Região de fronteira e famílias pobres sofrem impacto com desmatamento

Desmatamento. | Foto: Wagner T. Cassimiro "Aranha", Flickr.

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

02 Novembro 2017

Os ganhos ambientais do fim do desmatamento no país seriam inegáveis, mas as consequências negativas recairiam sobre o PIB regional de Estados de fronteira e os trabalhadores com menor qualificação, geralmente de famílias mais pobres.

A reportagem é de Everton Lopes Batista e Thaiza Pauluze, publicada por Folha de São Paulo, 31-10-2017.

“É nosso papel compensar os grupos afetados. Não é justo quem está no interior de Mato Grosso pagar a conta de um benefício que é de todos”, disse Marcos Lisboa, presidente do Insper, durante a apresentação dos resultados do estudo “Qual o Impacto do Desmatamento Zero no Brasil?”, patrocinado pela ONG Instituto Escolhas.

No cenário mais radical, no qual o desflorestamento pararia imediatamente, os salários de trabalhadores menos qualificados poderiam sofrer redução acumulada de 2,61% até 2030. Isso porque esse tipo de mão de obra é mais presente na agropecuária do que em outros setores.

No mesmo cenário, o PIB acumulado entre 2016 e 2030 do Acre, outro Estado de fronteira, sofreria uma queda de 4,53%. São Paulo, por exemplo, teria redução de 0,38%.

“É uma perda assimétrica para as regiões onde a expansão da fronteira agrícola é maior”, disse Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, engenheiro agrônomo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).

Para Lisboa, o emprego que um produtor perdeu no interior do Pará surgirá em Belém, mas com um alto custo de transição, porque as comunidades são distantes. “Quando a atividade econômica vai embora, cria-se um cinturão de pobreza, contaminando o próprio ambiente.”

Nova discussão 

Segundo a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede-AC), que estava na plateia do evento, para cessar completamente o desmatamento são necessários incentivos e assistência técnica para pequenos produtores. “Precisamos de regras que sejam perenes, que não fiquem mudando ao sabor dos ventos das fragilidades políticas e eleitorais.”

Fernando Sampaio, diretor-executivo do projeto PCI (Produzir, Conservar e Incluir), do governo do Estado de Mato Grosso, que também compareceu ao debate, considera que o estudo precisa ser aprofundado pelos municípios interessados.

“Há cidades que enxergam a abertura de áreas para a agropecuária como a única oportunidade de desenvolvimento e ninguém oferece uma alternativa econômica que gere renda com a floresta de pé.”

Para Sérgio Leitão, diretor-executivo do Instituto Escolhas, o estudo fornece material que pode dar início a essa discussão.

“Ele foi feito para conversar com o produtor rural, com quem toma a decisão de fazer o desmatamento pela necessidade da sua atividade econômica”, declarou.

Leia mais