28 Março 2017
Enquanto a esquerda ficava defendendo frigorífico e falando de uma suposta quebra (sic) da indústria de carnes do Brasil, quem se deu bem mesmo foi o Abílio Diniz.
Sua gestão a frente do Conselho de Administração da BRF era super criticada. Em 2016 a empresa fechou pela primeira vez com prejuízos (R$ 372 milhões). E perdeu R$ 24 bilhões de seu valor em bolsa, entre 2014 e o início de 2017.
Agora, Diniz pode botar a culpa disso tudo na PF e ainda corre o risco de ser defendido pela esquerda.
De quebra, no meio da crise os principais acionistas (Previ à frente) decidiram não mudar e reconduzir Diniz à presidência do Conselho de Administração, apesar das inúmeras críticas do mercado a sua gestão.
Antes da PF, Diniz e sua equipe demitiram 2 mil funcionários, fecharam algumas fábricas e venderam outras para a francesa Lactalis. O plano de Diniz, aliás, era se concentrar no mercado externo em detrimento do mercado interno.
Não consta que houve críticas dos "desenvolvimentistas".
O Datafolha não se interessa mais pela popularidade do presidente da República?
A startup ideológica dos banqueiros (o Partido Novo) vai lançar como candidato a presidente o dono do grupo Riachuelo, Flávio Rocha.
Ex deputado pelo PFL e o collorido PRN, Rocha esteve envolvido numa fraude com bônus eleitorais, em 1994.
Liberal de "carteirinha", Rocha, através de sua empresa Guararapes, recebeu R$ 1,44 bilhão em financiamentos do BNDES e se beneficiou de isenções fiscais para suas fábricas no Rio Grande do Norte e Ceará.
Sua fábrica em Seridó foi multada pelo Ministério Público do Trabalho por não cumprir exigências básicas de saúde e segurança do trabalhador, além de não assinar carteiras e impor jornadas excessivas.
Mas o pré-candidato é enfático "essas deformações, como subsídios na hora do crédito, também têm o efeito de distorcer a economia".
Ah, esses liberais e sua coerência...
No link, o artigo que publiquei em maio de 2016 na revista Piauí, antes do impedimento de Dilma Rousseff e da formação do governo Temer. Chama-se "O golpe é outro". O tempo mostrou que eu tinha razão.
O texto termina assim:
"A dimensão de longo prazo da crise atual é ainda mais grave: estamos assistindo ao fim de um ciclo longo da vida política e
institucional brasileira, inaugurado na década de 1980. O arranjo então construído acabou. As discussões sobre se Dilma voltará
ao poder ou se Lula concorrerá em 2018 são bizantinas. O tempo deles passou. Precisaremos, em algum momento, criar novos
atores e novas instituições, mas estamos longe de saber fazer isso. Agora vem a anomia.
"O sonho do Brasil-nação, que floresceu no século XX, pode estar terminando, ou, pelo menos, sendo colocado em suspenso por
longo tempo. Presos em nosso labirinto de mediocridade, incapazes de realizar um esfoço endógeno minimamente coerente, desprovidos de forças nacionais renovadoras, caminhamos para estacionar em nosso lugar natural no sistema-mundo, a mais extrema periferia. O PT não consegue ver isso, pois, apesar de ter alguma sensibilidade social, nunca pensou a nação."
Abraços,
Cesar Benjamin
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