04 Setembro 2017
Uma comunidade de frades norte-americanos processa a gigante da beleza. Um dos seus fiéis, cientista, descobriu as extraordinárias propriedades rejuvenescedoras da adenosina e cedeu os seus direitos aos religiosos. Logo começaram a vender seus tubinhos on-line por US$ 65, antes de ver seu negócio roubado pelos franceses. O processo poderia valer milhões de dólares.
A reportagem é de Elena Dusi, publicada por Repubblica, 01-09-2017 . A tradução é de Luisa Rabolini.
O frade Dennis Wyrzykowski, prior do Convento teresiano de Millbury, perto de Boston, há muito tempo acolhe entre os seus fiéis o famoso cardiologista James G. Dobson Junior. Quando o luminar da Universidade de Massachusetts descobriu entre as células do coração o extraordinário poder antirrugas da adenosina, uma substância capaz de restituir a elasticidade para a pele não mais tão jovem, primeiro registrou a patente, no início do ano 2000. Em seguida, em 2008, cedeu seus direitos aos frades para que fizessem bom uso, investindo em obras de caridade.
O padre Wyrzykowski manteve seu compromisso, apesar da perda, em 2008, do reconhecimento do Vaticano para a sua comunidade. Criou a linha de produtos anti-idade Easemine, disponibilizando-a para à venda on-line por US $ 65 o tubinho. Os negócios, nos primeiros anos, tiveram grande sucesso. Os beneficiários, além dos teresianos, foram ex-prisioneiros, dependentes químicos, alcoólicos, crianças desabrigadas e os sem-teto de Millbury, que receberam acolhimento e ajuda graças aos lucros da empresa for profit Carmel Laboratories LLC.
Então chegou a L'Oreal: 110 anos de história, 25 bilhões de faturamento. Ao gigante da beleza de Paris que usa hoje a adenosina em alguns produtos de sua linha RevitaLift "para ser aplicado no pescoço e no rosto todas as manhãs e todas as noites", o padre Wyrzykowski não perdoou a intrusão. "É como roubar dos pobres. É só isso", ele esbravejou em uma entrevista para a Associated Press. A descoberta da adenosina vale milhões de dólares, reforça a denúncia Dobson Jr, sempre à AP. "Quando se sabe que existe uma patente e mesmo assim há uma violação consciente, isso dá raiva", declarou enfurecido. "Especialmente quando se sabe quão nobre é a atividade dos Teresianos Carmelitas em favor das pessoas necessitadas".
Em 30 de junho, o tribunal do Distrito de Delaware recebeu uma denúncia com um pedido de indenização por danos do Laboratórios Carmel e da Medical School da Universidade de Massachusetts. A L'Oreal defendeu-se alegando que em seus cremes a adenosina é utilizada para fins diferentes daqueles mencionadas na patente.
"Admiramos o trabalho da comunidade, mas acreditamos que suas reivindicações são infundadas", rebateram, sempre por intermédio da Associated Press. A Universidade de Massachusetts, através de um porta-voz, usou vários rodeios dando a entender que havia ficado envolvida um pouco contra sua vontade.
Mas o padre Wyrzykowski não ficou comovido. "O Easemine – consta no texto do processo - está à venda desde 2009 e no primeiro ano, devido às suas propriedades únicas e inovadoras, obteve lucros significativos". Hoje, no entanto, o mosteiro que abriga 15 seguidores, "está vendo afundar seu faturamento. Não consegue pagar a sua hipoteca nem saldar as dívidas contraídas para o lançamento do produto", também consta na denúncia. Seus programas assistenciais foram zerados. "Precisou vender algumas propriedades e não consegue garantir aos seus membros nem mesmo um seguro de saúde".
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"Aquele creme antirrugas é nossa patente". Ex frade denuncia a L'Oreal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU