20 Outubro 2018
"Fique claro que não é um voto pelo mal menor, mas um voto claramente afirmativo", escreve Luiz Alberto Gomez de Souza, sociólogo.
Venho declarar meu voto afirmativo e entusiasta por Fernando Haddad/Manuela d’Ávila. Por testemunhos de pessoas que conviveram de perto com Haddad e que me merecem toda a confiança, foi um esplêndido ministro da Educação, dos melhores, senão o melhor que tivemos nas últimas décadas. Também como prefeito de São Paulo privilegiou programas para toda a população e soube administrar com firmeza uma cidade complexa, na linha do que tinha feito antes Luíza Erundina. Suas manifestações públicas, não aceitando provocações de jornalistas capciosos, trazendo seu programa de maneira clara e didática, ouvindo com atenção a população inquieta, demonstram um candidato capaz de enfrentar, como presidente, os desafios que temos por diante.
Fique claro que não é um voto pelo mal menor, mas um voto claramente afirmativo.
Em segundo lugar, este é um momento decisivo para o país. Nunca, desde a redemocratização, houve tanta ameaça para continuar na lenta e complexa construção da nação brasileira. Há um candidato mal preparado para exercer o cargo de presidente. Suas posições deixam transparecer, além de uma frágil personalidade, uma tendência autoritária ameaçadora. Não podemos esquecer seu voto no caso do impeachment, fazendo homenagem a um terrível torturador dos tempos da ditadura. Muitos dos seus seguidores pregam diretamente a violência, agridem opositores e tomam posições neonazistas. Tivemos dois presidentes sem equilíbrio, Jânio Quadros e Fernando Collor, que não suportaram a responsabilidade do cargo e renunciaram ou foram afastados. Poderíamos ter uma terceira experiência trágica nesse sentido.
Sei que há gente de boa vontade que aposta nesse candidato em nome da renovação e da luta contra a corrupção. Teriam de dar-se conta que, com essa candidatura, não irão nessa direção, mas num perigoso plano inclinado para o desgoverno. Isso poderia levar à tentação de buscar, adiante, soluções antidemocráticas.
Este voto por Haddad/Manuela é um voto afirmativo pela democracia e pela liberdade. Ambas estão em perigo. Como católico, me uno a companheiros evangélicos que também apoiam estes candidatos.
Finalmente, haveria que pedir a todos, inclusive do nosso lado, para não se deixar manipular por falsas notícias, nem cair em crispações e atitudes rancorosas. No momento não tenho raiva, tenho medo. Por isso voto em Haddad pelo que ele poderá fazer como governante e, com toda a convicção, pela cidadania e pela democracia.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Declaração de voto. Artigo de Luiz Alberto Gomez de Souza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU