Por: André | 18 Abril 2014
Jesus era um revolucionário: ele enfrentou os poderes civil e religioso do seu tempo, combatendo a exploração, a injustiça e a violência. Ele era profeta: denunciou a religião, opondo-se ao legalismo dos sacerdotes, à condenação e à exclusão dos mais fracos. Ele era um libertador: mostrou um novo rosto de Deus, libertando as pessoas dos fardos da Lei e devolvendo a esperança aos pobres e aos excluídos.
A reflexão é de Raymond Gravel, padre da Diocese de Joliette, Canadá, e publicada no sítio Réflexions de Raymond Gravel, comentando as leituras do Domingo da Páscoa. A tradução é de André Langer.
Eis o texto.
No dia 6 ou 7 de abril do ano 30, um homem, Jesus de Nazaré, foi crucificado às portas de Jerusalém por soldados romanos, sob a pressão do Sinédrio judeu, diante de uma multidão em delírio. Mas quem era este homem para que 20 séculos depois ainda falássemos dele? Esse Jesus era um revolucionário: ele enfrentou os poderes civil e religioso do seu tempo, combatendo a exploração, a injustiça e a violência. Ele era profeta: denunciou a religião, opondo-se ao legalismo dos sacerdotes, à condenação e à exclusão dos mais fracos. Ele era um libertador: mostrou um novo rosto de Deus, libertando as pessoas dos fardos da Lei e devolvendo a esperança aos pobres e aos excluídos.
Esse Jesus não podia morrer ou permanecer morto. É por isso que Deus o ressuscitou; Ele o fez Cristo e Senhor! Ele o fez Páscoa, isto é, passagem da morte para a vida nova. Mas, cuidado! A Ressurreição não é um retorno à vida de antes, porque ninguém o reconheceu. A Ressurreição é um devir da vida. Os evangelhos não nos descrevem o como da Ressurreição; eles nos contam o Cristo ressuscitado. E, para mostrar que não há a necessidade de provar a materialidade e a historicidade do acontecimento, são as mulheres as primeiras testemunhas, quando sabemos que na cultura judaica da época, o testemunho de uma mulher não tinha nenhum valor jurídico. Se todos os evangelistas fazem da Páscoa uma história de mulheres, é para nos dizer que a Ressurreição é em primeiro lugar um parto, um nascimento ou um renascimento: o nascimento de um mundo novo. O exegeta francês Jean Debruynne escreve: “O túmulo está vazio. O Cristo está em outro lugar, ele nos precede, ele está à nossa frente. De agora em diante, a morte dá lugar à vida”.
Mas, onde encontrá-lo hoje? Em nossas sociedades onde as armas da guerra falam mais alto que as armas da paz? Onde os governos continuam a destruir o ambiente? Onde as mulheres e os homens são explorados pelos dirigentes corrompidos e inescrupulosos? Onde a taxa de suicídio é alarmante? E onde a vida humana está ameaçada do começo ao fim? O Cristo ainda está ressuscitado? Onde estão os profetas para anunciá-lo? Onde estão os libertadores para tenhamos esperança?
Pessoalmente, percebo que com a chegada do Papa Francisco, há apenas um ano, ao comando da Igreja de Roma, Cristo sempre está vivo e agindo em nosso mundo. O tom deste papa, seu discurso, suas atitudes, sua maneira de ser, nos dizem alguma coisa da realidade pascal: sentimos uma brisa fresca que sopra na Igreja; ouvimos uma palavra de libertação e de esperança que os cristãos tinham necessidade de ouvir. Vemos nascer esse mundo novo anunciado na manhã da Páscoa, que mulheres e homens anunciavam há muito tempo. De agora em diante, a morte não tem a última palavra sobre a vida! A primavera chegou! Cristo ressuscitou. Aleluia!
Feliz Páscoa 2014.
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Páscoa: a história de um nascimento ou de um renascimento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU