13 Março 2017
Com um migrante no escritório de imigração, onde ele havia sido convocado para a retirada do passaporte. Com esse gesto público, o cardeal arcebispo Joseph Tobin, redentorista, tomou posição em Newark em favor de Catalino Guerrero e de milhares de migrantes que, como ele, correm o risco de expulsão nos Estados Unidos, depois do decreto do governo Trump.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada no sítio Vatican Insider, 10-03-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Uma ação acompanhada por um “sit in” em frente ao edifício, do qual também participaram representantes de outras confissões cristãs e das comunidades judaicas e muçulmanas locais, reunidos para pedir que Guerrero não seja forçado a deixar os Estados Unidos. A ação obteve um primeiro resultado: o migrante, por enquanto, poderá ficar nos Estados Unidos, mas deverá se reapresentar para uma nova audiência no dia 11 de maio.
A história de Guerrero é um caso altamente simbólico nos Estados Unidos de hoje: Catalino, 59 anos, chegou ilegalmente nos Estados Unidos a partir de Puebla, no já distante 1991, por motivos ligados à pobreza e à insegurança na sua terra natal. Há 25 anos, ele vive em Union City, uma localidade de Nova Jersey, onde é membro da paróquia católica local de Santo Agostinho. Pai de quatro filhos e avô de inúmeros netos, ele nunca teve problemas com a justiça e também é contribuinte do fisco dos Estados Unidos, mas nunca teve uma oportunidade para regularizar a sua posição. Dentre outras coisas, ele também tem diabetes e, por isso, chegou ao escritório de imigração de Newark apoiado na sua bengala, enquanto, na cidade, caíam alguns flocos de neve.
Na quarta-feira passada, ele havia sido submetido a um controle pelo ICE – a agência federal para a imigração – que tinha verificado o seu status de cidadão estrangeiro desprovido de documentos regulares. Por isso, tinha sido novamente convocado nessa sexta-feira, com a indicação de se preparar para devolver o passaporte e, portanto, para ser expulso dos Estados Unidos.
Em sua defesa, no entanto, levantou-se a Pico National Network, uma das maiores organizações inter-religiosas estadunidenses, que chamou a atenção da mídia sobre o caso.
E é dentro dessa mobilização que também se insere o gesto do cardeal Tobin: “Como líderes religiosos – declarou o prelado – somos chamados a reconhecer e a defender a dignidade de cada indivíduo como uma pessoa única no mundo e, ao mesmo tempo, também a combater toda tentativa de demonizar ou de apontar os refugiados como ameaças sinistras e sem rosto. Hoje – acrescentou Tobin, antes de entrar nos escritórios de imigração – estamos aqui para trazer o nosso testemunho e para apelar à consciência do nosso país para que se poupe este homem e tantos outros como ele, que têm a única culpa de buscar uma vida melhor para sua família”.
Depois de cerca de meia hora de audiência, foi concedida a Guerrero a possibilidade de permanecer pelo menos provisoriamente nos Estados Unidos. O escritório de imigração o convocou novamente para o dia 11 de maio, com a indicação de que ele poderá permanecer no país enquanto demonstrar que tem um trabalho. Uma primeira vitória que aqueles que apoiaram a sua batalha esperam que também poderá abrir um precedente para tantos outros casos semelhantes.
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Cardeal americano acompanha migrante mexicano para frear a expulsão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU