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02 Mai 2018

Fernando Altemeyer Junior

 

Há 206 ocupações em SP com 46 mil famílias. 25% da atuação são ocupações na região central, com 3.500 famílias.

 

Eduardo Sterzi

Da Carolina Dall'Olio:

"Além de culpar os pobres por sua própria tragédia, uma das primeiras imagens a que se recorre para descrever uma ocupação sem-teto é a da IMUNDÍCIE. A ideia é retratar os moradores como porcos, sem educação, sub-humanos acostumados a viver em meio ao lixo. “Eles vão jogando lixo pelo fosso do elevador e vai acumulando, e aquilo vai criando uma combustão automática. Com um pouquinho de fogo, aquilo já vira uma tragédia desse jeito", disse hoje o governador Márcio França.

A verdade é que muitos desses moradores tiram sua subsistência do lixo, trabalhando como catadores. Como não há outro lugar para deixar o material recolhido, é comum que guardem nas ocupações papelões, plásticos e latas de alumínio antes de vendê-los.

Vale dizer que, na maioria das ocupações, há regras claras de limpeza para manter o mínimo de salubridade. É claro que nem sempre as regras são respeitadas... Porém, muitas vezes a sujeira não é simplesmente fruto da falta de educação. Em um prédio de 24 andares sem elevador, onde famílias com crianças e idosos se instalam em andares altos por pura falta de opção, há muitas pessoas com dificuldades de locomoção, incapazes de carregar seu próprio lixo escada abaixo.

Em 2005, eu e a Débora Mismetti visitamos dezenas de ocupações para escrever nosso trabalho de conclusão do curso de Jornalismo, um livro-reportagem que falava sobre os movimentos sem-teto do centro de São Paulo. Nunca vou me esquecer de uma senhora que morava na ocupação da Avenida Prestes Maia e subia, sem fôlego algum e quase desfalecendo, nove andares do prédio carregando duas crianças e um saco de latas de alumínio – material que, no dia seguinte, seria vendido para botar comida na mesa da família.

Depois de um dia exaustivo de trabalho como catadora, do cuidado com as crianças e da fraqueza causada pela fome e pela idade avançada, fico imaginando de onde essa idosa tiraria forças para descer as escadas e descartar seu lixo."

 

Tatiana Roque

Dia do Trabalhador sem trabalho, ou com trabalho precário

Parte do problema tem solução imediata, outra parte demanda políticas inovadoras como educação tecnológica e Renda Universal.

Meu artigo no jornal O Dia:

"Não há muito o que comemorar neste Dia do Trabalho. O desemprego, de 13%, só não é menor porque o trabalho informal, o “se vira nos trinta” do brasileiro, funciona como um calmante para os índices. Junto com os desempregados, no entanto, cresce o número de pessoas que fazem uso de tranquilizantes porque não estão felizes com seu trabalho. Uma solução imediata seria o estímulo ao crescimento da economia com investimentos públicos, que a dupla Temer-Meirelles vem cortando. Programas de transferência de renda, como Bolsa Família, valorização do salário mínimo e crédito para os mais pobres são medidas que fazem a economia girar, pois incentivam o consumo dos que têm menos renda.

Soluções estáveis, a médio e longo prazo, são mais difíceis. O mundo do trabalho vem mudando de forma irreversível com a proliferação de robôs. Fábricas de automóveis já usam automação em grande escala e desempregam sem parar. O problema vem inquietando até a maior economia do mundo, a dos Estados Unidos. Os trabalhadores dispensados pelas montadoras têm dificuldade em se recolocar em novos setores, como o de cuidados com crianças, idosos e doentes. Os empregos perdidos em uma área não são recriados na mesma proporção em outras. Isso tende a piorar com tecnologias como a do carro sem motorista. Imagine a situação de uma pessoa que, devido à perda do emprego ou ao baixo salário em um bico, decidiu dirigir um Uber e vê o aplicativo investindo pesadamente em pesquisas sobre o carro autônomo.

Antigamente, acreditava-se que habilidades humanas como andar de bicicleta e dirigir carros - os “conhecimentos tácitos”, quase instintivos - não poderiam ser substituídas por máquinas. Hoje podem, os testes estão avançados. Claro que os futuros carros precisarão de manutenção, e haverá emprego para especialistas naquela tecnologia, mas nada que compense, nem de longe, o volume de postos de trabalho eliminados. Taxistas, motoristas de Uber e motoristas de caminhões estarão no mesmo barco.

Duas medidas são necessárias para o Brasil entrar na nova era de cabeça erguida. A mais óbvia é investir em um modelo de Educação que integre disciplinas e prepare os jovens, com uma visão ampla de mundo combinada com o saber técnico. É a direção oposta da ilusória especialização obtida da divisão estática de áreas de conhecimento.

A segunda medida é a garantia de uma renda básica para todas as pessoas. Seria uma ampliação do Bolsa Família, como o projeto de renda mínima, de autoria do ex-senador Eduardo Suplicy. A renda básica universal para todos os brasileiros adultos custaria 4,6% do PIB, segundo o FMI. Pode ser implementada aos poucos, começando pelos jovens. Quem não atenta para as prioridades pode achar caro, mas não é difícil compreender que a importância disso para o progresso e a segurança do país é muito maior do que a do excesso de mordomias nos Três Poderes, o auxílio-moradia, pensões altas para filhas de militares, anistias de dívidas de grandes empresas junto ao INSS, algumas desonerações fiscais absurdas e o perdão sistemático de dívidas de financiamento ao latifúndio.

Com o Bolsa-Família, o Brasil entrou para o grupo de países de vanguarda na experimentação de modelos de distribuição de renda. É preciso avançar nessa direção para enfrentar o drama da destruição dos postos de trabalho, que tende a crescer em todo o planeta. É preciso preparar os jovens para as mudanças no mundo do trabalho e evitar que os mais pobres sejam obrigados a aceitar trabalhos em condições degradantes, um cenário de humilhação e violência no qual ninguém sai ganhando".

 

Caio Almendra

"Nossa única ajuda à (Hugo) Chávez e outros é ser, quando eles merecem, impiedosamente críticos. É assim que os tratamos seriamente".

Slavoj Zizek, em 2009.

 

Eduardo Sterzi

Nunca na minha vida fui exatamente uma pessoa esperançosa, sobretudo quando o assunto era Brasil. Mas não me lembro de outro momento em que minha esperança fosse, como é hoje, nula. Zero. Nenhuma. A sensação é de que a gente já era. Tivemos nossa chance e perdemos. Para sempre.

 

Moysés Pinto Neto

Me interessa zero qualquer polêmica com o Safatle. É um filósofo a quem respeito, admiro, embora frequentemente divirja. Se não foi isso que ele disse, melhor (há toda uma discussão possível sobre que, sinceramente, é o que menos importa pra mim).

Meu problema é com a enunciação constante, e não raro meio blasé, de que não haverá eleições. Toda pessoa que diz que não haverá eleições tem que ser interpelada: "como assim não haverá eleições? Você afirma isso enquanto toma um cafezinho?"

Temos que parar com esse discurso de merda. Se não foi o que o Safatle fez, que bom, eu achei que tudo ficou bem ambíguo ali.

Mas vale pra todo mundo. Pra intelectuais que já disseram isso publicamente e com todas as linhas. Pra "amigos" aqui que postam isso diariamente. Pra quem comenta, com uma certa ironia estilo Cassandra, sem se dar conta das consequências do que escreve.

É a isso, não ao Safatle especificamente, que se dirigia o post anterior, embora tenha aproveitado o gancho a partir do caso.