Pedro Casaldáliga. “Na minha idade, tudo cabe em uma Oração”

Pedro Casaldáliga (Fonte: Reflexión y Liberación)

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17 Fevereiro 2018

“Há pouco, Pedro Casaldáliga deixava-nos esta frase surpreendente: ‘Na minha idade, tudo cabe em uma oração’. E acrescentou: ‘Hoje, já aposentado, contemplo a vida relativizando o que é relativo em mim, na sociedade e na Igreja, e absolutizando o que é absoluto: Deus e a humanidade’”, escreve Antonio Gil, cônego da Igreja Catedral de Córdoba, Andaluzia, em artigo publicado por Reflexión y Liberación, 16-02-2018. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Seus amigos pediram ao Papa Francisco que lhe telefone para parabenizá-lo. “Um telefonema no dia 16 - diz a carta que enviaram ao Pontífice - seria o melhor presente de aniversário que Casaldáliga poderia ter e, por extensão, seus amigos, que são muitíssimos, e seus amigos-seguidores, que são uma legião em todo o mundo”.

Mais adiante, esses mesmos amigos o descrevem como “santo, profeta e bispo dos pobres, um bispo sem mitra e sem báculo. Bom, sim: sua mitra, um chapéu sertanejo; seu báculo, um remo; seu anel, de tucum. Sua casa sempre aberta para qualquer pessoa, sua vida exposta. Pela libertação dos seus, muitas vezes, esteve fisicamente em perigo vital real.

Fonte: Reflexión y Liberación

Um bispo único, especial, da estirpe dos grandes bispos latino-americanos, daqueles que conquistaram o coração das pessoas. E, além disso, um grande poeta, um poeta místico, que muitos comparam a ninguém menos que São João da Cruz. Seus poemas nos despertam, sacodem nossas entranhas, nos agitam por dentro, nos elevam a Deus”.

E o que disse Casaldáliga diante de tantos elogios?

Há pouco, deixava-nos esta frase surpreendente: “Na minha idade, tudo cabe em uma oração”. E acrescentou: “Hoje, já aposentado, contemplo a vida relativizando o que é relativo em mim, na sociedade e na Igreja, e absolutizando o que é absoluto: Deus e a humanidade”.

Permite que sua visão vá ao passado e comenta com ar de sussurro: “Contemplo também o caminho percorrido com arrependimento por certos disparates cometidos e por certas infidelidades e olho a esse querido planeta dos filhos e filhas de Deus com uma entristecida ternura por tudo o que há de sofrimento e de busca, às vezes enlouquecida. Agora, emprego os meus dias ‘vivendo’, quer dizer, ‘convivendo’, que não é pouco: Rezo, durmo, leio, escrevo, como, respondo cartas, atendo visitas... E aguardo”.

Fico com uma de suas mais belas frases: “Só vivendo a noite escura dos pobres, é possível viver o Dia de Deus. As estrelas só se veem de noite”.

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