30 Junho 2017
Em encontro com 35 mulheres separadas e divorciadas da arquidiocese espanhola de Toledo, o Papa Francisco pediu a elas que rezem pelos seus ex-maridos. O pontífice propôs uma audiência com o grupo depois que elas lhe enviaram uma carta em que descreviam a situação em que se encontram. De acordo com uma das participantes, o papa disse que a Igreja “nos acolhe e nos abraça”.
A reportagem é de Inés San Martín, publicada por Crux, 29-06-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Na segunda-feira, o Papa Francisco se reuniu com um grupo de 35 mulheres separadas e divorciadas por mais de 95 minutos, numa audiência privada que não foi pelo Vaticano, com uma participante dizendo, na sequência, que o pontífice afirmou que “a Igreja nos acolhe e nos abraça”.
Isabel Díaz, que esteve no encontro, disse que Francisco contou que, com as suas experiências, elas podem ajudar outras mulheres que estão separadas e divorciadas a viver este sofrimento, e “sobretudo nos disse várias vezes que a Igreja nos acolhe e nos abraça”.
“Foi uma bênção, eu saí chorando de alegria e, principalmente, me senti abençoada”, completou.
Se a diocese que organizou a viagem não estivesse escrito em seu sítio eletrônico sobre o encontro, este provavelmente passaria despercebido.
Em abril passado, o arcebispo da Arquidiocese de Toledo, Dom Braulio Rodríguez, entregou uma carta a Francisco. A missiva fora escrita pelas mulheres que participam do grupo “Santa Teresa”, coordenado pela Comissão Família e Vida da arquidiocese. O escopo desta iniciativa pastoral é acompanhar as mulheres separadas e divorciadas.
Depois de ler a carta, Francisco as convidou para irem a Roma.
No sítio eletrônico arquidiocesano, Rodríguez definiu o encontro como “muito simples, em um ambiente descontraído”. O momento durou uma hora e meia, em que as elas “tiveram um diálogo com o Santo Padre através de uma série de perguntas”.
De acordo com o arcebispo, o papa lhes agradeceu por terem vindo a Roma, quando na realidade “somos nós que somos gratos, porque [o encontro] foi algo que o dinheiro não compra”.
Rodríguez diz também que o encontro aconteceu depois de o papa ler a carta das mulheres e uma outra que ele próprio redigiu, igualmente endereçadas a Francisco: “Foi ele quem mostrou interesse em saber pessoalmente como fazemos a nossa obra pastoral nessa área”.
O grupo Santa Teresa, acrescentou o prelado, faz parte do plano pastoral que busca responder “os reais problemas que existem em nossa sociedade”.
Esperanza Gomez-Menor, uma das mulheres recebidas pelo papa, perguntou sobre como os pais divorciados devem educar os filhos quando não compartilham os mesmos valores. Segundo ela, o papa “insistiu que devemos educar os nossos filhos com amor, para que eles amem e respeitem todos e que rezemos pelos nossos ex-maridos”.
Gomez-Menor separou-se a quatro anos atrás, e no Ano Santo da Misericórdia ela decidiu pôr um fim ao seu sofrimento e ir ao Confessionário se reconciliar com Deus.
Em entrevista à agência noticiosa Rome Reports, Gomez-Menor descreveu essa Confissão de duas horas como um momento precioso, durante o qual ela e o padre sorriram, choraram e, no fim, sentia que um fardo fora tirado de seus ombros: “Foi um alívio”.
“Eu me senti como se estivesse tirando tudo que representasse um fardo e que estava dentro de mim naquele momento e, assim que a Confissão terminou, percebi que Deus estava comigo, ele estava ao meu lado, segurava a minha mão, me ajudou a levantar e a continuar na caminhada”.
O grupo de mulheres foi ao encontro acompanhada do Pe. Miguel Garrigós que, junto com vários outros sacerdotes, coordena a Comissão Família e Vida em Toledo e os encontros mensais do grupo Santa Teresa.
“O papa insistiu que nós [como humanos] não temos a vocação para permanecer feridos”, disse Garrigós. “Precisamos nos acostumar a viver com as cicatrizes, na medida em que nos dão dignidade porque houve um sofrimento por trás delas. O papa nos deu o exemplo das rugas dos idosos que dignificam aqueles que as têm”.
Sem revelar detalhes, Garrigós também falou que o Papa Francisco pediu ao grupo que lesse a sua exortação apostólica sobre a família, prestando uma atenção especial ao capítulo quatro, intitulado “O amor no matrimônio”.
Segundo Garrigós, “perdoar é difícil, mas ele vai à ferida e àquele que infligiu essa ferida”, disse o papa ao grupo. “É um caminho e uma graça de Deus. Acredito que não se pode perdoar sem a graça de Deus”.
O grupo se reúne mensalmente em uma paróquia local. Aí, realizam um momento de adoração eucarística, rezam as vésperas e conversam sobre preocupações variadas que cada uma possa ter. As que precisarem, também recebem apoio material do escritório da Caritas arquidiocesana.
Elas presentearam o papa com cartas pessoais que cada uma escreveu, junto com desenhos feitos por seus filhos e filhas. Como geralmente faz quando se reúne com alguém, o papa deu a cada uma das mulheres um rosário.
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Papa Francisco se reúne com mulheres divorciadas: “A Igreja abraça vocês” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU