Com uma declaração especial o Comitê Executivo do Episcopado argentino, cuja Comissão permanente inicia hoje a sua 179ª. reunião, comunicou nesta terça-feira que entregou – por solicitação do Papa Francisco - aos tribunais do país 127 documentos que atestem a realização de batismo de crianças entre 1975 e 1984. Esses documentos foram encontrados na Capela Stella Maris da ESMA, a famigerada Escola de Mecânica da Marinha Militar, centro de detenção e tortura durante as ditaduras militares argentinas.

A informação é publicada por Il Sismografo, 06-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Esses importantes documentos poderiam ser de grande ajuda para rastrear as pessoas que, no momento de seu nascimento (de uma mãe presa e sob tortura) foram sequestradas e entregues a "pais" ilegais e ilegítimos. O Bispo das Forças Armadas, Mons. Santiago Olivera entregará esses certificados para o Juiz Federal Gabriel Torres. O Episcopado argentino reitera a sua firme convicção, já enfatizada em várias ocasiões, que fará todo o possível para dar um contributo à memória, à verdade e à justiça, em especial no âmbito dos crimes contra a humanidade cometidos entre 1976 e 1983.

Texto do comunicado enviado ao juiz

Com nossa mais elevada consideração:

Em nossa qualidade de membros da Comissão Executiva da Conferência Episcopal Argentina, dirigimo-nos a V.Sa em relação ao pedido que nos foi feito para garantir um mecanismo para acessar informações sobre os batismos realizados na Escola de Mecânica da Marinha durante o período 1975-1984, e de cujo registro recentemente tivemos conhecimento.

Temos a firme convicção de que a Igreja deve envidar todos os esforços para contribuir com o caminho da memória, da verdade e da justiça em todos os campos, especialmente tendo em vista a gravidade dos crimes contra a humanidade perpetrados sob o terrorismo de Estado durante os anos de 1976-1983.

Ao compartilhar o sentimento e o anseio do Santo Padre, a Conferência Episcopal Argentina coloca à disposição da justiça toda a informação registrada na mencionada documentação, em continuidade com os trabalhos desta Conferência em atendimento aos requisitos da justiça destes últimos anos.

Acreditamos que esses atos possam ficar disponíveis para organizações de direitos humanos de reconhecido prestígio e pesquisadores de vários campos acadêmicos.

Queremos reiterar o nosso compromisso de informar imediatamente à autoridade judicial de quaisquer dados e informações que possam surgir no futuro, em cada caso enfatizando o respeito pela confidencialidade dos dados entregues de acordo com as disposições legais constitucionais e de direito canônico em vigor para tais questões.

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