21 Março 2018
O que o Papa quer dizer quando insiste com essa perspectiva de não julgar? Essa é uma das questões que estarão presentes em evento internacional promovido pelo IHU em maio
Dos dias 21 a 24 de maio, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove, no campus Porto Alegre da Unisinos, o XVIII Simpósio Internacional IHU. A virada profética de Francisco. Possibilidades e limites para o futuro da Igreja no mundo contemporâneo. O objetivo é analisar as principais características do pontificado de Francisco que, segundo Raniero La Valle, jornalista e ex-senador italiano pelo Partido Comunista Italiano, imprime uma verdadeira virada profética. Virada essa que coloca o mundo de hoje e a Igreja num mesmo espectro. Por isso, compreender os dilemas da contemporaneidade é tão importante para Francisco. Ao mesmo tempo, observar os movimentos do Papa pode inspirar reflexões acerca dos problemas da humanidade hoje. E entre esses movimentos há muitas recorrências, com a insistência em afirmar: “quem sou eu para julgar?”.
Na manhã da segunda-feira, dia 26-02, na missa que habitualmente celebra na capela da Casa Santa Marta, o papa Francisco usa o Evangelho indicado na Liturgia do dia (Lc 6,36-38) para reiterar sua assertiva sobre julgamento (veja vídeo abaixo). No texto bíblico, Cristo indica a misericórdia como alternativa ao julgamento: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados”. Na sua homilia, o Papa não aposta na pregação acerca do julgamento de pecados alheios. Leva para situações bem corriqueiras, como nas reuniões em que, muitas vezes, passamos mais tempo julgando nosso interlocutor do que de fato o escutando.
São esses movimentos de conexão direta da Igreja com o mundo concreto que despertam tanto interesse na figura de Francisco. Para Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, o Papa avança no debate sobre as questões LGBT ao afirmar que não julga o outro. Ainda em 2016, questionado por um jornalista sobre sacerdotes gays, o Papa disse: “quem sou eu para julgá-la? Alegra-me que falemos sobre as pessoas homossexuais, porque antes de mais nada existe a pessoa individual em sua totalidade e dignidade”.
Quem sou eu para julgá-la? Alegra-me que falemos sobre as pessoas homossexuais, porque antes de mais nada existe a pessoa individual em sua totalidade e dignidade.
Entretanto, os posicionamentos de Francisco com relação à temática de gênero não são unanimidade. Aliás, nenhuma das indicações do papa sobre temas polêmicos à Igreja são unanimidade, haja vista as inúmeras críticas e interpretações à exortação apostólica Amoris Laetitia. Questões que estarão presentes na programação do XVIII Simpósio Internacional IHU, seja através das participações de teólogas feministas, como a norte-americana Mary Hunt, cofundadora e codiretora da Women's Alliance for Theology, Ethics and Ritual - WATER em Silver Spring, EUA, ou das contribuições de pesquisadores como Todd A. Salzman, da Creighton University - EUA, que analisará o documento apostólico tendo em perspectiva aspectos antropológicos.
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"Quem sou eu para julgar?" Francisco e as alternativas ao “não julgar” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU