15 Setembro 2018
O cardeal Daniel N. DiNardo, de Galveston-Houston, e presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, disse estar esperançoso após o tão aguardado encontro com o Papa Francisco para discutir a crescente crise dos abusos sexuais nos Estados Unidos.
A reportagem é de Greg Erlandson, publicada por Catholic News Service, 14-09-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
"Estou cheio de esperança, mas também percebo que esse processo pode levar um certo tempo", disse DiNardo.
O cardeal falou logo após o encontro que ocorreu ao meio dia em 13 de setembro, no Vaticano, acompanhado pelo Cardeal Sean P. O'Malley de Boston, presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, o arcebispo Jose H. Gomez, de Los Angeles, vice-presidente da USCCB e Mons. J. Brian Bransfield, secretário geral da conferência.
"Francisco é uma figura importante para nós. Ele vê o problema em todas as Igrejas do mundo", disse DiNardo.
Embora o cardeal não quisesse discutir as especificidades do encontro privado, além de uma declaração divulgada pelos bispos dos EUA, ele descreveu o encontro como "muito, muito frutífero".
"Foi demorado. Compartilhamos muitos pensamentos e ideias. Achei o encontro muito bom desse ponto de vista. O papa está bem informado. Ele também está muito atento ao que aconteceu com relação aos abusos na Igreja nos Estados Unidos", disse o cardeal ao Catholic News Service.
Foi uma semana turbulenta para o cardeal. Ele chegou a Roma em 12 de setembro após uma reunião com o Comitê Administrativo dos bispos dos EUA, com a presença de assessores da conferência, representantes regionais e os presidentes de todos os comitês da conferência. Sua tarefa era estabelecer a agenda da assembleia geral de novembro, em Baltimore, de todos os bispos do país.
O cardeal DiNardo descreveu a reunião do Comitê Administrativo como "sóbria".
"Pensei no fato de que temos que entrar em ação e abordar a crise dos abusos. Os bispos devem estar unidos, com propósitos e soluções", ressaltou Dinardo.
O cardeal DiNardo anunciou em primeira mão, no dia 16 de agosto, que estava solicitando uma reunião com Francisco. O pedido ocorreu após a divulgação do relatório do Grande Júri da Pensilvânia sobre casos de abuso sexual em seis dioceses da Pensilvânia e o anúncio de alegações confiáveis de abuso sexual infantil cometidas pelo arcebispo Theodore E. McCarrick, ex-cardeal-arcebispo de Washington.
Em sua declaração no dia 16 de agosto, DiNardo disse que o Comitê Executivo da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) estabeleceu três metas: "uma investigação sobre as questões que cercam o arcebispo McCarrick, uma abertura de novos e confidenciais canais para denúncias contra bispos e a defesa de uma solução mais efetiva".
Quando perguntado sobre as três prioridades após o encontro com o Papa, o cardeal respondeu:
"Acho que podemos fazer um movimento sobre essas questões, passo a passo".
Desde 1º de agosto, o cardeal DiNardo emitiu cinco declarações respondendo a vários aspectos da crise dos abusos sexuais e pediu maior transparência e responsabilidade dentro da Igreja, particularmente por parte dos bispos.
Quando perguntado sobre o papel que poderia desempenhar a mídia católica, ele disse que "deve dizer a verdade de uma maneira muito equilibrada". Reconhecendo a raiva e até "ira" entre alguns comentaristas, Dinardo disse que a tarefa da mídia católica é "falar a verdade, mas nunca esquecendo o papel da caridade".
Quando perguntado sobre sua esperança durante a atual onda de escândalos e controvérsias, ele disse: "Nossa confiança está no Senhor".
"Hoje o Papa mencionou a cruz, fazendo uma alusão de que as pessoas precisam se colocar no lugar do outro para realmente aprender a lição. Você tem que ouvir as outras pessoas para cooperar. Só assim você cresce como indivíduo", completou Dinardo.
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Depois de encontrar o Papa, o cardeal DiNardo diz que está esperançoso em lidar com a crise - Instituto Humanitas Unisinos - IHU