14 Setembro 2017
Por sua importância não apenas para os indígenas que tiveram suas terras demarcadas por sua intermediação, mas para a história política e os desdobramentos da questão indígena do Brasil, acontece em Curitiba entre 20 e 22 de setembro evento que resgata a vida e luta do Cacique Kaingang Angelo Kretã.
A reportagem é publicada pelo portal No Fracking Brasil, 13-09-2017.
Angelo Kretã. Foto: Acervo Museu Paranaense
Com a participação de lideranças indígenas e pesquisadores, será reativada a Sala Angelo Kretã no Solar do Barão como um espaço para debates de temas relevantes sobre a questão indígena no contexto contemporâneo. Os debates acontecem na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A mesa de abertura contará com a presença do filho do homenageado, o também Cacique kaingang Romacil Kretã, que persiste na luta pelos direitos dos povos indígenas e hoje se inspira em seu pai para atuar na coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Romancil também é coordenador para Povos Indígenas da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – e integrou ao seu ativismo a luta contra a indústria do petróleo, o fraturamento hidráulico (fracking) e as mudanças climáticas.
“Nossas lutas de hoje não são diferentes das que meu pai travou em sua época. A diferença é que hoje estamos mais unidos, conscientes das ameaças e mobilizados para defender nossos territórios e direitos”, garante Romancil.
Para ele, “no caso da indústria do petróleo, se o homem branco quer morrer e matar seus filhos, que o faça. Mas nós índios não vamos permitir que a água e a terra sejam contaminadas pelo fracking”.
Considerado a maior liderança indígena do Sul do país nos primórdios do movimento, o Cacique Kretã vivia na Aldeia Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná. Por sua liderança incontestável foi eleito em 1976, em plena ditadura, o primeiro vereador indígena pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o que lhe garantiu projeção nacional.
Ao defender como parlamentar o que é de direito aos povos originários do Brasil, especialmente a demarcação de terras, Angelo Kretã era uma voz que dava eco a todas as demandas indígenas com carisma e determinação.
Sua morte prematura em 1980 num ‘acidente de carro’ numa estrada dentro da aldeia, causou grande comoção nacional. Diante da convicção das lideranças indígenas da época – e até hoje – que não ele foi vítima de uma emboscada, sua memória persiste e inspira novas lideranças na luta pelos direitos dos povos indígenas.
Em 1980, um Globo Repórter Especial foi produzido para retratar a comoção que foi a morte de Angelo Kretã.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Memória do líder indígena Angelo Kretã é reverenciada em evento no Paraná - Instituto Humanitas Unisinos - IHU