caminho para conhecê-lo cada dia mais, crescer na amizade com Ele e juntos levar adiante sua causa de libertação dos pobres e oprimidos de todos os tempos, continuar proclamando a boa nova da misericórdia de Deus, porque o ano de graça do Senhor se estende até nós!
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Fonte: http://migre.me/eSV4D |
Trovas ao Cristo Libertador
Olhar ressuscitado, todo o teu Corpo
acompanhando a marcha lenta do povo.
Todo Tu debruçado, como um caminho,
traçando em tua Carne nosso destino.
No azul do Argauaia os roxos medos,
no sol de tua glória nosso direitos.
Sangue vivo no verde das índias matas,
faixas gritando viva a Esperança!
Procissão de oprimidos, rezando as lutas,
e Tu, Círio de Páscoa, flor de aleluias.
Páscoa nossa imolada, em Ti enxertados,
como tu perseguidos, por Ti triunfamos.
Libertador, vencido, vencendo tudo.
Companheiro dos pobres, donos do mundo.
Guerrilheiro do Reino, maior guerrilha.
Tua cruz empunhamos em prol da vida.
Nossos mortos retornaram, com nossos passos,
em teu Corpo vivente, ressuscitados.
Em Ti, cabeça nossa, Libertador,
libertos, libertando, erguemo-nos.
Dom Pedro Casaldáliga.
Referências
CASALDÁLIGA, Dom Pedro. Orações da caminhada. Campinas: Ed. Vênus, 2005.
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.