No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos. No mundo, há uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no planeta. Provocar o fim da própria vida está entre as principais causas de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
A reportagem é publicada por O Estado de S. Paulo, 11-09-2018.
Em um esforço para mudar esses números, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que a data de 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Há quatro anos a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), promove a campanha nacional Setembro Amarelo.
Nesta terça-feira, 11, haverá um evento em prol do assunto no Cinearte, no Conjunto Nacional, a partir das 18h30, com entrada gratuita e aberto ao público. Ele contará com a presença da psiquiatra Giuliana Cividanes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e será mediado pelo influenciador Anderson Mendes, autor do livro Depressão Não é Frescura.
O presidente eleito da Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) e superintendente técnico da ABP, Antônio Geraldo da Silva, destacou a importância da campanha para prevenção e conscientização. “Esses números são altíssimos, mas nós sabemos que são falhos. Mesmo assim, são assustadores.”
Crianças e jovens
Pelos dados da OMS, o suicídio é a terceira maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, e a sétima entre crianças de 10 a 14 anos de idade. O caminho, segundo Silva, é adotar medidas preventivas de ajuda e auxílio.
“É uma maneira de a gente salvar vidas porque 90% dos suicídios poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso a tratamento e pudessem tratar a doença que leva ao suicídio”, afirmou o presidente da Apal.
Redes sociais
A Associação Psiquiátrica da América Latina (Apal) pretende lançar campanhas nas redes sociais ao longo deste mês para alertar sobre suicídio e oferecer apoio e ajuda. Antônio Geraldo da Silva disse que os especialistas devem abordar o assunto e buscar mais informações com psiquiatras.
A ABP quer levar isso à população. “A ABP quer popularizar. Nós estamos levando isso para as escolas, empresas e instituições”, afirmou o médico. “O que entristece os membros da ABP é ver que as pessoas querem abordar o assunto, mas negando a doença mental, que a depressão ou a esquizofrenia existam.”
Ele destacou ainda que “se a gente negar que a doença mental existe, como vai falar de suicídio, sabendo que 100% de quem se suicida têm doença mental?”. “É uma doença como outra qualquer. Não escolhe etnia, cor, nada.”
Drogas
O psiquiatra Jorge Jaber, membro fundador e associado da International Society of Addiction Medicine, especialista no tratamento de dependentes químicos, ressaltou que o uso de álcool e drogas é o segundo maior fator depois das doenças psiquiátricas, como ansiedade e depressão, que leva ao aumento de suicídios.
Para Jaber, o fundamental é dar atenção e escutar aquele que pensa em cometer suicídio. “O fato de alguém que tenta suicídio ser escutado por cerca de 20 minutos pode impedir que ele tenha o impulso de cometer o ato. Ouvir o suicida salva a vida dele.”
Na clínica onde atende dependentes químicos, Jaber informou que ao menos 20% dos pacientes internados tentaram se matar. “Quanto mais as pessoas falarem sobre o suicídio, menos ele ocorrerão” disse.
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A cada 45 minutos, uma pessoa comete suicídio no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU