13 Dezembro 2018
É necessário adotar medidas urgentes para abordar a contaminação do solo e conter as múltiplas ameaças que isto representa para a inocuidade e para a segurança alimentar global.
A reportagem foi publicada por ONU Brasil, 12-12-2018.
Milhares de produtos químicos – produzidos comercialmente em grande escala –, resíduos plásticos e eletrônicos ou águas residuais não tratadas podem se converter em fontes de contaminação do solo, abrindo espaço para que os produtos contaminantes entrem na cadeia alimentar, com graves consequências à saúde e ao bem-estar da população.
É necessário adotar medidas urgentes para abordar a contaminação do solo e conter as múltiplas ameaças que isto representa para a inocuidade e para a segurança alimentar global, destacou na semana passada a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em celebração do Dia Mundial do Solo, lembrado em 5 de dezembro.
Milhares de produtos químicos – produzidos comercialmente em grande escala –, resíduos plásticos e eletrônicos ou águas residuais não tratadas podem se converter em fontes de contaminação do solo, abrindo espaço para que os produtos contaminantes entrem na cadeia alimentar, com graves consequências à saúde e ao bem-estar da população.
“Em torno de 33% de todos os solos estão degradados e se deteriorando em ritmo alarmante”, alertou a diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, na cerimônia do Dia Mundial do Solo, celebrada na sede do organismo da ONU, em Roma.
“O solo atua como um filtro para os contaminantes. Mas quando sua capacidade amortecedora é superada, os contaminantes podem chegar ao meio ambiente e à cadeia alimentar. Isto prejudica a segurança alimentar ao fazer com que o consumo destes cultivos represente um risco”, afirmou.
“As atividades humanas são a principal fonte de contaminação do solo. Está em nossas mãos adaptar práticas para uma gestão sustentável do solo”, acrescentou.
Ao mesmo tempo, Semedo fez um pedido para que países “aumentem de forma significativa a investimento em solos saudáveis”, destacando que “manter solos saudáveis ajuda a garantir alimentos inócuos e nutritivos e é essencial para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Fome Zero”.
Este ano, o tema do Dia Mundial do Solo é “Seja a solução para a contaminação do solo”, e a FAO forneceu uma série de recomendações sobre como reduzir a contaminação do solo em nível estadual, industrial e particular.
Por exemplo, as cidades em crescimento estão produzindo montanhas de lixo, que terminam em aterros sanitários que se introduzem no solo. Deste lixo, 80% poderiam ser reciclados.
À medida que o progresso tecnológico é acelerado, os dejetos eletrônicos são considerados uma nova ameaça emergente para os solos. A cada ano, são geradas 50 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos. A FAO recomenda doação ou reciclagem dos aparelhos velhos.
Embora os produtos agroquímicos possam ajudar a satisfazer a crescente demanda mundial de alimentos, eles degradam agroecossistemas e deixam um legado de contaminação do solo.
Quase 60% dos melhores solos agrícolas em 11 países europeus contêm resíduos de diversos pesticidas persistentes. Atualmente, metade destes pesticidas são ilegais. A FAO insta governos a promover a gestão responsável e sustentável dos produtos químicos usados na agricultura.
Um terço do plástico produzido globalmente termina em nossos solos, com partículas plásticas que entram na cadeia alimentar e no meio ambiente. São necessárias políticas e regulamentações ambientais mais rígidas para evitar o uso excessivo de produtos químicos por parte da indústria.
Além disso, todos podem ajudar a resolver o problema, simplesmente levado uma garrafa e uma bolsa de supermercado reutilizáveis e comprando produtos com embalagens reduzidas ou recicladas.
A FAO apresentou na semana passada os principais resultados de sua primeira avaliação econômica do impacto da erosão e da perda de nutrientes do solo.
O estudo foi feito em um projeto-piloto no Malauí – financiado pela iniciativa de Pobreza e Meio Ambiente, realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela ONU Meio Ambiente. O estudo permite uma maior compreensão dos danos econômicos causados pela perda do solo.
Segundo a avaliação, um aumento de 25% na perda do solo no Malauí resultaria na redução do PIB em 0,64%, o que equivale a cerca de 40 milhões de dólares ao ano.
“A degradação do solo tem altos custos econômicos devido à perda da saúde do solo e à redução dos rendimentos agrícolas”, afirmou Semedo. “Os contaminantes podem permanecer no solo durante décadas, o que faz com que a remoção seja extremamente custosa. A prevenção da contaminação do solo deve ser uma prioridade em todo o mundo”.
Durante cerimônia na semana passada, foi entregue o Prêmio Mundial do Solo “Glinka” 2018 ao professor Rattan Lal, presidente da União Internacional de Ciências do Solo (IUSS) por sua destacada contribuição à gestão sustentável do solo.
Lal foi incluído na lista dos cientistas mais influentes do mundo em 2012. Seu trabalho científico contribuiu de forma notável à restauração do carbono orgânico do solo e ao aprimoramento de sua estrutura e também desempenhou um papel importante para levar ciência à política e à tomada de decisões.
O Prêmio Mundial do Solo “Glinka” – que leva o nome do cientista pioneiro russo Konstantin D. Glinka – foi criado pela Aliança Mundial para o Solo com apoio da Rússia em 2016 e honra pessoas e organizações cujas lideranças e atividades contribuíram na promoção de gestão sustentável do solo e na proteção de seus recursos.
Este ano, a Rússia aprovou uma contribuição financeira de 2 milhões de dólares para apoiar atividades da Aliança Mundial para o Solo em sua segunda fase (2018-2020).
Também foi entregue o primeiro Prêmio do Dia Mundial do Solo à Practical Action Bangladesh pela organização da maior celebração do Dia Mundial do solo em 2017.
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Aumento da contaminação do solo ameaça segurança alimentar global - Instituto Humanitas Unisinos - IHU