Espera-se que os eleitores evangélicos desempenhem um papel decisivo nas eleições presidenciais do Brasil no dia 7 de outubro, visto que novas regras proibiram as corporações de fazerem contribuições diretas depois dos escândalos de corrupção.
A reportagem é publicada por La Croix International, 25-09-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Com o crescimento de seus números e influência, e a “bancada evangélica” no Congresso representando 15% dos legisladores federais, os apoiadores evangélicos se tornaram o foco dos principais candidatos de acordo com o Longview News-Journal.
Um dos líderes das pesquisas eleitorais foi fotografado chorando em um culto numa igreja, enquanto outro prometeu manter a proibição do aborto no país.
"O voto evangélico é muito orgânico, no sentido de que os pastores e bispos têm uma relação com os seguidores que influencia como eles votam", disse o autor Antonio Lavareda segundo relatos.
“É o oposto da Igreja Católica, onde, apesar de ter mais fiéis, os padres têm menos influência direta”, acrescentou Lavareda, que escreveu extensamente sobre a política brasileira.
O Brasil tem o maior número de católicos do mundo - 123 milhões de acordo com o censo de 2010 – enquanto que os evangélicos agora somam 42 milhões, ou 20% da população.
No entanto, eles ajudaram a derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, por manobrar ilegalmente o orçamento federal e são amplamente considerados responsáveis pela eleição de Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, como prefeito do Rio de Janeiro naquele ano.
O fundador da igreja de Crivella, Edir Macedo, também é proprietário de uma das maiores emissoras do Brasil, dando uma ideia de sua forte influência na mídia.
Enquanto isso, o pastor Silas Malafaia disse recentemente à Associated Press que ajudou a eleger 25 deputados e cinco senadores, apoiado pelas mais de 50 igrejas sob sua jurisdição.
"Eu ajudo os candidatos a serem eleitos emprestando-lhes minha imagem e palavras", disse ele, acrescentando que este ano está apoiando o congressista de extrema-direita e ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro.
“No Brasil, precisamos de um machão como ele... para defender todos os valores e princípios da família católica”, disse ele.
Leia mais
- Os evangélicos pensam como a bancada evangélica?
- A bancada evangélica representa de fato seus fiéis?
- Partidos em disputa pelo capital político dos evangélicos para 2018
- “Os parlamentares religiosos tendem a ser mais conservadores do que a população evangélica”
- Feliciano, um expoente da bancada evangélica na berlinda por acusação de estupro
- 'Bancada evangélica': Uma frente suprapartidária e interdenominacional. Força, limites e sua instrumentalização no governo interino de Temer. Entrevista especial com Bruna Suruagy
- Como a bancada evangélica se posiciona na economia e nos costumes
- Bancada Evangélica simboliza conservadorismo no País, dizem analistas
- "Bancada evangélica reflete a sociedade: conservadora, violenta e desigual"
- Bancada evangélica tem católicos como aliados em pautas homofóbicas, diz pesquisadora
- Evangélicos, pentecostales y neopentecostales: de la fe a la política
- Evangélicos e católicos se unem para eleição
- O barulho dos evangélicos. Entrevista com Ricardo Mariano
- Análise Comparativa da Percepção Ambiental entre Católicos e Evangélicos Frente à Problemática das Mudanças Climáticas
- A ascensão da cultura pentecostal nas periferias brasileiras e a influência dos evangélicos na política
- Em diálogo com pentecostais e evangélicos: a unidade se faz caminhando
- Por que a candidatura de Bolsonaro não é piada
- Por que 60% dos eleitores de Bolsonaro são jovens?
- A mensagem de Bolsonaro e a ignorância quanto à defesa do território brasileiro
- Bolsonaro sem retoques
- O voto dos jovens em Bolsonaro. Estudiosos comentam a pesquisa Datafolha
- “60% dos que indicam voto em Bolsonaro são jovens”. Entrevista com o diretor do Datafolha
- “A esquerda abriu espaço e legitimou os evangélicos na política”
- O poder dos evangélicos na política
- Rebanho não tão uniforme. Evangélicos não votam em bloco; imaginá-los como marionetes é preconceituoso, diz historiador
- Tudo que se refere à eleição de 2018 é sintoma da gravidade da crise política. Entrevista especial com Moysés Pinto Neto, Rodrigo Nunes e Caio Almendra
- Não haverá 2018
- Neoliberalismo e democracia são incompatíveis. Em 2018, se houver eleição, o discurso neoliberal será enterrado nas urnas. Entrevista especial com Pedro Rossi
- Você vai acabar elegendo Bolsonaro à presidência
- Voto 'afetivo' em Lula pode migrar para Bolsonaro, diz cientista político
- O Brasil está pronto para um segundo turno entre Lula e Bolsonaro?
- O incógnito 2018
- Luzes e sombras para 2018
- O teatro do absurdo no Brasil: o que fazer com a candidatura de Lula?
- Sem Lula na disputa, eleitores estão saindo do jogo, diz pesquisador
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Evangélicos podem acabar decidindo o próximo presidente do Brasil, indica jornal francês - Instituto Humanitas Unisinos - IHU